Nossa estimativa para o último trimestre do ano permanece com prejuízo líquido, porém menor do que nos trimestres passados. Apesar do pequeno fôlego divulgado pela companhia no mês de outubro realizando lucro líquido de R$ 6,4m, as boas expectativas foram rapidamente supridas pelo comunicado do mês de novembro que registraram prejuízo de -R$ 48,5m. Lembrando que em dez/22 deve incluir um ganho de capital não recorrente da venda de 20% de participação do Casa Shopping no Rio de Janeiro na faixa de uns R$ 30m (líquido de imposto). Ou seja, o prejuízo do trimestre poderia ser bem pior se não fosse esse ganho extraordinário. Portanto, temos a expectativa de mais um trimestre com prejuízo total de R$ 43m (-R$ 73m de prejuízo recorrente, excluindo a venda do Casa Shopping) comparado a um prejuízo de -R$ 299m no 3T22 e -R$ 371m no 4T21, fechando o ano de 2022 com um prejuízo acumulado em -R$ 635m.
Acreditamos que os principais fatores para os dados negativos no trimestre são: (i) sinistralidade ainda elevada; (ii) redução dos prêmios emitidos e ganhos; e (iii) manutenção do resultado financeiro, abaixo da rentabilidade do CDI.
Portanto, como ainda não conseguimos enxergar uma previsibilidade da melhora dos resultados de forma consistente e saudável, por enquanto, reiteramos nossa recomendação de VENDER com PA (preço alvo) de R$ 21,00. Nosso valuation é baseado no modelo de Gordon Growth e conta com uma taxa de desconto de 16.45%, ROE de 10% e crescimento de longo prazo de 5.5%. Importante destacar que em jan/23 ocorreu o agrupamento das ações IRBR3 de 30 para 1.
Acreditamos que a empresa deva caminhar gradualmente para uma melhora de rentabilidade, apesar da velocidade dessa evolução ser um ponto frustrante para muitos investidores e analistas. Não só essa velocidade de melhora, mas como o novo nível de rentabilidade da resseguradora após reestruturação são ainda pontos com pouca visibilidade. Dado o alto nível de risco embutido ainda, acreditamos que existam outros investimentos mais interessantes na bolsa nesse momento.
Um 2023 positivo?
Nesse ano de 2023 estimamos que os prêmios emitidos tenham um crescimento elevado de 9% a/a, diante de uma base comparativa bem fraca de 2022, sendo puxado principalmente pelos produtos: rural, vida e patrimonial. Para os sinistros, esperamos uma melhora significativa devido a recuperação do rural, que foi muito impactado em 2022 com duas quebras consecutivas de safra e uma melhora no âmbito do vida devido ao menor impacto da Covid. Sendo assim, esperamos um índice de sinistralidade de 82% para 2023, uma melhora de 22 pp a/a frente aos altos 104% de 2022, resultando em um índice combinado ainda alto de 113%. Também estimamos um resultado financeiro melhor devido a permanência da Selic em patamares elevados.
No entanto, esperamos que o resultado de subscrição ainda permaneça pressionados no primeiro semestre de 2023, ainda espremidos pela sinistralidade alta e agravada pelo baixo crescimento de prêmios. Dessa forma, temos a expectativa de que o IRB apresente um lucro líquido de R$ 193m 2023E, frente ao prejuízo de -R$ 824m em 2022. Sem dúvidas, uma melhora, mas com um ROE de 4,7%, ainda bem aquém de uma boa rentabilidade.
4T22
Sinistralidade: uma melhora ou um suspiro passageiro?
Conforme mencionamos nos trimestres passados, os índices de sinistralidade foram impactos principalmente pelo segmento rural na quebra das safras. No entanto, estimamos uma melhora do índice se estabelecendo em 90%, apresentando queda -26pp t/t e -33pp a/a. Já o índice combinado temos a expectativa de ficar em 124% com redução -35pp t/t e -50pp a/a.
Com isso, o índice combinado demonstraria uma melhora no último trimestre de 2022, o que pode indicar uma virada de resultado operacional para 2023. Enxergamos uma melhora lenta e gradativa da sinistralidade para os próximos trimestres do ano.
Prêmios e resultado financeiro: poderia ser melhor
Para o 4T22 nossas estimativas são de redução forte nos prêmios emitidos nas duas linhas de negócio, no Brasil e exterior. Portanto, esperamos uma queda de -21% t/t e -8% a/a, puxado pela sazonalidade do rural e da menor exposição ao exterior. Por outro lado, para o resultado financeiro, estimamos R$ 171m que permanecerá em linha com o 3T22 (-1% t/t e +1% a/a).
Caixa: Consumo de caixa continua
A companhia deve continuar consumindo caixa operacional o que pode resultar em uma nova necessidade de recomposição do seu capital social. Além disso, vale lembrar que o recente follow-on de R$ 1,2b anunciado em set/22, pode não ser o suficiente para suprir as demandas da companhia se o cenário desafiador perdurar por mais tempo.
Agrupamento de ações:
O IRB divulgou em 22/dez/2022 o agrupamento de suas ações de 30 para 1 o que diminui o número de ações circulantes para apenas 82,2m e elevou proporcionalmente a cotação de suas ações. As ações passaram a ser negociadas com o efeito do agrupamento em 25/jan/2023. Isso foi necessário para a empresa não sair do índice IBOVESPA e perder a liquidez de suas negociações já depreciadas. Esse movimento não altera o valor da companhia.
Benefício fiscal: A espera do lucro
Caso a empresa apresente lucro nos próximos trimestres, poderá abater o crédito tributário acumulado de R$ 2,1b. No entanto, segundo a legislação, a compensação fiscal está limitada a 30% da apuração líquida do período fechado.