A Direcional conseguiu apresentar o melhor top-line da história da companhia, com receita líquida de R$ 586m, influenciada pelo crescimento acelerado de vendas nos últimos trimestres (acumulando R$ 2,8b vendidos nos últimos 12 meses) e pelo aumento expressivo da velocidade de vendas (VSO) no 2T22, que saltou para 20,4% (+4,6p.p. t/t). Mesmo com esse crescimento forte e pressão inflacionária (INCC acima dos 11% desde fev/2021), a Direcional segue reportando margem brutas elevadas, na casa de ~35%, bem acima da média do mercado em que atua, sendo trabalho da boa eficiência e do mix de produtos (com expansão da marca Riva)
Como ninguém é de ferro, depois de tantos meses de inflação alta, esperamos que a margem bruta da Direcional continue caindo lentamente no 3o e 4o trimestre, chegando a um mínimo de ~34%, um patamar ainda muito bom. Depois, esperamos que as mudanças nas regras de financiamento imobiliário de PCVA permitam um aumento da margem, voltando ao patamar de 35-36%.
Uma das grandes vantagens que a Direcional tem passado é a diluição das despesas de G&A, isto é, conforma a companhia tem aumentado de tamanho em nível de lançamentos e vendas (e por consequência, a receita), o G&A tem crescido próximo à inflação, o que implica em ganhos na margem líquida. Assim, o G&A caiu de 7,3% da receita bruta no 2T21 para 5,9% da receita bruta neste trimestre.
Apesar de ganhos de margens nas despesas, boa parte desse aumento acaba sendo consumido pelo aumento da despesa financeira, impactada pelo aumento da Selic. Além disso, a Direcional possui um contrato de swap das suas ações (TRS), que teve um impacto negativo no resultado financeiro devido à performance negativa do preço das ações no trimestre, resultado do cenário negativo para a bolsa e construtoras entre abr/jun. Sem considerarmos os efeitos extraordinários (TRS e venda de carteira de recebíveis), o lucro bateu R$ 55m, em linha com a nossa expectativa, implicando em um ROE anualizado de ~16% (esperamos que o ROE atinja ~23% em 2023). A geração de caixa foi de R$ 20m, ou seja, ficou basicamente no zero a zero neste trimestre se desconsiderarmos a venda da carteira de recebíveis.
Seguimos muito confiantes na Direcional dentro do setor de construção civil. Vemos a companhia como um dos principais players a conseguir repassar preços e manter margens, ao mesmo tempo que consegue acelerar o ritmo de lançamentos sem comprometer a velocidade de vendas ou a geração de caixa. Com base nesses pontos e no valuation descontado de 6,0x P/E 2023E, seguimos com recomendação de Compra para Direcional, com preço-alvo de R$ 19,00.