Em geral, os resultados do Grupo SOMA vieram em linha com o estimado. Os resultados do Grupo SOMA (ex-Hering) foram bem acima do consenso, favorecido pela reativação da base de clientes inativos durante a pandemia, ganhos de market share sobretudo no atacado e aquisição da Maria Filó e NV. Em compensação, a Hering, apesar de ter tido um crescimento recorde de receita bruta, teve um impacto na margem bruta acima do esperado, não só por causa dos custos relativos aos ajustes do processo fabril, mas por conta da alta de custos e redução da participação dos canais digitais e lojas próprias nos canais de venda para a companhia.
Na nossa concepção, ainda vemos o Grupo SOMA como uma grande oportunidade de compra em 2022, pois a companhia continuará se beneficiando da volta de clientes inativos durante a pandemia, bem como do seu posicionamento da marca a categoria de luxo e o modelo de negócios resiliente, escalável e rentável diante do momento de incerteza macroeconômica e de alta de juros e inflação. Baseado nesses fatores ainda continuamos com a nossa recomendação de comprar de R$ 20,00.
Grupo SOMA: Resultados crescentes
As operações do grupo SOMA (ex-Hering) foram acima do consenso, com a receita líquida atingindo R$ 789,9 milhões, um crescimento expressivo de 75,5% (vs. 4T19) derivado (i) da sólida posição da companhia no mercado de luxo, o que a possibilita capturar market share sobretudo no atacado, e (ii) da retomada do fluxo de pessoas em lojas, com o aumento consecutivo da base de clientes ativos, que atingiu neste trimestre a marca de 1,4 milhões de usuários, uma alta de 30,5% vs. 4T20. O destaque ainda continua sendo a FARM, FARM GLOBAL E NV que cresceram respectivamente 55,6%; 669,2% e 141,9% (vs. 4T19).
Ainda em comparação com o 4T19, o lucro bruto seguiu a mesma tendência de crescimento da receita e aumentou 72,9% vs. 4T19, entretanto a margem bruta caiu 2,1 p.p. em razão da maior participação do atacado. O EBITDA ajustado aos efeitos do PLR cresceu +80% vs. 4T19, com a margem EBITDA atingindo o patamar de 17,7%, crescimento de 0,8 p.p. fazendo com que o lucro líquido encerrasse em R$ 74,2 milhões, alta de 91%.
Hering: Receita recorde, margens pressionadas
A receita bruta de R$ 647,6 milhões foi o maior da história e representou um crescimento de duplo-dígito de +28,8% vs. 4T19 e um SSS de 18,7%, frente às melhorias implementadas na parte de abastecimento com produtos acabados e aumento dos postos de costura. Entretanto, se de um lado essas melhorias impulsionaram a receita, de outro geraram uma compressão de margem bruta. Em comparação ao 4T19, a queda foi significativa de 3,2 p.p e acima das estimativas de 42,5%, pois além dos impactos de custos do reajuste na produção fabril, tivemos também uma compressão de margens por alta de custos e menor participação dos canais digitais e lojas próprias.
Para 2022, o cenário que se desenha para Hering é mais positivo. Primeiro a companhia já repassou a alta dos custos para o consumidor e a expectativa é que a normalização da produção fabril ocorra a partir do segundo semestre do ano. A ideia é normalizar primeiro a cadeia produtiva, para depois fortalecer o desejo da marca através de canais digitais e collabs.
Para 2022…
Cabe destacar que não é só porque a companhia está de layout novo que as mudanças já acabaram. Na verdade, elas mal começaram, e as mais significativas ocorrerão em 2022, quando a implementação do plano estratégico se dará de forma mais agressiva, obedecendo os seguintes pilares:
- Focar o sortimento da loja em produtos heroes (maior concentração de receita), excluindo da base produtos que destorem o valor.
- Estabelecer uma política comercial para auxiliar franqueados a renovarem seu sortimento para coleções que tenham alto giro e sejam mais atrativas.
- Melhorar o processo fabril, com redução do desabastecimento e do leadtime de produtos.
- Remodelagem das lojas, investimentos em mídias, collabs e implementação de algoritmos para gerar eficiência operacional.
- Expansão de lojas, com a expectativa de mais de 90 aberturas e conversão de 20 pontos em megalojas.
- Introdução de um planejamento comercial, para garantir a coerência da cadeia digital e física, viabilizando a estratégia omnichanel e sendo assertiva na adequação do estoques, fazendo uso de modelos preditivos de demanda.
Estamos otimistas em relação ao plano estratégico, pois acreditamos que o plano resgatará a força da marca, gerando desejo ao cliente final (foco no sell-out) e melhorando por consequência o aspecto financeiro.