A Intelbras reportou seus resultados no dia 28/10/24, após o fechamento do mercado. A empresa apresentou um resultado misto, superando o consenso na receita, mas ficando abaixo nas margens. Os segmentos performaram em linha com as expectativas do mercado, com forte crescimento, exceto o segmento de energia, que superou as previsões. As margens foram impactadas pela alta do dólar, e esse impacto foi exacerbado pela política de estoques da empresa devido aos problemas logísticos enfrentados.
Apesar dos desafios do trimestre, mantemos uma visão otimista em relação à empresa e acreditamos que a tese continua intacta. Consideramos que as adversidades enfrentadas não são estruturais e devem ser superadas. Além disso, a empresa continua negociando abaixo de 10x PE 2025, o que está abaixo do seu histórico de 13,5x. Portanto, mantemos a recomendação de Compra, com preço-alvo de R$ 28,00.
Receita cresce 33,2% a/a, com surpresa positiva de solar
A empresa apresentou uma receita líquida de R$ 1,2b (+3,2% vs. Genial Est.), com um forte crescimento de 33,2% a/a e 4,9% t/t. No segmento de segurança, a Intelbras reportou R$ 673m, em linha com nossas expectativas (+0,5% vs. Genial Est.), apresentando um crescimento de 27,3% a/a. No segmento de comunicação, a companhia entregou uma receita de R$ 285m, com um robusto crescimento de 37,7%, impulsionado pela contribuição dos novos produtos introduzidos, resultado das novas parcerias. O segmento de solar foi a principal surpresa do trimestre, apresentando uma receita de R$ 286m (+13,6% t/t; 44,4% a/a), superando nossas estimativas em 10,2%, com destaque para as linhas de nobreaks e solar off-grid. Em solar on-grid, os volumes de projetos foram um destaque, embora os preços estejam nos níveis do 3T23 ou inferiores.
Dólar machuca margem bruta como previsto, mas EBITDA decepciona
Nesse trimestre, a Intelbras alcançou um lucro bruto de R$ 364m (+3,5% vs. Genial Est.), ligeiramente acima da nossa expectativa nominal. No entanto, conforme projetado, a margem bruta foi de 29,3% (+0,1pp vs. Genial Est.), apresentando uma queda de 3,1pp a/a, devido principalmente ao aumento dos custos logísticos decorrentes da depreciação do real frente ao dólar, como previsto. Além disso, o maior volume de estoques recebidos no 3T24, com o objetivo de reduzir possíveis riscos de desabastecimento como visto nos trimestres anteriores, atenuou ainda mais o efeito cambial na margem bruta da empresa.
O EBITDA do 3T24 alcançou R$ 151m (-7,2% vs. Genial Est.), com uma margem EBITDA de 12,1% (-1,4pp vs. Genial Est.). Apesar de termos estimado uma queda anual da margem EBITDA devido a uma margem bruta mais tímida no trimestre, observamos que a linha de despesas superou nossas projeções, impactada principalmente por um aumento nas despesas com vendas, decorrente de um volume de vendas acima do previsto. Nesse contexto, o lucro líquido atingiu R$ 129m (-13,3% vs. Genial Est.), registrando um crescimento de 16,6% a/a, mas com uma margem mais comprimida de 10,4% (-2,0pp vs. Genial Est.), apresentando uma redução de 1,5pp a/a.
Fluxo de caixa operacional pressionado
A Intelbras apresentou um fluxo de caixa operacional de R$1,5m, apresentando uma forte queda de R$120m na comparação a/a. Isso ocorreu devido a uma política da empresa de aumentar os seus níveis de estoque para reduzir o risco de desabastecimento devido aos problemas de logística internacional e a seca do rio Amazonas, como havíamos previsto em nossa prévia.