A Gol divulgou seu resultado relativo ao 2T22. No geral a empresa reportou um resultado negativo devido às margens abaixo do esperado. A baixa sazonalidade no trimestre e alta nos custos com combustível puxaram as margens para baixo das nossas expectativas. A receita líquida reportada foi R$ 3,24 bilhões, ficou em linha com as nossas estimativas (+4,2%) e com as estimativas do consenso de mercado (+1%). O EBITDA considerando os custos com desmobilização de aeronaves para renovação de frota, totalizou R$ 196 milhões, sendo 33,7% abaixo de nossas estimativas e 27% menor que o consenso de mercado. A margem EBITDA reportada foi de 6%.
Confirmando as nossas expectativas, a empresa segue aumentando seu Yield, medida que reflete a “tarifa” média por quilômetro voado. No trimestre, a métrica atingiu 43 centavos, a acima dos 41,4 projetados. A boa gestão dos yields nos mostra que a demanda ainda não está sensível a preço, ou seja, as companhias seguem repassando parte dos custos.
Comparando com os resultados anteriores, a receita apresentou alta de 0,7% t/t e 215,3% a/a. Já o EBITDA piorou, caindo 55,3% em relação ao trimestre passado, porém apresentando melhora em relação ao 2T21, trimestre onde foi reportado um EBITDA de -R$ 592 milhões de reais.
Como já esperávamos, o resultado foi puxado para baixo principalmente pela alta no custo dos combustíveis, que, em média, subiram quase 40% em relação ao 1T22. Apesar da volta da demanda corporativa durante todo o período, o segundo trimestre, costuma ser mais fraco em demanda, o que limita o aumento de oferta de voos. A variação cambial de fim de período negativa, isto é, com o dólar se fortalecendo frente ao real, gerou um prejuízo de R$ 2,85 bilhões, revertendo o lucro obtido no ano de 2021. Excluindo o impactado da variação cambial, bem como despesas de desmobilização de aeronaves e efeitos não recorrente encontramos um prejuízo líquido de – R$ 582 milhões.
Revisão no Guidance para 2022
Com essas altas nos custos, a companhia precisou revisar seu guidance publicado no início do ano. Mesmo com os repasses parciais resultando em receitas superiores, nos primeiros trimestres, suas margens foram negativamente impactadas devido à alta nos preços do QAV, o que resultou em uma previsão de margem EBITDA 4% inferior à esperada anteriormente.
Esperamos que o horizonte da Gol comece a clarear apenas no final do ano, visto que o segundo semestre é mais forte em termos de demanda e que, até lá, a companhia irá apreciar custos menores com combustível, devido aos reajustes resultantes da queda no preço do barril de petróleo, que já acumula baixa de 7% desde o início do 3º trimestre.
Seguimos com nossa recomendação de MANTER para Gol.