O resultado do 3T23 de Hapvida demonstrou melhoras operacionais na companhia. O custo médico hospitalar regrediu na comparação trimestral e a sinistralidade caixa alcança 71,9% (-1,1 p.p. a/a, -2 p.p. t/t). Esse impulso levou o EBITDA recorrente, em nossa visão excluindo efeito positivo de incentivos, a R$ 681m (+12,4% t/t, -12,6% a/a). No entanto, o resultado financeiro, que havia auxiliado no 2T23, prejudicou o lucro líquido recorrente final de R$ 200m (-6,1% t/t).
O lucro líquido ajustado, excluindo incentivos de longo prazo e efeitos não recorrentes, foi de R$165 milhões, apresentando uma queda trimestral. Embora a Hapvida esteja no caminho certo, ainda não há uma mudança na recomendação, que continua como “MANTER”, com um preço-alvo de R$5,00 para os próximos 12 meses.
Receita líquida: ticket impulsiona
No terceiro trimestre de 2023, a Hapvida registrou uma receita líquida consolidada de R$6,9b, apresentando um crescimento de 8,9% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Esse desempenho anual reflete a estratégia da empresa de precificação mais agressiva de seus produtos. O destaque vai para o crescimento da linha de negócios de planos de saúde, que contribuiu para o aumento da receita, apesar da redução no número de beneficiários.
Olhando para a vertente de planos de saúde, a receita nesse segmento atingiu R$6,7b no 3T23, representando um crescimento notável de 10,3% em relação ao terceiro trimestre de 2022. Esse crescimento anual é resultado do aumento do ticket médio, que passou para R$251,8 (Vs. R$ 225,1 3T22), evidenciando que a estratégia de reajuste de preços está sendo bem-sucedida. No entanto, a empresa enfrentou uma redução líquida de 89,9k beneficiários de planos de saúde no trimestre, devido a aumento na inadimplência e um ambiente econômico complexo, o que já era esperado dada a estratégia de reprecificação.
Custos e despesas: dinâmica melhorando
A sinistralidade caixa da Hapvida apresentou uma melhora trimestral e anual, atingindo 71,9%, representando uma diluição de 1,1 p.p. em relação ao trimestre anterior e 2,0 p.p. em comparação com o mesmo trimestre de 2022. Essa melhora é atribuída a reajustes de preços, aumento da verticalização e unificação de práticas após a fusão, priorizando a rede própria da empresa. Ainda não é claro qual será o patamar normalizado de sinistralidade após a pandemia, mas as melhoras sequenciais no custo de sinistro demonstram que a companhia está no caminho certo.
As despesas administrativas e de vendas representaram 16,7% da ROL no 3T23, evidenciando uma diluição de 1,4 p.p. em comparação com o mesmo período de 2022. Esse foi um ponto central elencado nos últimos resultados, e começa a ficar evidente o foco da companhia em controle de despesas, com o índice de despesas administrativas alcançando 8,9% no trimestre (vs. 10,5% 3T22 e 9,1% 2T23). Nas despesas de vendas, houve incrementos notáveis em Comissões devido à amortização de despesas de comercialização diferida e em Publicidade & Propaganda devido a campanhas de marketing focadas no segundo semestre.
Resultado financeiro e dívida: piora trimestral
No terceiro trimestre de 2023, a Hapvida teve uma despesa financeira líquida de R$371,4m, um aumento de 50,4% em relação ao trimestre anterior. Isso se deveu a uma redução na receita financeira, que caiu R$66,4m, e a um aumento nas despesas financeiras, principalmente devido a juros sobre debentures e empréstimos.
A dívida líquida da empresa no terceiro trimestre foi de R$4,95b, com uma redução em relação ao trimestre anterior, devido a recebimentos da venda da São Francisco Resgate e ao ressarcimento da Promed. O prazo médio da dívida aumentou ligeiramente, e o custo equivalente da dívida foi ajustado devido a alterações nos contratos de swaps financeiros.
lucro líquido ajustado: ajustes até demais
Como mencionamos anteriormente em relatórios anteriores, devido às significativas amortizações a serem contabilizadas, optamos por avaliar a empresa com base no lucro líquido ajustado, que atingiu R$ 165m (-22,5% t/t). O lucro líquido ajustado exclui as amortizações de ativos intangíveis de aquisições e o impacto dos incentivos de longo prazo para executivos, que não são considerados em nossa análise. Nesse trimestre, excluímos os efeitos não recorrentes da venda da São Francisco Resgate, que foram considerados ao longo do resultado financeiro. Para tanto, definimos uma métrica de lucro líquido recorrente de R$ 200,7m (-5,7% t/t), que seria um comparável melhor com nosso lucro líquido ajustado do trimestre passado.
Ainda não estamos confiantes para uma mudança de recomendação, mas considerando a melhoria operacional evidenciada nos relatórios de resultados recentes, estamos otimistas em relação à trajetória da Hapvida, acreditando que a empresa está no caminho certo. Assim, reiteramos nossa recomendação de MANTER com preço-alvo de R$ 5,00 para os próximos 12 meses.