Em Jan/23 foram adicionados 113k novos beneficiários de assistência odontológica, mas o mercado de assistência médica perdeu -128k beneficiários, aumentando 0,37% e diminuindo -0,25%, respectivamente. Em assistência médica, todos as modalidades de planos tiveram adições líquidas negativas, com destaque para as -65k adições líquidas em planos corporativos. Os planos de assistência médica individuais perderam -23k beneficiários em janeiro, enquanto a rede de planos de assistência médica por adesão perdeu -39k vidas. Em odontologia, temos mais um mês forte, e dada a menor penetração na população geral, acreditamos que essa tendência de crescimento do mercado odontológico continuará. Os planos corporativos pautam o crescimento, representando ~80% das adições líquidas em odontologia. Observamos pela primeira vez desde o início do prontuário ANS uma redução no número de beneficiários em assistência médica, essa tendência está relacionada a força do mercado de trabalho, que dá seus primeiros indícios de desaceleração, como comentaremos ao longo do relatório.
Para janeiro, destacamos, negativamente, o desempenho de Hapvida, com -44k adições líquidas em assistência médica e Amil, com -57k adições líquidas em assistência médica. Vamos destacar positivamente o desempenho de Sul América, que em meio a um mercado desafiador teve um desempenho negativo de -7k beneficiários em assistência médica.
Nos últimos 12 meses houve melhora significativa no mercado de trabalho brasileiro, a taxa de desemprego caiu de 13,7% em jun/21 para 7,9% em dez/22. Os efeitos de um mercado de trabalho mais forte foram observados nos últimos meses em assistência médica e odontológica, nos quais os planos corporativos cresceram 2,75% e 6,97%, respectivamente, nos últimos doze meses (UDM). Mesmo assim, como já elencamos em prontuários passados, nossa preocupação com esse vetor de crescimento sempre foi grande. Agora, com os primeiros sinais de desaceleração do mercado de trabalho, como uma queda marginal na população ocupada em dez/22, vemos o efeito disso sobre o mercado de planos de assistência médica corporativos, que teve adições líquidas negativas na casa de -65k, a última vez que uma diminuição dessa magnitude aconteceu foi em jun/20. Ressaltamos, novamente, que o risco de uma recessão global e a incerteza em relação a política fiscal para 2023 devem ser levados em consideração no curto prazo, dada a forte correlação do mercado de trabalho com adições de novos beneficiários no mercado de planos privados de saúde.
Analisando a distribuição dos diferentes tipos de planos de assistência médica e odontológica em dez/14 vs. jan/23, observamos uma expansão dos planos médicos corporativos, pois esse tipo de plano apresenta maior resiliência a diferentes cenários macro do que os outros dois tipos. Em odontologia, a dinâmica é diferente, os planos por adesão estão ganhando espaço enquanto os planos corporativos e individuais estão perdendo. Acreditamos que, embora algumas empresas possam oferecer planos médicos a seus funcionários, nem todas oferecem planos de assistência odontológica também. Isso leva mais beneficiários para outros tipos de planos odontológicos, como os planos por adesão. Por fim, vemos uma queda total dos planos individuais, em geral esses planos não são tão rentáveis para as operadoras, então sua oferta está diminuindo. Apenas Hapvida e GNDI, operadoras verticalizadas (que possuem rede própria de hospitais e clínicas), ainda vendem esse tipo de plano tanto para assistência médica quanto odontológica e estão crescendo sua participação nesse segmento.
Sobre as operadoras, a dominância da Unimed é clara, com o maior número de beneficiários e maior participação de mercado em todos os tipos de planos médicos. Hapv e GNDI estão consolidadas em segundo em número de beneficiários, dado que a estratégia de M&A dos últimos anos resultou em crescimento de beneficiários. Destacamos também o tamanho de Odontoprev no segmento odontológico sendo dominante nos últimos 8 anos, mas perdendo market share, uma vez que operadoras como Hapvida, GNDI e SULA estão expandindo seus negócios em assistência odontológica.
Acreditamos que a Unimed no médio/longo prazo continuará a perder market share para operadoras verticalizadas, principalmente em Estados onde a penetração de planos de assistência médica e odontológica é maior e, assim, apresentam um mercado mais competitivo que favorece operadoras premium (SULA, Bradesco) e verticalizadas (Hapvida, GNDI). Embora o crescimento de beneficiários de planos privados tenha sido lento nos últimos 8 anos – principalmente devido a uma profunda recessão em 2015/2016 – esperamos que o desemprego atinja 9% no longo prazo, possibilitando expansão da base de beneficiários e maior penetração de planos privados na população.
Abaixo apresentamos a variação de market share de 14 empresas que representam cerca de 80% do total do mercado (incluindo todas as Unimeds e Uniodontos) na maioria dos segmentos. Vale ressaltar que a análise não captura efeitos de fusões e aquisições pois não consideramos as datas de fechamento dessas operações.
Nos últimos 8 anos, Unimed, Bradesco, Amil e Odontoprev perderam mercado para empresas verticalizadas como GNDI, Hapvida e Prevent Senior. De modo geral, o mercado de saúde se tornou muito mais consolidado nos últimos anos com maior disponibilidade de capital para empresas listadas. Acreditamos que M&As no setor desacelerarão após a fusão Hapvida + GNDI, com efeitos do aumento do custo de capital e do endividamento das empresas.
Destacamos o crescimento de market share da Unimed em janeiro em todas as modalidades nos planos de assistência médica, enquanto a participação de mercado da maioria das outras operadoras de saúde permaneceu praticamente estável ou está em declínio.