Seguimos com a recomendação de MANTER para Engie. A companhia divulgou resultados acima do consenso em +4%, no entanto, com pouca expressividade operacional no seu principal segmento: geração. A companhia entregou um incremento de duplo dígito em receita, mas ainda não compensado pela linha de custos – sobretudo quando olhamos para os gastos em geração e venda de energia (-R$1,1 bilhão). O resultado foi parcialmente compensado pelo segmento de transmissão que obteve um robusto incremento nesse trimestre. A companhia segue em uma fase intensiva de investimentos em novos projetos, mas com a alavancagem controlada, com um pequeno incremento no trimestre. O ponto mais alto do trimestre foi, de fato, a distribuição de dividendos (R$719 milhões, 9% de retorno anualizado ou 2% no trimestre).
Dentro do setor elétrico, entendemos que a melhor opção hoje é ELET3, que fornece uma TIR Real de 13%, enquanto EGIE3 pratica uma TIR Real de apenas 9%. A companhia possui uma gestão eficiente que ainda deverá se materializar no futuro com a entrega dos novos projetos. No entanto, com as NTN-Bs 2060 a 7% a/a e atual ciclo de juros altos, o retorno esperado pelos ativos aumenta – fator esse que, nos termos atuais, justificam nossa recomendação de MANTER para os papéis de Engie.
Detalhamento dos Resultados
A receita líquida operacional foi de R$3,1 bilhões (+10% a/a). O trimestre apresentou uma alta de +12% a/a na receita do segmento de transmissão que mais do que compensou a queda em geração, de -7% a/a. A base comparativa em geração foi forte, como iremos destacar abaixo, por conta de eventos climáticos que ocorreram no ano passado. Já em transmissão, a receita (excluindo a construção de Asa Branca) teria sido de R$285 milhões, uma alta expressiva de +18% a/a.
Geração. O segmento apresentou um decréscimo de -7% a/a em receita operacional líquida, em R$2,3 bilhões. Operacionalmente, a Engie reportou uma redução na geração das suas usinas hidrelétricas no 2T25, com produção de 8.927 GWh (-30% a/a). A queda está relacionada às condições hidrometeorológicas na região sul do país, quando comparadas ao mesmo período do ano anterior – beneficiado pelo El Niño, fator que favoreceu a ocorrência de chuvas. Por outro lado, as usinas complementares compensaram parcialmente a geração em usinas eólicas e solares, +56% a/a e +46% a/a, respectivamente.
Transmissão. A Engie reportou um resultado bruto de de R$740 milhões, 1.5x acima do mesmo trimestre do ano passado. Tais variações aconteceram principalmente por conta da evolução da construção do Sistema de Transmissão Asa Branca (+444 milhões). Sem essa receita de construção, a receita consolidada do segmento seria de R$285 (+18% a/a).
Os custos operacionais foram o principal destaque negativo para a companhia nesse trimestre. A Engie reportou -R$1,7 bilhão (+50% a/a) nessa linha, ou -R$1,2 bilhão (+17% a/a) se desconsiderarmos os custos de construção. Portanto, olhando para além do incremento em custos da construção de Asa Branca (-R$417 milhões), observamos que a companhia enfrentou: (i) elevação nos custos em geração e venda de energia (-R$1,1 bilhão; +13% a/a) e aumento nos custos de operações de trading de energia (-R$66 milhões; +7% a/a).
Dessa forma, o EBITDA Ajustado da companhia foi de R$1,9 bilhão, uma queda de -4% a/a. Portanto, a variação negativa em geração e venda de energia elétrica no portfólio da companhia não compensou (i) +R$69 milhões oriundos do segmento de transmissão, (ii) +R$47 milhões de participação societária e (iii) +R$5 milhões de trading de energia.
Os investimentos da companhia totalizaram R$781 milhões, com principal foco em expansão e modernização de seu parque gerador. Vale destacar os investimentos em novos projetos (R$621 milhões), R$136 milhões no Conjunto Fotovoltaico Assú Sol, entre outros projetos.
O endividamento bruto total da companhia foi de R$27,7 bilhões, um aumento de 4% t/t – com prazo médio de vencimento da dívida de ~7 anos. Essa variação se deve principalmente a (i) emissão de R$809 milhões em empréstimos e financiamentos, (ii) mais R$971 milhões em encargos incorridos a serem pagos e variação monetária e (iii) R$757 milhões em amortizações de empréstimos. Dessa forma, a companhia encerrou o trimestre com uma alavancagem de 2,9x Dívida Líquida/EBITDA ajustado 12M (um aumento de +0,2x t/t).