Engie (EGIE): Resultado marcado por muitos não-recorrentes!
Seguimos com recomendação de COMPRAR para Engie. Em nossa leitura, as boas notícias do front operacional foram meramente postergadas – apesar da nossa expectativa positiva para as geradoras de energia já para este trimestre terem sido frustradas, não temos motivos para achar que 2022 não vá ser um ano favorável para as mesmas. Consideramos o 4T21 como um trimestre de transição para o resultado das geradoras à medida que a fase mais aguda do déficit hídrico deve ficar para trás. Além disso, esse trimestre foi marcado por uma série de eventos não recorrentes que acabaram por derrubar o lucro da empresa de maneira pontual, o que pode, pontualmente, pesar em suas cotações. Aos atuais níveis de preço, EGIE3 negocia com uma taxa interna de retorno implícita de 9,8% em termos reais – muito atrativo se considerarmos que se trata de um dos melhores nomes de todo setor de energia elétrica no que diz respeito a qualidade dos ativos e do management. Por último, mas não menos importante, aos atuais níveis de preço, esperamos um rendimento de em dividendos de 8,8% para 2022E, um incremento interessante em relação ao que foi pago ao longo de 2021.
Detalhamento dos resultados 4T21
EBITDA veio abaixo do consenso em termos recorrentes. Como principais destaques para o resultado recorrente ter sido abaixo do consenso, apontamos: ) receita com performance fraca, em um trimestre marcado pela queda no volume da energia comercializada (4.345 MWh médio, -3,1% a/a) e ligeira queda no preço da energia vendida (R$186/MWh, -2,6% a/a). A queda no volume foi explicada pelo cenário hidrológico mais restritivo e paradas técnicas da UTE Pampa Sul. Já os preços foram explicados pela entrada de novos contratos à preços mais baixos que os anteriores – algo a se monitorar, tendo em vista o cenário hidrológico mais ameno e a expressiva sobra estrutural de energia no balanço energético do pais (conforme explicamos em nossa nota analisando o Plano Decenal de Energia Elétrica, aqui). Como principal destaque na linha de custos, chamamos a atenção o impacto positivo da referente à repactuação do risco hidrológico na empresa no valor de R$1,2 bilhões e reconhecido na linha de ativos intangíveis. Tal repactuação diz respeito ao ganho meramente contábil (ou seja, não houve impacto no caixa da empresa) referente à extensão das concessões das usinas hidroelétricas da companhia como forma de compensação aos prejuízos passados causados por intervenções governamentais no setor elétrico. Além disso, como outro efeito não-recorrente e sem efeito caixa foi de R$964 milhões referente ao teste de imparidade derivada da decisão da empresa em vender os ativos UTE Pampa Sul e EGSD, cuja a avaliação apontou para valores de mercado abaixo dos seus contáveis. O EBITDA não-recorrente reportado foi de R$2,2 bilhões devido a esse reconhecimento – o que evidentemente não representa a realidade operacional da empresa. E finalmente, citamos o anuncio do pagamento de dividendos da empresa no valor de R$638,7 milhões (R$0,78/ação) o que deve alcançar R$2,49/ação se considerarmos todos os proventos distribuidos ao longo do ano.
Pontos Positivos
- Empresa é um dos cases raros que consequem aliar crescimento e dividendos
- Resultados operacionais devem melhorar com hidrologia mais favorável ao longo de 2022
- Novo marco regulatório do gás natural abrindo avenidas de crescimento interessante para TAG
- TAG como novo front de crescimento para a empresa.
- Distribuição de 100% dos dividendos de 2021
Pontos Negativos
- Queda nos preços de longo prazo da energia podem afetar a lucratividade do negócio
- Alta concorrência nos leilões de transmissão
- Mudança no cenário hidrológico pode ser uma decepção