Seguimos com recomendação de MANTER. Nesse trimestre, em nossa visão, a empresa apresentou resultados neutros, considerando o cenário de recuperação dos preços de energia, a alienação de parte de sua participação da TAG e a entrada em operação de novos parques geradores e transmissores. Apesar do aumento do parque gerador, devido a venda da UTE Pampa Sul e o menor volume de energia comprada para revenda, a companhia apresentou uma redução no volume de venda de energia, passando de 4.343 MWmédios no 1T24 para 4.058 MWmédios que, balanceado pelos maiores preços médios de venda de energia, resultaram em um aumento marginal de receita para a empresa.
Para além disso, citamos os pesados investimentos que a Engie tem feito na expansão de seu portfólio, com cronogramas adiantados em relação ao previsto pelo regulador e com capex também abaixo do esperado. Foram realizados investimentos de R$2.1 bilhões nesse trimestre, referente a contrução de seus projetos. Uma vez que esses projetos apresentem contratos de venda de energia à preços interessantes e por vezes maiores que o atual preço médio de venda da companhia, esse investimentos tendem a agregar valor para a empresa, ainda que no curto prazo pressionem a distribuição dos dividendos. Para esse trimestre, foi aprovado um dividendo intercalar de R$1,44/ação, equivalente à 55% do lucro líquido distribuível do semestre, com dividend yield de 3,12% e data ex de 22 de Agosto.
Ao final do dia, temos uma companhia que apresentou números neutros ainda que acima do consenso, com seus ativos de geração performando bem, apesar do menor volume de vendas e a preços ligeiramente maiores. Enquanto não observarmos a entrada de novos grandes ativos, em função de seu portfólio bem gerenciado e contratado para o longo prazo em níveis de preços interesantes, veremos a companhia navegando em velocidade de cruzeiro, sem grandes surpresas. Soma-se ainda a empresa negociando, aos níveis atuais, com uma taxa interna de retorno de 7,8% (pouco prêmio vs custo de oportunidade), EV/EBITDA 24E 7,2x e rendimento de dividendos de 6,5% 24E em nossas estimativas, acreditamos que as ações da ENGIE já estejam precificadas pelo que a companhia tem a apresentar, acreditando que existam outras ações do setor de geração que possuem maior potencial de valorização e, por isso, reiteramos nossa recomendação de MANTER para os papeis da ENGIE.
Detalhamento do Resultado
A empresa reportou uma receita operacional de R$2.8 bilhões nesse trimestre, aumento de 7,4% vs 2T23. Principal motivo para o aumento diz respeito a uma indenização recebida pela empresa em função do atraso das obras do Conjunto Eólico Santo Agostinho e por um ligeiro aumento do preço de venda de energia..
Os custos operacionais da companhia totalizaram R$1.1 bilhão, aumento de 2,9% a/a, explicado principalmente por maiores custos de geração e venda de energia em função da redução do volume vendido e da alienação da usina de Pampa Sul. Por consequência, o EBITDA da companhia fechou o trimestre em R$1.9 bilhão, 8,9% acima do 2T23.
O resultado financeiro do trimestre foi negativo em R$517 milhões vs -R$492 milhões no 2T23, em linha com o histórico da companhia. Com isso, o lucro líquido da companhia foi de R$881 milhões, em função dos itens supracitados.
Por fim, o endividamento da companhia finalizou o trimestre em 2,4x Dívida Líquida/EBITDA 12M, com uma dívida líquida de R$17,3 bilhões. Assim, a companhia mantém seu nível de endividamento confortável e que permite a empresa à adquirir outros ativos, como algo no segmento de transmissão, uma vez que a administração olha para esse segmento como o mercado com maior potencial, enquanto a geração ficaria em segundo plano até a melhora na demanda.