HAPVIDA

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    Publicado em 01 de Março às 07:59:02

    Hapvida (HAPV3) | Resultado 4T22: O futuro ainda é turvo

    O resultado de Hapvida do 4T22 não foi muito animador. Novamente houve crescimento de receita, impulsionado por um bom crescimento no número de beneficiários no trimestre e uma aceleração do ticket médio. Mesmo assim, mais uma vez houve piora no índice de sinistralidade no período, e o índice de despesas administrativas continua sendo ajudado pelo ajuste da aquisição da Promed, como no trimestre passado. O lucro líquido ajustado alcança R$ 91,5m, com ajuste de amortização de marcas e patentes de R$ 408,2m. Reiteramos nossa recomendação de MANTER com um corte no preço-alvo para R$ 5,00 (vs. R$ 8,50).

    Receita: bom desempenho em beneficiários e ticket

    Como já comentamos em outros relatórios, esperávamos que a companhia combinada entregasse um crescimento orgânico trimestral de cerca de 1% em sua base de beneficiários de assistência médica. Essa marca foi atingida novamente nesse trimestre, em que a companhia alcança 9,1m de beneficiários (+1,1% t/t) em sua vertente de saúde. Isso demonstra a força comercial que a Hapvida detém, continuando a coletar sinergias em seu plano nacional e outras frentes.

    No 4T22 ressaltamos mais uma vez a aceleração do ticket-médio consolidado em saúde, que alcança R$ 231,60 (+2,88% t/t). A companhia ainda é levemente prejudicada pelo reajuste negativo dos planos individuais/familiares de 2021, mas demonstra boa capacidade de repassar preços para os planos coletivos. A combinação de crescimento de beneficiários e aumento no ticket-médio culminam em uma receita líquida de R$ 6,5b (+2,8% t/t e +10,9% a/a).

    Custos: volumes preocupam sinistralidade

    A sinistralidade continua sendo um ponto de atenção para a tese de curto prazo. Apesar da sazonalidade do quarto trimestre e do efeito Copa do Mundo, que levou a menos dias úteis no final de 2022, vemos estabilidade na sinistralidade-caixa (72,9% 4T22 vs. 73% 3T22). Esse efeito se deu por um aumento no volume de exames, consultas e internações de emergência e eletivas.

    Nesse sentido, reiteramos nossa preocupação com a mudança de hábitos relacionados ao cuidado com saúde da população brasileira, que pode significar um patamar de sinistralidade em equilíbrio mais alto que o anteriormente observado para as operadoras de saúde. Ainda assim, com a capacidade de crescimento de receita demonstrada pela Hapvida, caso o nível de utilização dos planos se normalize, podemos esperar melhora nesse indicador.

    Despesas: pequena diluição

    Outro ponto de atenção que ressaltamos é o índice de despesas administrativas, que foi ajudado pelo efeito do ajuste da aquisição da Promed, como no resultado do 3T22. O índice de despesas administrativas alcança 8,3% no 4T22, mas excluindo o efeito de R$ 87,2m citado acima, encontraríamos um índice de 9,6%. Excluindo o mesmo efeito no resultado do trimestre passado, teríamos um índice de despesas administrativas de 10,5% no 3T22, o que comparando os dois índices expurgados, representaria uma queda de apenas 0,9 p.p. mesmo com o crescimento de receita de +2,8% t/t. Conforme as sinergias de despesas continuem a serem coletadas, esperamos uma queda nesse indicador, que ainda não foi evidenciada em resultados passados.

    Endividamento: reforço de caixa e dívida líquida maior

    Vale destacar o aumento no endividamento da companhia, que alcança 2,45x Dívida Líquida/EBITDA Ajustado no 4T22. A dívida líquida da companhia aumenta para R$ 7,0b (vs. R$ 6,4b 3T22) mesmo com um reforço no caixa de novas emissões de dívida.

    Lucro líquido: ajustes importantes

    Por fim, o lucro líquido contábil da companhia foi de R$ -316,7m, no entanto, os ajustes de amortização de marcas e patentes de R$ 408,2m levam a última linha do balanço para território positivo na casa de R$ 91,5m. Conforme expostos acima, acreditamos que o resultado do 4T22 ainda não trouxe a luz no fim do túnel para a operadora de planos de saúde. Vemos com bons olhos a aceleração do ticket-médio e a capacidade de crescimento orgânico de beneficiários, mas ainda estamos apreensivos com os pontos de atenção da sinistralidade e do índice de despesas administrativas. Portanto reiteramos nossa recomendação de MANTER com um corte no preço-alvo para R$ 5,00 dadas revisões nas projeções de médio-prazo para a companhia, e uma deterioração do cenário macroeconômico do Brasil.

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