A receita de Direcional (R$ 534m, -7% t/t e +10% a/a) veio abaixo da nossa expectativa de R$ 589m, sendo impactada negativamente em R$ 10m pela venda da sua participação em projetos, além dos efeitos da copa do mundo e eleições, desacelerando as vendas no período. O fim destes eventos quadrienais levaram a uma recuperação das vendas, sendo que nos últimos 15 dias do ano foram realizadas 30% das vendas do trimestre. O efeito dos eventos também foi visto na VSO, que caiu para 15% (vs. 17% no 4T21 e 19% no 3T22), que deve se recuperar já no próximo trimestre.
Uma surpresa muito positiva veio na margem bruta ajustada da Direcional, que atingiu 36,3% (+1,3p.p. t/t e -0,4p.p. a/a), batendo nossa expectativa em 1p.p. e demonstrando a grande capacidade de controle de custos e precificação dos projetos. No mais, a margem REF (indicador da margem futura da companhia) permaneceu praticamente estável em 39,7% (+0,1p.p. t/t e +1p.p. a/a). Já as despesas administrativas e comerciais permaneceram constantes no comparativo trimestral, atingindo R$ 40m e R$ 53m, respectivamente. Já a venda da participação em projetos impactou positivamente o resultado de outras receitas operacionais em R$ 28m, acelerando a margem EBITDA para 26,1% (+7,8p.p. t/t e +3,8p.p. a/a).
Tudo somado levou a um lucro de R$ 77m, mas ao excluirmos os itens não-recorrentes de venda de participação, swap das ações e venda de carteira de recebíveis, o lucro teria sido de R$ 53m (-14,5% t/t e +3,9% a/a), em linha com nossa expectativa de R$ 51m. Este valor implica em um ROE anualizado de 16% e ROE dos últimos 12 meses de 14%.
Ademais, a geração de caixa neste trimestre foi bem favorecida pelas vendas de projetos já citadas, levando a uma redução de R$ 98m da dívida líquida e consequente queda do endividamento para 12,9% do patrimônio líquido (-6,2p.p. t/t e -0,5p.p. a/a). Parte desta queda já foi distribuída no início de 2023 com o pagamento de R$ 104m em janeiro. Com as vendas das participações, descartamos a possibilidade de diminuir nossas expectativas de dividendos para 2023, o que deve assegurar uma boa distribuição para o ano, ainda que menor que os ~10% do ano passado.