Os últimos 2 anos têm sido desafiantes para as empresas do setor – a pandemia estressou o sistema de saúde do país em 2020, e em 2021 as consequências ainda causaram estragos nos resultados. Sem contar o 1S20, quando as dinâmicas do Covid-19 ainda não eram completamente compreendidas, o Fleury conseguiu navegar bem por essa tempestade inesperada, alcançando receitas líquidas de mais de R$ 1b nos últimos 3 trimestres.
Agora, as demandas da pandemia têm arrefecido e podemos observar o resultado dos investimentos na proposta de valor de criação de um ecossistema de saúde integrado. Acreditamos que o crescimento apresentado é sustentável e compatível com o novo nível operacional que o Fleury apresenta, ainda sem contar com o ganho potencial da combinação de negócios com o grupo de laboratórios Hermes Pardini. As sinergias preliminares apontam incremento de EBITDA entre R$ 160m e R$190m por ano, ou seja, aumento entre 15% e 18% em relação ao EBITDA 2021. Vale ressaltar que as sinergias devem ser capturadas ao longo de três anos após o closing da transação.
O 2T22 não apresentará os efeitos sazonais que impulsionam os resultados no primeiro trimestre do ano, menos exames são feitos, o que deve prejudicar a margem EBITDA t/t, mas ainda acreditamos que haverá crescimento operacional e de EBITDA a/a. O resultado financeiro deve apresentar patamar mais elevado devido ao pagamento da operação de aquisição do Laboratório Marcelo Magalhães feito no primeiro mês do trimestre, diminuindo a posição de caixa e prejudicando o lucro líquido, o qual estimamos ser de R$ 68m no 2T22 (-38,3% t/t ; +4,5% a/a).
Mesmo com a perspectiva de um trimestre mais morno, reiteramos Fleury como nossa Top Pick para o setor de saúde e recomendação de COMPRA com manutenção de preço-alvo de R$ 21,50. Vale ressaltar que não incorporamos as sinergias da combinação de negócios com PARD3 em nosso modelo, o que significa que ainda há upside que pode ser capturado considerando o médio/longo prazo. Estamos otimistas com a tese de longo prazo do papel e a posição em que o Fleury se encontra no movimento de consolidação do setor de saúde.
Receita e EBITDA: menos exames, mais repasses
Mesmo com o fator negativo de sazonalidade t/t, que não levará a crescimento expressivo no número de exames, esperamos que o repasse da inflação nos preços por exame impulsione a receita líquida a/a (-3,3% t/t ; +13,1% a/a). A receita bruta decorrente de exames de Covid-19 deve continuar a trajetória decrescente, alcançando 4% a 5% no 2T22 vs. 6,2% no 1T22. A queda de receita no 2T22, somada a um aumento nos custos dos serviços prestados devem resultar em variação negativa do EBITDA no trimestre (-10,9% t/t ; +32,5% a/a), com margem de 27,6%.
Resultado financeiro: pagamento aquisição laboratório Marcelo Magalhães
Devido à conclusão da aquisição do laboratório Marcelo Magalhães, uma marca que atua no Estado de Pernambuco há 64 anos, haverá incremento da despesa financeira. Assim, o resultado financeiro será 30,2% mais negativo que o 1T22 e 135,9% mais negativo a/a. Esse efeito impactará negativamente o lucro líquido em ~R$20m.