O Fleury divulgou seus resultados trimestrais do 2T22, alcançando R$ 70,5m, 3% acima de nossas expectativas e 8,6% acima das expectativas do mercado. Em mais um trimestre de receita líquida recorde, a companhia continua demonstrando sua capacidade de crescimento orgânico e de novos elos.
Nos últimos 12 meses o Fleury chegou à marca de mais de R$ 1b de receita em todos os trimestres, e no 2T22 bateu recorde de receita bruta com R$ 1,19b. Os investimentos em novos elos e a expansão do core business de medicina diagnóstica, estão demonstrando crescimento sustentável em um momento volátil no setor de saúde. Neste trimestre o endividamento da companhia alcançou 1,8x dívida líquida/EBITDA, com a emissão de uma nova Debênture e o pagamento da aquisição do laboratório Marcelo Magalhães.
O crescimento de receita sustentável, sem grande comprometimento de margens, somadas as perspectivas dos novos elos e proposta de valor de criação de um ecossistema de saúde integrado são fatores que exemplificam a escolha de Fleury como Top Pick para o setor de saúde, que está negociando a um valuation muito barato de 5,2x EV/EBITDA 2023E. Reiteramos nossa recomendação de COMPRAR com preço-alvo de R$ 21,50 para os próximos 12 meses.
Receita: mix leva a mais exames
A receita cresce com um aumento no número de exames (+10,7% t/t e +16,9% a/a). Há uma mudança de mix, um maior número de análises clínicas, fruto da integração das aquisições em medicina diagnóstica. Essa mudança leva a tickets menores, (-9,2% t/t) mas o aumento do volume tem se traduzido em aumento de receita. Vale ressaltar os exames B2B, em que as operações hospitalares apresentam decrescimento (-3,2% a/a), mas em Lab-to-Lab há crescimento de 300k exames para 500k a/a. Com a aquisição de Pardini, o segmento B2B da companhia deve apresentar forte crescimento, visto que este é o core business de PARD3.
As receitas de Genômica, novos elos e plataforma de saúde continuam demonstrando crescimento, mesmo ainda com fraca base de comparação. Esta parte da receita é uma via importante para o crescimento futuro da receita de Fleury, que pode começar a tomar mais espaço na receita total. A receita relacionada à Covid-19 continua sua trajetória de decrescimento, alcançando 3,9% da receita bruta no trimestre.
Custos e Despesas: crescimento com a receita
Os custos de serviços prestados de Fleury apresentaram crescimento (+20,4%), puxados pelo crescimento nos custos de pessoal, materiais e exames e depreciação. O aumento nos custos está em linha com o crescimento da receita, ainda considerando as aquisições que estão sendo integradas. Com os investimentos em tecnologia o valor de amortização de sistemas se eleva, o que somado ao efeito das operações de M&A, colocam a depreciação em patamar mais elevado. As despesas operacionais caíram no comparativo anual (-13,9% a/a), mas derivado do efeito das despesas não-recorrentes do ataque cibernético que aumentaram as despesas administrativas no 2T21.
Endividamento: aumento de capital “for the win”?
Com o closing da aquisição do hospital Saha, que deve ocorrer até o final deste ano, devemos ter um aumento do endividamento para próximo de 2x EBITDA, que, ainda que confortável, pode colocar um freio na estratégia de expansão inorgânica pela companhia. O possível aumento de capital (ainda a ser aprovado por acionistas) poderia trazer um alívio de caixa, levando o Fleury a ~1x ND/EBITDA e o posicionando na linha de frente para novas aquisições/expansões.