Seguimos com recomendação de MANTER. Para esse trimestre, em nossa visão, a empresa apresentou resultados neutros, considerando o cenário de recuperação dos preços de energia, a venda da Termelétrica Pampa-Sul e a alienação de parte de sua participação da TAG. Devido a esses fatores, a companhia apresentou uma redução na venda de energia, passando de 4.343 MWmédios para 3.969 MW médios, que aliado aos menores preços médios de venda de energia, resultaram em um decréscimo em suas linhas de receita e lucro. Ainda sim, considerando a aquisição dos conjuntos fotovoltaicos Juazeiro, São Pedro, Sol do Futuro, Sertão Solar e Lar do Sol finalizada em março, a companhia conseguiu apresentar números não tão distantes do seu histórico.
Para além disso, citamos os pesados investimentos que a Engie tem feito na expansão de seu portfólio, com cronogramas adiantados em relação ao previsto pelo regulador e com capex também abaixo do esperado. Foram realizados investimentos de R$3.5 bilhões nesse trimestre, sendo R$2.4 bilhões referentes a aquisição dos conjuntos fotovoltaicos supracitados e o restante referente a contrução de seus outros projetos. Uma vez que esses projetos apresentem contratos de venda de energia à preços interessantes e por vezes maiores que o atual preço médio de venda da companhia, esse investimentos tendem a agregar valor para a empresa, ainda que no curto prazo pressionem a distribuição dos dividendos.
Somando-se os fatores, temos uma companhia que apresentou números neutros ainda que acima do consenso, com seus ativos de geração performando bem, apesar do menor volume de vendas e a preços ligeiramente menores. Soma-se ainda a empresa negociando, aos níveis atuais, com uma taxa interna de retorno de 8,2% (pouco prêmio vs custo de oportunidade), EV/EBITDA 24E 7,1x e rendimento de dividendos de 6,5% 24E em nossas estimativas, acreditamos que as ações da ENGIE já estejam precificadas pelo que a companhia tem a apresentar, acreditando que existam outras ações do setor de geração que possuem maior potencial de valorização e, por isso, reiteramos nossa recomendação de MANTER para os papeis da ENGIE.
Detalhamento do Resultado
A empresa reportou uma receita operacional de R$2.6 bilhões nesse trimestre, queda de 10,4% vs 1T23. Principal motivo para queda foi a redução no volumes de contratos de venda de energia nos ambientes livres e regulados e a menores preços médios de venda de energia, R$222,3/MWh (-3,1% a/a).
Os custos operacionais da companhia totalizaram R$1.1 bilhão, decréscimo de 11,2% a/a, explicado principalmente por menores custos de geração e venda de energia em função da redução do volume vendido e da alienação da usina de Pampa Sul. Por consequência, o EBITDA da companhia fechou o trimestre em R$1.8 bilhão, 12,1% abaixo do 4T22.
O resultado financeiro do trimestre foi negativo em R$525 milhões (vs -R$720 milhões no 1T23) em função da queda dos custos da dívida devido à menores índices inflacionários no período e do aumento dos rendimentos das aplicações finaneiras da companhia. Com isso, o lucro líquido da companhia foi de R$1.6 bilhão, em função dos itens supracitados, mas também da alienação da participação da TAG que somou R$891 milhões ao resultado.
Por fim, o endividamento da companhia finalizou o trimestre em 2,3x Dívida Líquida/EBITDA 12M, com uma dívida líquida de R$16.3 bilhões. Assim, a companhia mantém seu nível de endividamento confortável e que permite a empresa à adquirir outros ativos, como possivelmente alguns dos ativos da AES Brasil, ou algo no segmento de transmissão, uma vez que a administração olha para esse segmento como o mercado com maior potencial, enquanto a geração ficaria em segundo plano até a melhora na demanda.