Mantendo a consistência orçamentária; Margem bruta elevada e resiliente
A Direcional apresentou receita líquida muito em linha com as expectativas, totalizando R$ 557m (+19,1% a/a). Mesmo representando um crescimento baixo, praticamente estável em relação ao trimestre anterior, precisamos lembrar que os primeiros trimestres têm grande impacto das chuvas, que desacelera o andamento das obras e, por consequência, o reconhecimento da receita. Apesar de um 1T com chuvas atipicamente fortes no Sudeste do Brasil, a Direcional não apresentou nenhuma surpresa negativa, o que é ótimo.
Além disso, a margem bruta ajustada veio em 36,3%, estável em relação ao 4T22. Este nível de margem é fruto da estratégia da Direcional em (i) ajustar o mix de lançamentos de forma a conseguir repassar preços, com uma representatividade alta de Riva na vendas (31,4% 1T23LTM) e (ii) trabalhar com nível de VSO entre 15-20%, diminuindo a exposição à inflação¹. Aos poucos, esperamos ver uma leve redução nesta margem (que deve ficar próxima dos 35%), dada menor participação de Riva pesando negativamente para a margem bruta e uma inflação mais benigna pesando positivamente.
¹Para unidades no MCMV, uma vez vendida a unidade, a companhia está “short” inflação.
Despesas administrativas em linha; Despesas comerciais surpreendem
As despesas administrativas somaram R$ 42m (vs. R$ 42m esperado), o que representa um crescimento de 19% a/a, acompanhando o crescimento da companhia no último ano. Nada mais justo. Já as despesas comerciais vieram em R$ 43m (vs. R$ 53m esperado), uma queda de 3% a/a apesar do crescimento de 29% nas vendas. Esta surpresa positiva, no entanto, é apenas um efeito da data de corte do trimestre. Como as vendas se concentraram em março (dada a sazonalidade de janeiro e um fevereiro mais curto), as comissões devem deslizar para o 2T23, artificialmente deflacionando os números do 1T23.
O resultado financeiro veio um pouco abaixo das nossas expectativas (-R$ 19m vs. -R$ 11m esperado), devido a despesas financeiras de R$ 10m relacionadas à venda de recebíveis. Mesmo que estas vendas tenham se tornado recorrentes, preferimos remover o efeito desta para comparabilidade com o nosso lucro líquido, uma vez que não incluímos as vendas nos modelos. Dessa forma, a Direcional apresentou um lucro líquido ajustado de R$ 69m (vs. 58m esperado), sendo boa parte desta surpresa positiva relacionada ao efeito nas despesas comerciais.
Ademais, vimos um crescimento no endividamento líquido de R$ 97m, implicando em uma dívida líquida/patrimônio líquido de 19%. O aumento está principalmente relacionado ao pagamento dos R$ 104m em dividendos no trimestre. Ainda, a geração de caixa foi positiva em R$ 8m, que ajuda a diminuir o endividamento. Vemos este patamar de endividamento como super saudável e, neste nível, podemos esperar que a generosidade no pagamento de dividendos da Direcional continue neste ano.
Entendemos que o resultado neste trimestre, apesar de apresentar lucro acima do consenso não deve ser motivo para um reprecificação espontânea das ações, visto a natureza técnica desta surpresa positiva no lucro. Na nossa visão, o trimestre apenas confirma a resiliência e excelência operacional da Direcional. Por isso, aliado a um P/E 2024 de 7,7x, seguimos com recomendação de Compra.