Seguindo o bom resultado operacional anunciado na sua prévia, a Direcional continua a se apresentar como um player muito resiliente durante um período de dificuldade para as construtoras. Consideramos os resultados deste trimestre como muito positivos, vindo em linha com a nossa expectativa e com a expectativa do mercado. O destaque vai para o lucro bruto no trimestre, que continua em um patamar muito elevado de 36% apesar de uma inflação mais persistente do que a esperada, muito graças à capacidade de repasse de preços pela escolha do mix de produtos Direcional+Riva.
A receita líquida da Direcional veio em R$ 468m (+13,1% a/a, -3,9% t/t), sendo puxada por um nível de lançamentos consolidado menor no trimestre (R$ 557m vs R$ 634m no 4T21). A velocidade de vendas continua em um patamar bem saudável de 16%, mesmo com um aumento do preço médio das unidades vendidas de 4,5%. O aumento está principalmente relacionado ao crescimento da participação da Riva, que passou a representar 43,3% (+2,1p.p. t/t) dos lançamentos do grupo Direcional nos últimos 12 meses. Por se enquadrar em uma faixa de renda mais alta, a elasticidade do público da Riva tende a ser menor, permitindo o repasse da inflação. A estratégia de alterar o mix permite que a margem REF (Resultado de exercícios futuros) siga alta em 38,9%, oferecendo um boa gordura para queda se comparado a outros concorrentes no segmento de baixa renda.
O nível de despesas administrativas seguiu estável com aumento de 2%, abaixo da inflação no trimestre. Enquanto as despesas comerciais continuam a representar uma fatia menor percentual das vendas líquidas (parâmetro mais adequado para se medir a representatividade das despesas em vista do rápido crescimento de lançamentos da Direcional no último ano). Já o resultado financeiro foi impactado, naturalmente, pelo aumento da Selic, ficando em R$ 26m negativos (+7% t/t).
O lucro líquido ajustado do período ficou em R$ 36m, uma queda de 30% t/t, mas um crescimento de 31,5% a/a. A queda é principalmente relacionada a uma receita menor (que por sua vez se relaciona com menos lançamentos no trimestre), leve queda na margem bruta e maior impacto das despesas financeiras.
Apesar de um ambiente macroeconômico ainda muito desafiador, entendemos que as ações de algumas construtoras estão muito descontadas para a sua realidade operacional, a exemplo da Direcional. O resultado forte deste trimestre nos leva a reiterar nossa recomendação de Compra, com uma mudança no preço alvo de R$19 para R$16, levando em conta um custo de capital mais elevado provocado pelo cenário macroeconômico.