A Cury entregou resultados fortes no último trimestre de 2024, mas sem surpresas. Praticamente todos os números vieram dentro das expectativas. Dentre os pontos positivos neste trimestre podemos citar: (i) leve crescimento da margem bruta, que dá uma segurança adicional caso vejamos pressão de custos mais a frente, (ii) ROE anualizado de 60,5%, de longe o mais alto do setor e (iii) lançamento de R$ 2,8b em 2025, com demanda ainda muito forte, o que deve assegurar um crescimento elevado da companhia no ano e reforça a estratégia de concentração de lançamentos no início do ano.
A receita líquida no trimestre veio em R$ 1,035b, praticamente em linha com o esperado e em uma leve queda t/t, como consequência de sazonalidade e da dinâmica de lançamentos concentrada no início do ano. Já a margem bruta apresentou um leve crescimento, ficando acima da expectativa. Dado o crescimento de margem também acima do esperado nos resultados de Direcional ontem, entendemos que esta surpresa no crescimento de margem parece estrutural do setor. No entanto vale destacar que nem todas as companhias do MCMV tiveram essa mesma surpresa (como é o caso da MRV), de forma que os números de Tenda deverão ajudar a responder se a questão de divergência no crescimento de margem é um caso micro (como acreditamos, dadas as revisões orçamentárias de MRV) ou macro. No mais, as despesas seguem controladas, com redução t/t das despesas administrativas devido aos pagamentos de bônus mais concentrados no 3T. Com isso, o lucro veio praticamente idêntico às nossas expectativas e do consenso, em R$ 166m.
Outro ponto relevante é a robusta posição de caixa líquido da Cury, que encerrou o ano em R$ 430m, equivalente a 33% do PL e cerca de 7% do valor de mercado atual, assegurando flexibilidade operacional para enfrentar períodos futuros. A geração de caixa de R$ 150m, apesar de ser um destaque muito positivo, já foi divulgado na prévia operacional no início do ano e, por isso, não deverá fazer preço no papel.
