Encerrado o pregão da quarta-feira (6/mar), a Guararapes reportou seu resultado do 4º trimestre de 2023. Avaliamos o resultado como positivo, com importantes ganhos na vertical de serviços financeiros que permitiram a entrega de um EBITDA e um lucro líquido acima de nossas estimativas e do mercado em geral.
Sazonalidade ou reversão de tendência? Mantemos uma postura cautelosa, monitorando se os ganhos consolidados neste trimestre se manterão daqui em diante. Seguimos com uma recomendação NEUTRA para o papel.
Vertical de Mercadorias em linha com nossas estimativas
A Riachuelo entregou uma receita bruta consolidada foi de R$ 2,7b (+5,4% a/a; +1,8% vs. Est. Genial).
Em linha com nossas expectativas (-1,1% vs. Est. Genial), a receita bruta de mercadorias avançou 4,6% a/a, para R$ 2,1b. A desaceleração sequencial (crescimento de 11,4% a/a no 3T23) foi impulsionada por uma atividade promocional mais normalizada, decorrente de um período com menores remarcações e uma menor oferta de produtos nas lojas por ajustes na fábrica.
Como comentamos em nossa prévia, a Riachuelo, responsável por 95% da receita de mercadorias, trouxe um crescimento mais brando (+4,6% a/a; -1,4% vs. Est. Genial) que as demais marcas, fruto do ajuste de portfólio e net negativo (-1 Riachuelo a/a) de novas lojas.
Já a Carter’s, principal foco de expansão do ano de 2023 (+14 unidades), foi o destaque de crescimento, com uma expansão ano contra ano de 35,8%. Enquanto isso, a Casa Riachuelo nos surpreendeu positivamente em +13,9% vs. Est. Genial, crescendo sua receita em +19,2% a/a.
O lucro bruto de mercadorias atingiu R$ 1,1b, com margem de 50,6% (+93 bps a/a). O destaque dentro da categoria foi a margem bruta de vestuário, que avançou 1,3p.p a/a, para 54,5%, devido de um menor nível de estoques e maior eficiência na estratégia de precificação.
Destaque para a Midway Financeira!
A vertical de serviços financeiros da Guararapes consolidou uma receita bruta de R$ 630m (+4,3% a/a), impulsionada pelo ajuste de precificação e por uma maior penetração de produtos com juros.
A PDD das operações de crédito e empréstimo pessoal apresentou uma desaceleração tanto anual (-10,6% a/a), quanto sequencial (-9,8% t/t). Entendemos que essa queda pode ser atribuída ao posicionamento mais conservador adotado ao longo do ano, levando a novas safras mais saudáveis e reduzindo o risco do portfólio.
Vale ressaltar que a Midway foi uma das primeiras financeiras (de varejo) a ter uma maior cautela na concessão de crédito frente a deterioração do nível de endividamento das famílias. Em nossa visão, isso resultou em safras mais saudáveis e permitiu a redução das despesas com provisionamento – que ainda pressionam o resultado de outras empresas.
Adicionalmente, como resultado dos esforços de controle de gastos que vem sendo implementado, houve uma redução de 13,8% a/a das despesas operacionais da vertical.
Frente à importante redução de despesas no trimestre, a Midway Financeira consolidou um expressivo crescimento do resultado operacional. O EBITDA da vertical foi de R$ 124m – crescendo 7,8x a/a. A margem totalizou 20,9%, com ganhos de +18 p.p a/a.
A carteira de crédito chegou a R$ 5,5b ao final do trimestre, contraindo -7,3% a/a – em linha com o posicionamento mais conservador que a companhia tem adotado na concessão de crédito.
Como reflexo da melhoria na qualidade das novas safras, a Midway Financeira reportou uma melhora sequencial nos indicadores de inadimplência, apresentando queda tanto na inadimplência curta (-80bps t/t), quanto na visão acima de 90 dias (-50bps t/t).
Consolidado
Vertical de mercadorias impulsiona margem bruta
A companhia reportou um lucro bruto consolidado de R$ 1,6b (+6,3% a/a; +1,9% vs. Est. Genial). A margem veio em linha com nossas estimativas, em 57,4% (+52bps a/a; +6bps vs. Est. Genial) – impulsionada principalmente pelo aumento da rentabilidade da vertical de Mercadorias (+93bps a/a).
Ganhos na Financeira guiam expansão do EBITDA
O EBITDA totalizou R$ 547m (+35,8% a/a), impulsionando uma expansão de +450bps a/a da margem, que atingiu a marca de 20,1%.
Com importantes ganhos reportados na Midway Financeira, a companhia conseguiu entregar uma forte performance operacional, superando tanto nossas expectativas (+30,1% vs. Est. Genial), quanto do consenso (+46,3% vs. Cons.).
Lucro cresce 125% a/a
Frente a uma expressiva evolução do EBITDA, a Guararapes reportou um crescimento de +125% a/a da última linha do resultado – batendo as estimativas do mercado em geral. O lucro líquido foi consolidado em R$ 230m (+124,7% a/a), com uma margem líquida de 8,4% (+447bps a/a).
Geração de caixa e desalavancagem
Em 2023, a geração de caixa operacional totalizou R$ 1,0b (+R$661m vs. 2022), impulsionada por uma melhora do capital de giro e um menor nível de investimentos líquidos.
Vale ressaltar que a companhia vem realizando um trabalho de integração de processos que permitiu uma gestão mais eficiente do capital de giro, reduzindo o ciclo de estoques em 23 dias a/a.
Com a relevante geração de caixa, a Guararapes reportou uma redução anual de -0,7x do nível de alavancagem – encerrando o ano com uma DL/EBITDA (exc. arrendamento) de 1,0x (vs. 1,7x no 4T22). Na visão pós-IFRS (inc. arrendamento), o endividamento foi de 2,0x (vs. 2,7x no 4T22).
O que mais?
Outros pontos relevantes: (i) Midway Mall cresce sua receita em +15,9% devido à cobrança do estacionamento do shopping no início de 2023; (ii) Inauguração de 20 lojas brutas em 2023, sendo 14 Carter’s, 4 Riachuelo e 2 FANLAB; (iii) o cartão Riachuelo representou 33,4% das vendas nas lojas, estável a/a.
Tabela 1: Resultado 4T23 Guararapes (GUAR3) e Estimativas Genial (IFRS 16; R$ milhões).