A Guararapes reportou seu resultado do 2º trimestre de 2024 nesta terça-feira (07/ago). Foi um bom resultado! Apesar do clima mais quente ser um desafio considerável para todo o setor de vestuário ao longo do outono, a companhia consolidou uma entrega operacional positiva no trimestre – e provavelmente deve emplacar o conjunto de maior qualidade do setor no período.
Com importantes ganhos reportados na Midway Financeira (EBITDA +4x a/a) e um desempenho positivo na vertical de Mercadorias, o lucro operacional foi novamente um destaque, com um crescimento de +51% do EBITDA.
Apesar de um maior reconhecimento de pagamento de IRPJ/CSLL, a forte performance operacional permitiu uma reversão do prejuízo reportado no ano passado – a Guararapes consolidou um lucro líquido de R$ 57m (vs. prejuízo de -R$ 18m no 2T23).
Vertical de Mercadorias
A Guararapes reportou uma receita líquida de mercadorias de R$ 1,7b (+10,5% a/a), levemente acima de nossas estimativas (+2,7% vs. Est. Genial). O desempenho do trimestre foi impulsionado por crescimentos de 18% no volume de peças vendidas e 14% no número de tickets do trimestre.
Conforme o esperado, a companhia se beneficiou de uma maior agilidade na fábrica, permitindo a agir de forma mais reativa e adaptar produtos para focar na venda de itens demandados no momento e não necessariamente em peças de inverno – garantindo a continuidade dos ganhos em volume.
Frente à uma fraca base comparativa, entendemos que a combinação entre uma maior eficiência na cadeia produtiva e um planejamento de estoque mais ajustado para o inverno impulsionaram a margem bruta de mercadorias – dinâmica em linha com as nossas expectativas.
Ainda assim, a intensidade do ganho surpreendeu positivamente (+62bps vs. Est. Genial). A margem bruta de mercadorias atingiu 51,3% (+132bps a/a), com destaque para expansão de +190bps da margem de vestuário.
Midway Financeira
A vertical de serviços financeiros da Guararapes consolidou uma receita líquida de R$ 569m (+2,8% a/a), impulsionada por ajustes de precificação e por uma maior penetração de produtos com juros. Vale ressaltar que novamente vemos uma expansão da receita apesar da queda anual na carteira de crédito (-8,6% a/a), evidenciando uma gestão mais eficiente da carteira. A carteira de crédito chegou a R$ 5,2b ao final do trimestre.
Com novas safras mais saudáveis e um menor risco do portfólio – resultado do posicionamento mais conservador adotado ao longo dos últimos anos – continuamos a ver melhores tendências na questão de perdas. A PDD líquida das operações de crédito e empréstimo pessoal apresentou novamente uma desaceleração em relação ao ano passado, reduzindo em -16,9% a/a.
Com uma redução das perdas e despesas operacionais relativamente estáveis, a Midway consolidou outro expressivo crescimento do resultado operacional. O EBITDA da vertical foi de R$ 89m – crescendo mais de 4x a/a. A margem totalizou 15,7%, com ganhos de +12 p.p a/a.
Como reflexo da melhoria na qualidade das novas safras, a Midway Financeira reportou uma melhora sequencial e anual nos indicadores de inadimplência, apresentando queda tanto na inadimplência curta (-160bps t/t e -190bps a/a), quanto na visão acima de 90 dias (-110bps t/t e -60bps a/a).
Consolidado
Mais uma vez, ganhos na Financeira guiam forte expansão do EBITDA
O EBITDA totalizou R$ 360m (+50,6% a/a), impulsionando uma expansão de +437bps a/a da margem, que atingiu a marca de 15,5%.
Com importantes ganhos reportados na Midway Financeira e um desempenho positivo na vertical de Mercadorias, a companhia conseguiu entregar uma forte performance operacional, superando nossas expectativas (+13,4% vs. Est. Genial).
Revertendo o prejuízo
Com o fim dos incentivos fiscais relativos ao ICMS somado ao maior lucro tributável da Midway, a companhia arcou com um pagamento de impostos de R$ 28m no 2T24 – em comparação com uma linha de IR/CSLL positiva em R$ 15m no 2T23. Entendemos que isso impediu que o ganho de rentabilidade operacional se traduzisse diretamente em margem líquida.
Ainda assim, frente a mais uma sólida evolução do lucro operacional, a Guararapes conseguiu reverter o prejuízo reportado no ano passado. O lucro líquido foi consolidado em R$ 57m (vs. prejuízo de -R$ 18m no 2T23), com uma margem líquida de 2,5% (+329bps a/a).
Desalavancagem
Com foco na otimização da estrutura de capital, a companhia tem empregado esforços na redução da sua dívida bruta – realizando pagamentos antecipados de certas debêntures, além da amortização das dívidas conforme cronograma de vencimento. Ao longo do 1º semestre de 2024, a companhia liquidou antecipadamente um montante total de R$ 690m. Com uma redução da dívida, observamos uma redução de -1,1x do nível de alavancagem – encerrando o trimestre com uma DL/EBITDA (exc. arrendamento) de 0,7x (vs. 1,8x no 2T23).
Tabela 1: Resultado 4T23 Guararapes (GUAR3) e Estimativas Genial (IFRS 16; R$ milhões).