Seguimos com a recomendação de MANTER para ELET3. Em geral, temos uma leitura positiva desse trimestre apesar da provisão de R$6,8 bilhões relacionada ao acordo da empresa com a Eletronuclear (maiores detalhes abaixo). Como grandes destaques, mencionamos: I) boa performance da linha de custos gerenciáveis da empresa (PMSO), com redução a/a II) redução de contingências/passivos gerais (venda da Eletronuclear e redução das contingência relacionadas aos Empréstimos Compulsórios) e III) novo anúncio de distribuição de dividendos (R$4,3 bilhões no 3T25), com pagamento no dia 19/12 – e considerando a alavancagem de apenas 1,9x Dívida Líquida/EBITDA 12M, novos anúncios não devem ser descartados nos próximos trimestres.
Após a recente performance, não vemos o papel negociando a pechincha de otrora: (i) Taxa Interna Implícita de Retorno de 9% em termos reais (vs. 7,0% em termos reais nas NTN-Bs 2060); (ii) 6,4x EV/EBITDA 26E e (iii) um bom espaço para dividendos extraordinários. Por enquanto, vamos manter nossa recomendação inalterada.
Detalhamento dos Resultados 3T25
A receita líquida regulatória ajustada atingiu R$ 9,9 bilhões, queda de -4,6% a/a, impactada pela menor geração (-15,3% a/a) após a venda das térmicas do Amazonas e pela ausência de eventos não recorrentes da UHE Tucuruí (a empresa vendeu R$1,3 bilhão no 3T24 devido ao efeito do mecanismo de repactuação do risco hidrológico, quer permite que geradoras transfiram o risco hidrológico para o consumidor). Ainda sobre o segmento de geração, destacamos a performance da empresa no mercado livre (ACL), onde volume vendido aumentou +15,8% a/a, com margem de contribuição saltando de R$ 48/MWh para R$ 86/MWh, refletindo melhor precificação e captura de oportunidades no MCP (energia liquidada +R$ 1,8 bi). Por outro lado, a transmissão cresceu +9,8% a/a, com RAP de R$ 4,75 bilhões, sustentada pela redução de ajustes negativos de Parcela de Ajuste (PA) – ou seja, a Eletrobras passou a ter uma dedução regulatória menor em sua RAP, elevando a receita de transmissão do trimestre.
O EBITDA regulatório ajustado recorrente totalizou R$ 6,4 bilhões (-5,8% a/a; +16% t/t). Refletindo a combinação de menor receita de geração, após a venda das térmicas do Amazonas, com avanços relevantes em eficiência operacional. Os custos gerenciáveis (PMSO) recuaram -10,1% a/a, para R$ 1,5 bilhão, sustentados pela continuidade dos programas de otimização iniciados após a privatização, que incluíram planos de desligamento voluntário (PDVs), revisão de contratos de serviços e digitalização de processos. O EBITDA IFRS do trimestre foi negativo em R$608 milhões devido ao efeito não recorrente de R$ 6,8 bilhões ligado à alienação da Eletronuclear, contabilizado sem efeito caixa, mas que reduziu o resultado operacional IFRS no trimestre. Chegamos a escrever um nota sobre esse evento (para maiores informações, clique aqui – Eletrobras (ELET3) | Venda de Fatia na Eletronuclear! O que achamos do evento?). Em nossa interpretação, o evento foi positivo por remover obrigações financeiras futuras da Eletrobras (integralização de Debênture da Eletronuclear e aportes multibilionários para desenvolvimento de Angra III), gerar créditos fiscais oriundas de prejuízo e, claro, o caixa gerado pela venda da fatia no valor de R$565 milhões.
A dívida líquida encerrou o trimestre em R$ 42,6 bilhões, alta de +9,5% a/a, impactada pela distribuição de dividendos (R$ 4 bilhões). A alavancagem permanece controlada em 1,9x Dívida Líquida/EBITDA LTM, ante 1,6x no 3T24. O custo médio da dívida subiu marginalmente para CDI + 0,64%, com prazo médio de 55,5 meses. Destaque para a emissão de R$ 2 bilhões em debêntures pela Eletronorte, a custo equivalente a CDI – 0,56% a.a. após swap, reforçando a eficiência na gestão de passivos. Importante mencionar que ainda consideramos a dívida da empresa razoavelmente baixa. Sendo assim, a distribuição de dividendos extraordinários não pode ser descartada – para além daqueles que foram anunciados hoje, só para constar.
O lucro líquido IFRS ajustado foi de R$ 2,2 bilhões (-68% a/a), reflexo da base comparativa elevada do 3T24, quando houve R$ 6,13 bilhões em remensurações regulatórias. O lucro ajustado se manteve sólido, sustentado por eficiência operacional, reversões de provisões e menor despesa tributária.
Dividendos, de novo! A companhia divulgou R$4,3 bilhões em dividendos, de acordo com a metodologia de alocação da Eletrobras (R$8,3 bilhões já distribuídos ao longo de todo esse ano). O montante geraria um yield de 3,2% sobre o preço de tela atual. As ações negociarão ex-direitos a partir do dia 14/11 e pagamento deve ocorrer no dia 19/12.
O fluxo de caixa livre recorrente (fluxo de caixa operacional – investimentos – despesa financeira) atingiu R$ 3,7 bilhões (c. 11% de rendimento de fluxo de caixa em termos anualizados), com destaque para o bom controle de capital de giro e reversão de contingências. As contingências dos empréstimos compulsórios encerrou em R$11,7 bilhões (vs R$14,4 bilhões no 3T24).

