Análise de mercado
Em Nov/22 foram adicionados 126k novos beneficiários de assistência médica e 259k novos beneficiários de assistência odontológica, aumentando 0,18% e 0,63%, respectivamente. Em assistência médica, somente os planos empresariais tiveram adições líquidas positivas (+156k), seguindo o padrão do mês anterior. Os planos de saúde individuais perderam 9k de beneficiários, enquanto os planos de saúde por adesão perderam mais de 20k de vidas, quase triplicando o aumento de perdas visto em outubro. Em planos odontológicos, o mês continua forte seguindo a tendência dos meses anteriores. Em planos corporativos houve um aumento em mais de 0,74%, chegando a uma adição líquida de 217k de beneficiários. O que surpreendeu em novembro foi a inversão entre planos individuais e por adesão, enquanto o último seguia uma linha crescente, vimos um decréscimo de 0,2% entre outubro e novembro. Por outro lado, os planos individuais chegaram a adicionar 40k beneficiários, o que representa um aumento de 0,64% em comparação com o mês anterior que teve adições líquidas de 16k vidas.
Para novembro, seguimos destacando o desempenho da Unimed, com 92k adições líquidas (médico + odontológico). No entanto, esse aumento foi causado principalmente pelo crescimento em planos médicos corporativos, com um aumento de 0,77%, salientando um aumento de 2,25% em para planos odontológicos empresariais. Percebemos uma melhora em Hapvida + GNDI em comparação com o mês anterior, porém o nível ainda continua abaixo do esperado. Do lado da Hapvida temos adições líquidas negativas em planos de saúde individuais e por adesão, seguido por um aumento em planos corporativos, que saiu do negativo em outubro adicionando 4k beneficiários. Do lado de GNDI, salientamos uma alta melhora em planos odontológicos corporativos, com um aumento de 25k de vidas em novembro vs. perda de 19k vidas em outubro, o que impulsionou as adições líquidas de Hapvida. Importante ressaltar, no entanto, que nos dois primeiros meses do 4T22 a companhia conquistou somente 40k novas vidas em planos médicos, o que coloca uma ênfase importante no último mês do trimestre para recuperação do crescimento de Hapvida, esta busca adicionar organicamente cerca de 80k vidas por trimestre (~1% t/t) por trimestre.
Destacamos negativamente o Bradesco Saúde este mês, com adições líquidas negativas de -11k. Até o momento do 4T22, a empresa já perdeu 29k de beneficiários, o que contraria o 3T22, no qual o Bradesco adicionou 108k novas vidas em seu portfólio.
Houve uma melhora significativa no mercado de trabalho brasileiro. Enquanto a população ocupada em jun/21 era de 90.67m em out/22 ela passou para 99.66m, com a taxa de desemprego indo de 13,7% a 8,3%, uma queda de 5,4pp. Esse avanço na força de trabalho brasileira também pode ser percebido no setor de saúde, tanto em assistência médica quanto nos planos odontológicos, com um avanço principalmente em planos corporativos, com aumento de 0,32% e 0,74%, respectivamente em comparação com o mês anterior. Enquanto isso, os planos de assistência médica individual e por adesão apresentaram os menores crescimentos, apresentando índices negativos (-0,02% e -0,33%). No total, os planos de assistência médica e odontológica cresceram 2,4% e 6,81% nos últimos doze meses, mas o risco de uma recessão global e a incerteza da política fiscal para 2023 devem ser levados em consideração no curto prazo dada a forte correlação do mercado de trabalho com adições de novos beneficiários. Nossas expectativas para a taxa de desemprego para 2022 são de 7,8%, mas projetamos um aumento em 2023 para 8,8%. No entanto, os níveis de desemprego esperados para 2022 e 2023 seriam o menor nível para o Brasil desde 2014, quando a taxa de desemprego atingiu 6,9%, e o número de beneficiários atingiu seu pico (+50m beneficiários de saúde).
Analisando a distribuição dos diferentes tipos de planos de assistência médica e odontológica em dez/14 vs. nov/22, observamos um aumento nos planos médicos empresariais, uma vez que este é mais resistente às mudanças no cenário macroeconômico. Em odontologia, o desempenho é diferente, os planos por adesão vêm ganhando mais visibilidade, enquanto os corporativos e individuais diminuem sua força no mercado. Acreditamos que, embora algumas empresas ofereçam planos médicos à seus funcionários, é mais difícil que o plano odontológico seja ofertado, que acaba atraindo uma maior procura por outros tipos de planos, como o por adesão. No geral, vemos uma queda total nos planos individuais, uma vez que estes não são tão rentáveis para as operadoras. Somente Hapvida + GNDI, operadoras verticalizadas (que possuem rede própria de hospitais e clínicas), ainda comercializam esse tipo de plano e estão crescendo nesse segmento em ambas as categorias.
Sobre as operadoras, a dominância da Unimed é clara, com o maior número de beneficiários e maior participação de mercado em todos os tipos de planos médicos. Hapvida e GNDI estão consolidadas em segundo número de beneficiários, dado que possuem uma estratégia de M&A que resultou em um maior crescimento de vidas. Destacamos também o tamanho da Odontoprev no segmento odontológico sendo dominante nos últimos 8 anos, mas perdendo market share, uma vez que operadoras como Hapvida, GNDI e SULA estão expandindo seus negócios em assistência odontológica.
Acreditamos que a Unimed continuará a perder market share para operadoras verticalizadas, principalmente em Estados onde a penetração de planos de assistência médica e odontológica é maior e, assim, apresentam um mercado mais competitivo que favorece operadoras premium (SULA, Bradesco) e verticalizadas (Hapvida, GNDI). Embora o crescimento de beneficiários de planos privados tenha sido lento nos últimos 8 anos – principalmente devido a uma profunda recessão em 2015/2016 – esperamos que o desemprego atinja 9% no longo prazo, possibilitando expansão da base de beneficiários e maior penetração de planos privados na população.
Análise de Market Share
Abaixo apresentamos a variação de market share de 14 empresas que representam cerca de 80% do total do mercado (incluindo todas as Unimeds e Uniodontos) na maioria dos segmentos. Vale ressaltar que a análise não captura efeitos de fusões e aquisições pois não consideramos as datas de fechamento dessas operações.
Nos últimos 8 anos, Unimed, Bradesco, Amil e Odontoprev perderam mercado para empresas verticalizadas como GNDI, Hapvida e Prevent Senior. De modo geral, o mercado de saúde se tornou muito mais consolidado nos últimos anos com maior disponibilidade de capital para empresas listadas. Acreditamos que M&As no setor desacelerarão após a fusão Hapvida + GNDI, com efeitos do aumento do custo de capital e do endividamento das empresas.
Destacamos o crescimento de market share da Unimed em novembro nos planos de assistência médica total e empresarial, com alta de 89bps e 153 bps, respectivamente, enquanto a participação de mercado da maioria das outras operadoras de saúde permaneceu praticamente estável ou está em declínio. Do lado negativo, destacamos a perda de Market Share da Amil em planos médicos corporativos empresariais e planos odontológicos por adesão, perdendo 109bps e 237bps respectivamente.