A Hapvida reportou um resultado operacional positivo no 4T24, reforçando a trajetória de recomposição de margem e eficiência operacional observada ao longo do ano. A sinistralidade consolidada seguiu em tendência de queda, encerrando o trimestre em 67,9%, uma redução de 2,5 p.p. t/t e 1,4 p.p. a/a, enquanto a sinistralidade anual de 2024 ficou em 69,2%, uma melhora expressiva frente aos 71,9% de 2023. O crescimento da base de beneficiários, mesmo em um contexto de reajuste de preços, reforça a resiliência do modelo de negócios e a capacidade da empresa de sustentar um crescimento disciplinado.
O trimestre também foi impactado pelo acordo firmado com a ANS, que teve um efeito positivo total de R$ 866 milhões, sendo R$ 541 milhões refletidos na linha de custos, ajudando a reduzir a sinistralidade, e R$ 325 milhões no resultado financeiro. No entanto, os desafios com judicialização e depósitos judiciais seguem como pontos de atenção relevantes, exigindo maior visibilidade sobre os desdobramentos ao longo de 2025.
Receita e Base de Beneficiários
A receita líquida totalizou R$ 6,3 bilhões no trimestre, um crescimento de 8,7% a/a, sustentado pelo aumento do ticket médio e pela expansão da base de beneficiários. No segmento de planos de saúde, o ticket médio consolidado atingiu R$ 282,8, um avanço de 10,2% a/a, refletindo os reajustes de preço aplicados ao longo do ano e uma estratégia de precificação mais seletiva. A base total de beneficiários encerrou o trimestre com 15,8 milhões de vidas, com adição líquida de 20 mil beneficiários, consolidando uma trajetória mais estável após a implementação dos ajustes tarifários.
Custos e Sinistralidade
A sinistralidade continuou em queda e encerrou o trimestre em 67,9%, um recuo de 2,5 p.p. t/t e 1,4 p.p. a/a, dando continuidade ao processo de recomposição das margens. A sinistralidade anual ficou em 69,2%, uma melhora importante frente aos 71,9% registrados em 2023, demonstrando que as medidas adotadas ao longo do ano, incluindo a reprecificação da carteira e o controle mais rígido dos custos médicos, estão surtindo efeito.
Além das melhorias estruturais, o trimestre contou com um efeito positivo pontual do acordo firmado com a ANS, que impactou positivamente R$ 541 milhões na linha de custos, ajudando a reduzir a sinistralidade no período. Esse impacto reforçou o movimento de recuperação de margens no trimestre, mas não deve se repetir nos próximos períodos.
Geração de Caixa e Alavancagem
Diferente dos trimestres anteriores, a alavancagem da companhia piorou no 4T24, com a Dívida Líquida/EBITDA subindo para 1,06x, refletindo o impacto de recompras de ações e um efeito negativo na linha de resultado financeiro, que foi impactado por despesas mais elevadas no trimestre. Apesar do nível ainda controlado, a deterioração desse indicador será um ponto a ser monitorado nos próximos trimestres, especialmente em um cenário de juros elevados.
Acordo com a ANS e Impacto no Resultado
O acordo firmado com a ANS teve um impacto total de R$ 866 milhões, dos quais R$ 541 milhões foram alocados na linha de custos, contribuindo para a redução da sinistralidade, e R$ 325 milhões impactaram positivamente o resultado financeiro. Essa liquidação de valores relativos ao ressarcimento ao SUS e multas regulatórias ajudou a melhorar a performance no trimestre, reduzindo incertezas regulatórias, mas não altera a dinâmica estrutural do negócio no longo prazo.
Judicialização e Depósitos Judiciais
Apesar dos avanços operacionais, os desafios com judicialização continuam a gerar preocupações. O aumento dos depósitos judiciais ao longo do ano sinaliza um ambiente ainda desafiador para a empresa, e será essencial entender os próximos passos da gestão em relação a essa questão. Outro ponto que merece atenção é a reapresentação das demonstrações financeiras de 2016 a 2023, sem impacto caixa, mas que levanta questionamentos sobre a necessidade dessas correções contábeis.
Integração com a GNDI e Perspectivas para 2025
A finalização do processo de integração com a GNDI marca um momento importante para a Hapvida, que agora pode direcionar ainda mais esforços para capturar ganhos operacionais e eficiência. A empresa reforçou que o foco será continuar aprimorando sua estrutura de custos e consolidar os benefícios da fusão, tornando-se mais competitiva no longo prazo.
Conclusão
O 4T24 reforça a trajetória positiva da Hapvida, com melhora na sinistralidade, crescimento disciplinado da base de beneficiários e forte geração de caixa. No entanto, a piora na alavancagem, o aumento dos depósitos judiciais e a necessidade de mais clareza sobre a judicialização continuam como fatores de atenção. O call de resultados será fundamental para entender melhor os desdobramentos dessas questões para 2025.