Engie (EGIE) | Rápidos no Gatilho!
Seguimos com recomendação de MANTER para Engie. Em nossa leitura, a empresa apresentou um resultado sólido no 4T22. O grande destaque do ponto de vista estritamente operacional veio da rapidez da empresa em aumentar a sua contratação em meio a um cenário de quedas no preço da energia. De acordo com o seu balanço energético apresentado, a empresa fechou o ano de 2022 totalmente contratada e o ano de 2023 com uma descontratação de apenas 5% de sua capacidade (vs 10-15% de descontratação histórica para se proteger do déficit hidrológico). Sendo assim, ao menos por hora, a empresa deve atravessar o ano de 2023 com impactos mínimos na queda do preço da energia em seus resultados (para maiores informações, clique aqui e leia nosso relatório sobre o mercado de geração de energia elétrica), o que nos leva a acreditar em outro ano com grande generosidade no que diz respeito a dividendos. Apesar dos pesares, seguimos com recomendação de manter na empresa e aguardamos pontos de entrada mais interessantes.
Como grandes destaques não operacionais do trimestre, citamos: I) anúncio de dividendos e II) extensão da concessão da Usina Hidroelétrica de Estreito. Em relação aos dividendos, citamos a distribuição de dividendos complementares de R$1,4 bilhões (R$1,78/ação), implicando em um rendimento de 4,5% em relação aos preços de fechamento do dia de hoje. Ao longo de 2022, foram distribuidos R$2,7 bilhões em dividendos (R$3,31/ação), implicado em uma distribuição de 100% do lucro da empresa ao longo de 2022 e um rendimento de 8,4%. Em relação ao segundo ponto, a empresa anunciou que foi deferido pela ANEEL o excludente de responsabilidade relacionado ao atraso no desenvolvimento da UHE de Estreito. Sendo assim, a concessão de tal usina deve ser extendida em 852 dias (quase 2 anos e meio). Sendo assim, estamos apropriando tal acontecimento em nossos modelos e introduzindo o novo preço-alvo de R$42/ação, devido ao impacto positivo de +R$1/ação devido a extensão da concessão de tal usina.
Desempenho Operacional 4T22
Números acima do consenso! A empresa apresentou uma receita operacional de R$ 3.1 bilhões vs. R$ 2.8 milhões no 4T21, incremento de 12,0%. Principal fator para evolução da receita da empresa nesse trimestre foi o aumento da contratação do seu portfólio ao longo do trimestre – em uma antecipação estratégica muito interessante tendo em vista o ambiente baixista de preços de energia no mercado de geração. Novos contratos geraram R$381 milhões em receitas adicionais para a empresa no trimestre, mais do que o suficiente para compensar outras linhas da empresa. O preço médio dos contratos da empresa ficou em R$223/MWh no 4T22 vs R$190/MWh no 4T21, impactado pelo ajuste inflacionário no período e pelos novos contratos que, aparentemente, foram negociados em patamares interessantes tendo em vista o cenário controverso. Sem nenhuma grande surpresa negativa nos custos, o EBITDA do trimestre foi de R$1,7 bilhões, acima do consenso e das nossas estimativas devido aos motivos explanados acima (no 4T21, o EBITDA foi impactado por efeitos não-recorrentes relacionados a repactuação do risco hidrológico, que garantiu a extensão na concessão de algumas usinas). Outro destaque fica por conta da performance da TAG, que incrementou a linha da equivalência patrimonial, que ficou em R$192 milhões (vs. R$128 milhões 4T21), devido ao reajuste nos contratos vigentes. O lucro líquido foi de R$891 milhões no 4T22. Endividamento líquido no 4T22 foi de R$15,6 bilhões, implicando em uma relação dívida líquida/EBITDA 12M de 2,3x, patamares extremamente saudáveis.