Bom resultado e boas perspectivas.
Seguimos com recomendação de MANTER. Por mais um trimestre, a ENGIE demonstra porque ela é usada como exemplo de empresa de geração privada para comparações com as demais empresas. A companhia apresentou números positivos em todas as linhas, acima de nossas expectativas e do consenso de mercado. Aliado a isso, temos uma empresa com baixo índice de endividamento e que conseguiu se proteger do cenário de preços baixos de energia, recontratando seu portfólio de energia 2024 e 2025 à níveis acima de 90%, com preços acima dos R$210/MWh. Como decorrência disso, esperamos que o ano de 2023 não seja diferente dos demais, com pagamento de dividendos consideráveis, sendo a primeira parcela já anunciada, no montante de R$0,94/ação, com yield de 2,2%, considerando o preço de fechamento de 08/08. Apesar de todas as notícias positivas, enxergamos as ações da ENGIE já precificadas pelo que a companhia tem a apresentar, acreditando que existam outras ações do setor de geração que possuem maior potencial de valorização e, por isso, reiteramos nossa recomendação de MANTER para os papeis da ENGIE.
Detalhamento do Resultado
A empresa reportou uma receita operacional de R$2.6 bilhões nesse trimestre, queda de 13% com relação ao 2T22. Principais fatores que levaram a detração da receita foram a queda de R$214 milhões em receitas de construção no setor de transmissão e queda de R$115 milhões no segmento de geração, em função principalmente da queda na quantidade de energia vendida no ambiente livre. O destaque foi para o preço médio de venda de energia que ficou em R$219/MWh, 1,5% superior ao 2T22, aumento graças à atualização monetária dos contratos vigentes e atenuada pela venda de Pampa Sul, que possuía preços médios de venda de energia acima d restante do portfólio.
Por mais um trimestre, a companhia foi destaque no controle de custos, que apresentou redução de 25% com relação ao 1T22, totalizando R$1.1 bilhões. Tal redução é devido a redução de R$245 milhões nos custos do segmento de geração e venda de energia, bem como R$66 milhões nos custos de construção de transmissão e R$55 milhões nos custos com operações de trading de energia, em função de menores volumes de energia livre para comercialização. Na linha de equivalência patrimonial, a TAG também entregou um resultado positivo, com lucro líquido de R$640 milhões (+30% do 1T22), fruto da atualização das tarifas de transporte e do encerramento de contratos com a Transpetro que foram assumidos pela ENGIE.
Por consequência, o EBITDA da companhia fechou o trimestre em R$1.798 bilhões, 5,6% acima do 2T22, com uma margem de 68,9%. O resultado financeiro do trimestre foi negativo em R$492 milhões, redução de 49% em relação ao 2T22 em função da queda dos custos da dívida devido à menores índices inflacionários no período e da liquidação de instrumentos de dívida ao longo do ano de 2022. Com isso, o lucro líquido da companhia foi de R$733 milhões, 85% maior do 1T22.
Por fim, o endividamento da companhia finalizou o trimestre em 2,0x Dívida Líquida/EBITDA 12M, com uma dívida líquida de R$13.8 bilhões. Nível que consideramos saudáveis frente ao cronograma de investimentos que a companhia tem pela frente, abrindo possibilidades para novos investimentos no futuro, a exemplo da linha de transmissão que a empresa conquistou no último leilão.