A Cyrela divulgou resultados mistos no 2T25, com crescimento expressivo de lançamentos e vendas, margens resilientes e manutenção do ROE em patamar elevado. Por outro lado, o consumo de caixa e o aumento da alavancagem chamaram atenção, ainda que ambos não sejam necessariamente preocupantes, considerando que a companhia continua sendo uma das menos alavancadas do setor. O trimestre foi marcado por um elevado volume de lançamentos, somando R$ 4,13 bilhões (+182% a/a; -15% t/t) distribuídos em 17 empreendimentos, com destaque para a região de São Paulo, que respondeu por 75% do total, além de pouco mais de 80% do volume lançado direcionado para os segmentos de MCMV e alto padrão, que tendem a ser mais estáveis em períodos de juros elevados. No acumulado do ano, o VGV lançado alcança R$ 8,99 bilhões, alta de 184% frente a 2024. As vendas líquidas contratadas atingiram R$ 3,26 bilhões (+37% a/a; +8% t/t). A VSO de 12 meses se manteve relativamente estável em 52,3%, mesmo com maior volume ofertado, sinalizando liquidez saudável e boa aderência comercial, mesmo considerando o patamar de juros atual.
A receita líquida somou R$ 2,11 bilhões (+13% a/a; +8% t/t), impulsionada pelo avanço das obras e maior número de entregas. A margem bruta reportada foi de 32,7% (-0,1 p.p. a/a; +0,3 p.p. t/t), enquanto a margem bruta ajustada ficou em 34,9% (+0,2 p.p. a/a). As despesas comerciais subiram para R$ 226 milhões (+53% a/a), reflexo do maior volume de lançamentos e investimentos em marketing, enquanto as despesas gerais e administrativas totalizaram R$ 127 milhões (+15% a/a), estáveis na comparação com o 1T25. O resultado financeiro líquido foi positivo em R$ 66 milhões (vs. R$ 45 milhões no 2T24), beneficiado principalmente pela contribuição de R$ 72 milhões da CashMe. O lucro líquido fechou em R$ 388 milhões (-6% a/a; +18% t/t), com o ROE anualizado atingindo de 15,9%, enquanto o earnings yield atingiu 15,7%, patamares que podem ser considerados adequados para o setor, ainda que não se destaquem como níveis particularmente surpreendentes.
O trimestre registrou consumo de caixa de R$ 392 milhões, revertendo a geração de R$ 71 milhões do 1T25 e ampliando o consumo frente aos R$ 61 milhões do 2T24, principalmente devido ao maior volume de compra de terrenos no período. A dívida bruta alcançou R$ 6,89 bilhões (+14% t/t; +31% a/a), enquanto a dívida líquida ajustada atingiu R$ 1,31 bilhão, equivalente a 12,7% do patrimônio líquido ajustado (ante 9,3% no 1T25), o que, conforme mencionado, apesar do avanço na comparação com o último trimestre, ainda é relativamente confortável, considerando que a companhia segue com um dos menores graus de alavancagem do setor.