Por mais um trimestre, o IRB deve continuar derrapando no resultado. Apesar das razões para o trimestre ruim serem majoritariamente temporárias, os subsequentes prejuízos vêm gerando um consumo de capital que poderá demandar um novo aumento de capital, cenário que avaliamos como cada vez provável. Segundo matéria do Brazil Journal, na sexta-feira (12/08), o IRB prepara aumento de capital com ação a R$ 1, correspondendo a um desconto de mais de 50% sobre preço de tela. O aumento de capital deve ser anunciado junto ao resultado na segunda-feira (15/08).
Prejudicado pela elevada sinistralidade do segmento rural, esperamos um prejuízo de R$ 236m para o IRB no 2T (vs. R$ 54,5m no 1T e R$ 206,9m no 2T21). O prejuízo acumulado da companhia no 2T (abril e maio) foi de R$ 365,8m. Com mais esse prejuízo, se torna eminente o aumento de capital ou outra medida similar, já que a resseguradara estava em seu limite de liquidez/cobertura e solvência no término do 1T22.
O curto prazo turbulento com provável aumento de capital justifica mantermos a recomendação de VENDER com PA de R$ 2,1. Mais à frente, ainda restam dúvidas de qual será o ROE de longo prazo e se sinistralidade dos contratos descontinuados continuará comportada. Para o valuation utilizamos o gordon growth, onde estamos assumindo um ROE de longo prazo de 13,5% e um Ke de 16,25%.
Prêmios: flat no ano
Além da sinistralidade estar tendo um desempenho ruim, o IRB está com uma maior dificuldade para sustentar o crescimento. No 1T, os prêmios emitidos do IRB cresceram somente 3,9% a/a. No acumulado do 2T, há uma queda de 18,6% a/a. No acumulado do 2T, os prêmios no Brasil estão crescendo 0,8% a/a e no exterior caindo 42,2% a/a.
O IRB vem sinalizando há um tempo seu interesse em reduzir a exposição à operação exterior (focada em LatAm). No entanto, o baixo crescimento também no Brasil vem sendo insuficiente para sustentar o crescimento consolidado. Assim, esperamos que os prêmios fechem 2022 sem crescimento (flat).
Sinistralidade: crescendo no tri sob impacto do rural
No 2T, o impacto negativo no resultado deve vir principalmente do seguro rural. Já havíamos antecipado a alta da sinistralidade do seguro rural, dadas quebras de safra e impactos na sinistralidade da BB Seg no 1T. Projetamos uma alta de 24 pp na sinistralidade t/t e 9,3 pp a/a. A boa notícia é que o 3T22 deve gradualmente melhorar, dado a melhora em seu principal cliente no rural, BB Seguridade.
Capital: Apertado!
O IRB estava com um capital pressionado no 1T. O capital mínimo requerido sobre o patrimônio líquido ajustado (índice de solvência) era de somente 105% no final do 1T. Já suficiência de provisões acumuladas (índice de cobertura) ante sinistros era de somente R$ 16,9m. Dada nossa expectativa de prejuízo de R$ 236m para o trimestre, acreditamos que o IRB pode estar desenquadrado de um ou até de ambos índices.
Caso haja desenquadramento do índice de solvência, a SUSEP deverá enquadrar o IRB no plano de recuperação de solvência em até 3 meses do desenquadramento. Já caso o desenquadramento seja do índice de cobertura, a SUSEP deverá enquadrar o IRB no plano de recuperação de cobertura em até 1 mês do desenquadramento.