Mal tempo deve perdurar mais
O resultado do 3T21 do IRB demonstra ainda uma grande dificuldade da resseguradora em retomar lucratividade. Os efeitos da restruturação de contratos não-rentáveis cancelados desde 2020 continuam a impactar o lucro do IRB (efeito cauda) e devem persistir até 2023, segundo a próprio IRB. A empresa reportou um prejuízo de R$ 286m, pior que os -R$ 207m do 2T21 e -R$ 230m do 3T20. Além do efeito cauda que levou a sinistralidade piorar para 119%, outras tendências negativas do 3T21 são: piora relevante da suficiência de liquidez regulatória para apenas R$ 43m; prêmio emitido caindo 12,4% a/a; a sinistralidade do rural do 3T21 ainda não refletiu por completo o efeito da safra de inverno, que ainda deve impactar o 4T21; mais troca de executivos com saída do CFO e Chief Underwriting Officer potencialmente afetando a continuidade das mudanças.
No longo prazo, ainda há incerteza sobre a rentabilidade recorrente da resseguradora em função da fraude dos balanços, das dívidas contraídas para recompor a liquidez durante processo de reestruturação, do efeito negativo de cauda, da constante troca de executivos (CEO, CFO, Chief Underwriting). Portanto, reiteramos nossa recomendação de VENDER para IRBR3 com preço alvo em R$ 4,3. Na nossa visão, IRB nos parece ainda negociar com um valuation caro de P/VP 2021 de 1,4x para seu atual nível de rentabilidade, mais alto que seus pares internacionais, com ROE de curto prazo ainda prejudicada e bem abaixo de seu custo de capital.
Pontos Positivos:
- Resultado run-on. Excluídos contratos descontinuados (run-off) com prejuízo de -R$ 330m) e o ganho não recorrente de R$ 129m de PIS/PASEP, teríamos um lucro de R$ 45m, mostrando recuperação gradual do core bussiness da companhia.
- Resultado financeiro. Dada a alta da Selic, o resultado financeiro da seguradora teve um avanço de 184% t/t e 122% a/a, movimento que deve se manter em 2022.
Pontos Negativos:
- Sinistralidade. Índice de sinistralidade de 119% no 3T21 cresceu 23,5 p.p. t/t e 23 p.p. a/a, mantendo resultado pressionados
- Liquidez. Dados os subsequentes prejuízos, a suficiência no enquadramento regulatório caiu para apenas R$ 43m (vs. R$ 334m 2T21), havendo chance de um novo desenquadramento, que poderia gerar a necessidade de emissão de dívida
- Efeito cauda. Processo de limpeza da carteira deverá perdurar até 2023, podendo manter sinistralidade mais alta do que o normal também em 2022.
- Prêmios emitidos. Prêmios totais caíram 12,4% a/a e 10,9% t/t. Mesmo focando em negócios nacionais, prêmios emitidos no Brasil desacelerou fortemente, caíram 0,9% a/a.
- Sinistralidade do Rural deve piorar no 4T21. A sinistralidade do rural do 3T21 ainda não refletiu por completo o efeito da safra de inverno, que ainda deve impactar o 4T21
- Saída de executivos continua. Saída do CFO e Chief Underwriting Officer.