Conclusão
Seguimos com a recomendação de MANTER para as ações da PETR4. Em nossa leitura, o verdadeiro valor a ser destravado pela Petrobras não está apenas no impacto financeiro imediato dos cortes de custos ou da venda de ativos maduros rumorados na mídia, mas sim na redução da percepção de risco e na disciplina de capital que essas medidas sinalizam. A combinação de foco em E&P (quem possui o maior retorno dentre todos os segmentos de negócios da empresa), maior eficiência operacional e adiamento de investimentos relevantes em renováveis para além de 2035 pode levar a uma reprecificação do case. Caso as noticias se materializem em fatos, acreditamos que a PETR4 tende a reduzir parte do desconto frente a seus pares internacionais, com potencial de valorização relevante no médio prazo. Aguardamos ansiosamente o anúncio do seu Planejamento Estratégico 26-30E (que deve ser anunciado em Novembro/25) para entendermos o quanto do discurso recente da empresa vai acabar por ser materializado em sua estratégia ou não – pesa negativamente a proximidade das eleições presidenciais em 2026 e toda a tentação de se usar a estrutura da empresa. Acreditamos que o Planejamento Estratégico deve, em teoria, a ser o grande evento que deve materializar os fluxo de notícias referentes a empresa (ou não). Aos atuais níveis de preço, vemos a empresa negociando a EV/EBITDA 25E 2,8x e um rendimento de dividendo 25E de 10% – um case barato, mas ainda cercado por incertezas e com outros nomes mais interessantes no setor.
Os fatos
Parcimônia. Antes de mais nada, é importante mencionar que parte das informações detalhadas ao longo do documento usam jornais como fonte. Maiores detalhes devem ser fornecidos no Planejamento Estratégico da companhia, que deve acontecer em Novembro/25. Sendo assim, todas as informações aqui descritas devem ser lidas com parcimônia.
Spoilers interessantes. De acordo com reportagem do jornal Valor Econômico, a Petrobras deve apresentar uma redução de custos esperada de até US$8 bilhões em seu próximo Planejamento Estratégico 2026-2030 (PE 26-30). É importante mencionar que esses cortes de custos se materializariam ao longo de quatro anos da operação. Tal corte de custos seria devido a nova estratégia da empresa de enfrentar cenários mais restritivos de preço de petróleo nos próximos anos – enquanto o brent negociou entre US$70-85/barril nos últimos 4 anos, desde o “liberation day” (02/04/2025) e as recentes decisões da OPEP em incrementar sua produção, o brent negociou entre US$60-70/barril ao longo do ano. Ou seja: estamos falando um preço do brent entre US$10-15 menor por barril. De acordo com as notícias, os esforços da empresa em redução de custos será focada nas construções de plataformas após revisões orçamentárias. Pesa contra essa notícia a proximidade de um ano eleitoral e a natural resistência a corte de custos que esse tipo de momento tende a trazer a uma empresa estatal.
Venda de Ativos Não-Estratégicos. Para além desse comentário recente, a atual CEO da empresa, Sra. Magda Chambriard, vem mencionando o interesse de vender ativos maduros da empresa. Entre os ativos mencionados, citamos o Polo Bahia-Terra (Petrorecôncavo chegou a levantar recursos para aquisição do ativo via uma capitalização primária) e uma fatia minoritária de 25% no Campo de Tartaruga, um ativo de águas rasas localizada no estado de Sergipe. Dentre os motivos para venda dos ativos não-estratégicos descritos acima estão I) baixa economicidade dos ativos com petróleo nos atuais patamares de preços ou II) fatia minoritária de ativos não trás uma sinergia operacional clara com os demais ativos da empresa. Pesam contra essa medida o atual nível de preços do petróleo vs a época de desinvestimentos da empresa e a renovada influência dos sindicatos dentro da empresa.
Renováveis? Só depois de 2035… Outro ponto interessante referente a declarações recentes da CEO da empresa, diz respeito ao foco de investimentos em fontes renováveis de energia (solar, eólica e hidrogênio verde) apenas a partir de 2035. Tal declaração praticamente elimina qualquer risco do que julgamos uma decisão precipitada da empresa em focar em outros segmentos de negócio que não o seu core-business: Exploração & Produção. Para chegarmos a essa conclusão, queremos destacar aqui o slide 22 da sua apresentação referente ao PE 25-29. Tal slide mostra que os projetos do segmento de E&P possuem taxas internas de retorno real de pelo menos 22% em dólar vs >10% nos demais projetos de gás ou baixo carbono.

Qual o impacto? Pode ir além do que e vê…
Simulando o corte de Custos. Consideramos um corte de custos linear total de US$8 bilhões ao longo de 2026-2030 vs nossas estimativas atuais. De acordo com esse exercício, vemos uma geração de valor de +R$1/ação e um rendimento de fluxo de caixa livre de 21-22% em termos de rendimento de fluxo de caixa ao longo desse período (19-20% sem considerar essa eficiência). Os dividendos devem ser incrementandos em c. 100bps vs nossas estimativas atuais. Sendo assim, essa redução de custos em meio a um cenário baixista de preços de petróleo é mais do que bem vinda.
Venda de ativos. Caso a empresa venha a concluir a venda de ambos os ativos rumorados, os volumes levantados seriam risíveis vs valor de mercado da empresa. Entretanto, o verdadeiro valor a ser destravado nessa movimentação está muito mais relacionada ao FOCO, esforços corporativos e eficiência de alocação de capital da empresa (dividendos ou novas fronteiras exploratórias, como a Margem Equatorial). Além disso, é importante mencionar que a massa de profissionais extremamente qualificados que passariam a ser alocados em projetos mais interessantes vs estes que podem ser vendidos pela empresa – e no caso específico da Petrobras, acreditamos que profissionais qualificados são recursos até mais escassos e importantes em relação aos valores potencialmente levantados na venda de tais ativos. Antes da suspensão de venda de ativos
Menor Risco = Reprecificação do case! Em nossa leitura, o verdadeiro valor a ser destravado para o acionista da Petrobras não diz respeito ao valor material derivado da redução de custos em termos de preço/ação ou da venda de ativos. Como podemos observar no relatório temático escrito a alguns meses atrás, Petrobras negocia com desconto material vs seus pares privados mesmo oferecendo rentabilidade, rendimento de fluxo de caixa, dividendos e melhor perfil de reservas provadas que seus pares privados e estatais. Para maiores detalhes, clique aqui e leia o nosso relatório sobre esse tema: (Petrobras (PETR4) | Petrobras vs Pares Internacionais – Um Novo Acompanhamento para Ficarmos de Olho!). Em nossa leitura, tal desconto está relacionado a I) sua natureza estatal, II) maior prêmio de risco nos ativos brasileiros, III) risco de governança corporativa e má alocação de capital. Sendo assim, acreditamos que o próximo Planejamento Estratégico 26-30E pode ajudar a re-precificar o case da PETR4 caso ele materialize essas questões relacionadas a maior eficiência operacional e foco no segmento de E&P. Sendo assim, acreditamos que a PETR4 deveria negociar “no meio do caminho” entre os pares privados e estatais. Em nossa leitura, no melhor dos cenários, uma reprecificação de ~25/30% deveria colocar PETR4 no patamar de avaliação que julgamos justa em relação aos seus pares internacionais. Anexamos abaixo o video que fizemos sobre esse tema a cinco meses atrás explicando o nosso racional sobre essa questão.