Conclusão. O resultado de Helbor foi fraco no trimestre, com uma queima de caixa ainda forte devido ao cronograma de entrega de obras e com lucro salvo pelo reajuste do valor justo de propriedades. Apesar de uma melhoria na margem bruta, o menor reconhecimento de receita levou a um EBITDA ajustado (removendo efeito da reavaliação) mais fraco. Com o mercado de média/alta renda desaquecendo, esperamos que as companhias ofereçam cada vez mais descontos para manter o ritmo de vendas em patamar saudável e evitar excesso de estoque pronto, levando a quedas significativas nas margens. Aliado a esse efeito, o endividamento da Helbor acima dos seus pares nos deixa pessimistas com o papel, justificando nossa recomendação Neutra apesar do desconto excessivo do seu P/VP.
Detalhamento dos resultados
A receita líquida caiu para R$ 215m (-19% t/t e +38% a/a), devido a uma concentração maior das vendas em projetos em construção, uma vez que os dois projetos lançados no 4T22 foram feitos no final do trimestre (tradicionalmente, o reconhecimento do projeto no lançamento é maior que a evolução em um trimestre por conta do reconhecimento do custo com terrenos). A margem bruta ajustada saltou 3p.p. para 36,3%, parcialmente explicada por menos vendas de estoque pronto/legado, que tem margens mais baixas. Ainda assim, a notícia de uma margem mais elevada dá sinais de que a companhia ainda não tem oferecido descontos significativos como seus concorrentes, justificando parte da VSO fraca (junto com lançamentos no fim do tri). Entendemos que os descontos deve começar a ser oferecidos inevitavelmente nos próximos trimestres.
As despesas administrativas (R$ 18m) apresentaram uma redução de 27% no consolidado, graças a reversão de despesas legais. Removido este efeito, o G&A teria se reduzido em 5%. Já as despesas comerciais (R$ 23m) se mantiveram praticamente estáveis visto que o estoque de imóveis se manteve praticamente estável (R$ 3,2b).
A reavaliação a valor justo de empreendimentos da companhia levou a um aumento de R$ 38m no EBITDA, que se propaga para o lucro em menor valor (não divulgada) devido ao imposto. Este efeito é não-caixa e só poderia vir a se materializar após a de venda dos empreendimentos. O lucro líquido (R$ 18m) também foi impactado por um resultado financeiro (-R$ 16m) mais fraco, devido ao aumento do endividamento e recebimento menor de juros/correção monetária sobre a carteira. Ademais, a falta de entregas de imóveis no trimestre levou a uma queima de caixa expressiva de R$ 169m, elevando o endividamento líquido para 70% do patrimônio total da Helbor.