O Fleury apresentou um lucro líquido de R$ 96,7m no 3T22, acima das nossas expectativas e do mercado. A companhia continua a demonstrar sua capacidade de crescimento e rentabilidade, mesmo em um momento difícil para o setor de saúde. Um resultado excelente! (como esperado)
A competência em expandir as receitas, com diluição das despesas operacionais, que geraram um EBITDA recorde no trimestre, são alguns dos vetores que nos fazem reiterar o Fleury como Top Pick do setor de saúde. Ressaltamos nossa recomendação de COMPRA com preço-alvo (PA) de R$ 21,50 para os próximos 12 meses.
Receita: volume supera ticket
As Unidades de Atendimento (UAs) foram o destaque da receita bruta no trimestre. A expansão orgânica das unidades de medicina diagnóstica foi responsável por crescimento de +9,3% a/a nos atendimentos e 18,9% a/a nos exames. Quando consideramos os efeitos das aquisições, o crescimento total da companhia em atendimentos e exames passa para 20,4% a/a e 31,7% a/a.
A receita por exame (ticket-médio) sofreu no 3T22 (-10,6% a/a) refletindo as aquisições dos últimos 12 meses com maior concentração em análises clínicas. Esse tipo de exame possui um ticket menor, porém representa maiores margens. Mesmo com esse efeito negativo, o incremento de volume nos exames e atendimentos impulsiona a receita das unidades de atendimento.
As receitas de operações B2B sofreram no trimestre (-13,9% t/t e -19,9% a/a), com efeito negativo das Operações em Hospitais (OH). Enquanto as operações de Laboratório de Referência (Lab-to-Lab) mantiveram certa estabilidade, o volume de exames e a receita por exame das OHs caiu no comparativo anual e trimestral. Isso se dá por efeito da descontinuação do contrato com a Rede D’Or que acabará no final do ano e redução de exames de Covid-19 em hospitais.
Com isso, a receita líquida da companhia somou R$ 1,146b (+3,1% t/t e +11,5% a/a), demonstrando resiliência no pós-pandemia. Por fim, a participação dos exames de Covid-19 na receita bruta foi de 1,5%, menor patamar desde o início da pandemia.
Custos e Despesas: novo mix e diluição
A linha de custos somou R$ 811,6m no trimestre (+0,02% t/t e +12,4% a/a). A pressão no comparativo anual se dá devido à mudança de mix de exames, que agora incorpora os serviços de infusão que possuem custo mais alto. Mesmo assim, a linha de Materiais e Medicamentos decresce no comparativo trimestral, fruto de negociações com fornecedores.
Já para as despesas operacionais, a representatividade na receita cai no comparativo anual e trimestral (9,8% da ROL 3T22 vs 10,4% 2T22 e 11,8% 3T21). As despesas administrativas aceleram menos que a receita líquida, e a venda de equipamentos ajuda em outras receitas operacionais.
A diluição dos custos e despesas do Fleury, configurou ganho de margem no trimestre e gerou um EBITDA recorde para a companhia de R$ 332,4m (+11,5% t/t e +9,3% a/a) com margem EBITDA de 29%.
Resultado financeiro: detrator esperado
Já esperávamos que o resultado financeiro prejudicasse o lucro líquido de Fleury, e foi o que aconteceu. Ainda assim, a elevação da SELIC no período e o aumento da dívida líquida somaram um resultado financeiro de R$ -99,4m (+15,3% t/t e +103,6% a/a).
O endividamento encerrou o semestre em 1,7x Dívida Líquida/EBITDA (vs 1,8x 2T22 e 1,3x 3T21), devido a uma geração de caixa de R$ 119,6m e um crescimento de 1,3% t/t na dívida bruta.
Lucro Líquido: acima das nossas expectativas
A diluição das despesas operacionais e o controle dos custos nos comparativos anual e trimestral foram destaques positivos do trimestre. Além disso, a receita continuando sua trajetória ascendente configurou um lucro líquido de R$ 96,7m no 3T22 (+37,1% t/t e +0,3% a/a). A forte base de comparação anual não faz jus a rentabilidade do Fleury, que agora enfrenta uma conjuntura macroeconômica muito mais adversa. Portanto, avaliamos o resultado como positivo, reforçando nossa tese de criação de um ecossistema completo de saúde, pautado no crescimento orgânico e inorgânico.