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    Publicado em 27 de Fevereiro às 23:52:50

    Engie (EGIE3) | Resultado 4T23: TAG fará falta?

    Seguimos com recomendação de MANTER. Para esse trimestre, em nossa visão, a empresa apresentou resultados marginalmente negativos, considerando o cenário de recuperação dos preços de energia e de extremo calor ocorrido no fim do ano passado que impulsionou o consumo de energia pelo país. Alimentado pelas fortes chuvas na região Sul, a geração de energia das usinas hidrelétricas totalizaram 5.929 MW médios (aumento de 20,8% a/a) e, devido à maior incidência de ventos e a entrada operacional do Conjunto Eólico Santo Agostinho, a geração das fontes complementares totalizou 765 MW médios (aumento de 16,3%). Ainda sim, a companhia registrou queda na sua receita operacional líquida, principalmente devido ao menor volume de vendas.

    Para além disso, trazemos a boa performance do seu ativo de gás (TAG) com bons resultados na linha de equivalência patrimonial (R$217 milhões vs R$192 milhões no 4T22) em contraste com a recente venda de parte de sua participação na empresa à valores pouco interessantes (clique aqui para saber mais). Ademais, citamos também a boa evolução de seus projetos em desenvolvimento, com cronogramas adiantados em relação ao previsto pelo regulador e com capex também abaixo do esperado.

    Nesse trimestre, tivemos o anuncio de R$994 milhões em dividendos (cerca de R$1,21/ação, 2,8% de dividend yield). No total de 2023, obtivemos a distribuição de R$1.906 milhões em proventos, yield de 5,6%, o que representa 55% do lucro líquido ajustado. Achamos o valor um pouco decepcionante, mas em linha com a política de dividendos da companhia e condizente frente ao plano de investimentos de R$14 bilhões.

    Somando-se os fatores, temos uma companhia que apresentou números neutros e razoavelmente em linha com o consenso, com seus ativos de geração performando bem, apesar do menor volume de vendas, mas que vendeu um de seu ativos que representava uma diversificação muito interessante para a empresa e que apresentava um patamar de rentabilidade considerável. Soma-se ainda a empresa negociando, aos níveis atuais, com uma taxa interna de retorno de 8,6% (pouco prêmio vs custo de oportunidade), EV/EBITDA 24E 7,1x e rendimento de dividendos de 6,5% 24E em nossas estimativas, acreditamos que as ações da ENGIE já precificadas pelo que a companhia tem a apresentar, acreditando que existam outras ações do setor de geração que possuem maior potencial de valorização e, por isso, reiteramos nossa recomendação de MANTER para os papeis da ENGIE.

    Detalhamento do Resultado

    A empresa reportou uma receita operacional de R$2.7 bilhões nesse trimestre, queda de 12,6% vs 4T22. Principal motivo para queda foi a redução no volumes de contratos de venda de energia nos ambientes livres e regulados, atenuado parcialmente pelo maior preço médio da venda de energia, R$229,3/MWh (+2,8% a/a).

    Os custos operacionais da companhia totalizaram R$1.335 bilhões, decréscimo de 21,2% a/a, explicado principalmente por menores custos de construção do segmento de transmissão e menores custos de geração e venda de energia em função da redução do volume vendido e da alienação da usina de Pampa Sul. Por consequência, o EBITDA da companhia fechou o trimestre em R$1.638 bilhões, 5,6% abaixo do 4T22.

    resultado financeiro do trimestre foi negativo em R$424 milhões (vs -R$428 milhões no 3T22) em função da queda dos custos da dívida devido à menores índices inflacionários no período e da liquidação de instrumentos de dívida ao longo do ano de 2022. Com isso, o lucro líquido da companhia foi de R$947 milhões.

    Por fim, o endividamento da companhia finalizou o trimestre em 2,1x Dívida Líquida/EBITDA 12M, com uma dívida líquida de R$15.3 bilhões. Se considerarmos o impacto da venda recente da TAG podemos esperar uma redução ainda maior no próximo trimestre. Assim, a companhia atinge um nível de endividamento confortável e que permite a empresa à adquirir outros ativos, como possivelmente alguns dos ativos da AES Brasil, ou algo no segmento de transmissão, uma vez que a administração olha para esse segmento como o mercado com maior potencial, enquanto a geração ficaria em segundo plano até a melhora na demanda.

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