Seguimos com a recomendação de COMPRA para ELET3. Seguindo seu processo de turnaround pós privatização, o 4T23 trouxe bons resultados para a empresa, com resultados acima de nossas estimativas e das do consenso. Como principais destaques, citamos o (I) aumento de 2.095 MW em capacidade instalada, refletindo principalmente a consolidação da usina hidrelétrica Teles Pires, (II) implementação de 199 empreendimentos de transmissão, associados a uma RAP de R$972 milhões por ano, (III) redução dos custos PMSO em 27% a/a, associados principalmente aos dois PDVs realizados pela empresa, com inscrição de 4.066 funcionários e, (IV) continuidade do processo de simplificação societária e corporativa.
Outro ponto que diz respeito ao processo de turnaround da empresa é a evolução dos preços de longo prazo de energia elétrica. Como amplamente discutido em nossos documentos anteriores, os atuais níveis de preço estão sendo negociados a níveis muito mais interessantes do que no trimestre passado (c. R$155/MW vs ~R$100/MW no 3T23), o que permitiu a empresa elevar seu grau de contratação do portfólio para 2024 e 2025 em 85% e 70%, respectivamente, a preços muito interessantes (R$195/MWh e R$178/MWh), o que deve servir como um alívio para as questões relacionadas a esse tema, e dar tempo a empresa para aproveitar esse cenário de preços e elevar ainda mais a contratação de seu portfólio para os anos seguintes. Por último, mas não menos importante, citamos o resfriamento relacionado a Ação Direta de Inconstitucionalidade, empreitada pelo Governo Federal no STF em relação ao direito de voto limitados a 10%, que apesar de ainda não encerrado, parece ter deixado de ser o foco do governo no momento.
Aos atuais níveis de preço, vemos a empresa negociando a uma Taxa Interna Implícita de Retorno de 12% em termos reais (vs. 5,5% em termos reais nas NTN-Bs) e a apenas 0,8x Preço/Valor Patrimonial, valor que achamos por demais depreciado se pensarmos em uma empresa privada de Geração/Transmissão de Energia Elétrica (que negocia a até 3x P/VPA, como no caso da Engie). Como já mencionamos, vemos a empresa negociando ao patamar de uma empresa estatal, mesmo sendo uma empresa privada em meio a um processo de transformação que, a cada trimestre, vem demonstrando resultados promissores.
Detalhamento dos Resultados
EBITDA Regulatório acima do consenso. Neste trimestre, o EBITDA ajustado foi de R$5.6 bilhões (vs. R$3.8 bilhões IFRS), acima do consenso do mercado e das nossas estimativas. A receita líquida alcançou R$11.8 bilhões, aumento de 10% com relação ao 4T22. O resultado é função do aumento da receita de geração, decorrente do maior volume de energia vendida, a um preço mais atrativo e das receitas de transmissão.
Citamos também o bom trabalho derivado dos recentes PDVs e melhor gestão de custos da empresa em MSO. Ainda assim, é importante mencionar que os custos de PMSO totais foram de R$2.1 bilhões no 4T23 vs R$4.0 bilhões no 4T22, resultado direto do corte de custos que a empresa vem realizando no último ano. O lucro líquido foi de R$863 milhões devido a um aumento na despesa financeira (-R$2.1 bilhões vs -R$1.6 bilhão em 3T22).
Por último, mas não menos importante, citamos a administração dos Empréstimos Compulsórios, cujo o valor apresentou uma redução do estoque total em impressionantes R$1.8 bilhão em relação ao trimestre passado, fechando o 4T23 em R$17 bilhões (vs R$24.3 bilhões no 4T22, redução de 41%).