Acreditamos que o resultado da Gerdau seja positivo e o grande destaque das empresas de Siderurgia e Mineração. Ela deve crescer em receita impulsionada pela expansão tanto do volume vendido quanto dos preços realizados, mas parcialmente compensados pelos maiores custos. Ainda, a expectativa é que haja uma melhora na margem EBITDA e um forte lucro. Porém, tendo em vista o cenário macro mais conturbado, foi necessária a alteração do preço-alvo.
Expectativa de um operacional mais forte
Receita
Em linhas gerais acreditamos que a empresa apresente melhorias de receita em todas suas operações de negócio (ONs), com a ON AN (América do Norte) atingindo R$ 8,6b (+4,5% t/t e +30% a/a) e a ON Brasil chegando aos R$ 9,0b (+12,2% t/t e +0,6% a/a). Outro destaque acreditamos que tenha sido a ON AS (América do Sul) cuja performance foi impulsionada sobretudo pela construção civil nos países latinos, atingindo R$ R$ 1,9b (+8,8% t/t e +45,8% a/a).
Grande parte desse crescimento está atrelado ao aumento do volume vendido (+1,0% t/t na ON AN e +1,6% t/t na ON Brasil), sobretudo por um efeito sazonal mais favorável e com boa demanda interna no Brasil (reflexo dos lançamentos do imobiliários de 2021) e pela construção não-residencial nos EUA. Ainda, foram impulsionadas pela demanda de linha amarela, sobretudo de máquinas agrícolas.
Do lado de preços realizados, no Brasil vimos um movimento de reajuste de preços em abril de cerca de +20%, cujos impactos devem ser sentidos. Ainda, as outras ONs também tiveram repasses, auxiliando com seus resultados.
Vale a pena mencionar que a queda da taxa de importação do vergalhão saindo de 10,8% para 4,0% até o final do ano fez com que a paridade do aço da Gerdau se estabilizasse em níveis ainda saudáveis (em torno de 10% de prêmio), sem grandes mudanças para a companhia.
Tais repasses têm correlação com as referências internacionais, sobretudo turcas e chinesas. Dessa forma, com a elevação dos custos e com uma perspectiva de demanda positiva, as empresas recorrem aos reajustes para se manter em bom patamar na paridade e melhorar seus resultados.
Em face de um aumento de volumes e de preços, estimamos uma receita total de R$ 22,3b (+9,6% t/t e +16,5% a/a).
Custos
Do lado de custos, as ONs tiveram pressões maiores sobretudo do lado dos insumos: apesar das quedas no final do trimestre, elas ainda continuam em patamares elevados. Minério de ferro, sucata, carvão, coque, frete foram os principais destaques.
Os impactos do carvão e coque ainda foram sentidos com as grandes flutuações, sem contar os impactos naturais da inflação se refletindo em maiores gastos com energia e pessoal. A volatilidade de preços da sucata nos EUA também foi um fator determinante dentro do aumento de custos da ON AN.
Dessa forma, projetamos um custo total de R$ -16,3b (+7,6% t/t e +18,9% a/a).
EBITDA e Lucro
Com os comportamentos de receita e custos, a empresa teve um crescimento de EBITDA atingindo R$ 6,1b (+14,6% t/t e +3,2% a/a), com uma expansão de margem EBITDA que alcançou 27,6% (+1,2 pp t/t e -3,6 pp a/a).
No tocante ao lucro líquido, projetamos que ele totalize R$ 3,8b (+28,6% t/t e -3,9% a/a) como reflexo de um lado operacional mais forte, atingindo uma margem líquida de 18,6% (+4,1 pp t/t e -2,0 pp a/a).
Mudança de preço-alvo
Refletindo um cenário macroeconômico mais desafiador, sobretudo com as incertezas na China (impactando tanto o preço do minério de ferro quanto os valores de referência para o aço) e os temores de recessão pelo mundo, o que atingiria tanto a América do Sul quanto a América do Norte (este especialmente após os dados de atividade econômica PMI abaixo do esperado), foram necessárias algumas adaptações à tese da companhia, incorporando um Ke mais elevado (14,5%) e uma perspectiva de demanda e preços menores.
Dessa forma, o novo preço-alvo para GGBR4 é de R$ 35,00/ação (vs R$ 39,00/ação anteriormente), um potencial de upside de +47% e mantendo a recomendação de COMPRAR.