Impactado pela sinistralidade do seguro rural, o resultado do IRB veio novamente abaixo das expectativas. O prejuízo foi de -R$ 373m, em comparação aos -R$ 236m que esperávamos. Pior do que o desempenho fraco por mais um trimestre, o IRB está na iminência de um aumento de capital após o desenquadramento da cobertura de provisões técnicas e de patrimônio.
Além da sinistralidade ruim, o IRB continuou com um desempenho comercial fraco. Parte explicado pela estratégia de focar nas operações no Brasil, os prêmios emitidos tiveram queda de 16% t/t e 22% a/a.
Mesmo que o pior em termos de resultado já tenha passado, o que não podemos afirmar com certeza, o IRB carrega múltiplas dúvidas. Dentre eles estão: (i) incerteza sobre o ROE de longo prazo; (ii) sinistralidade da cauda de contratos descontinuados, que deve se entender até 2023; (iii) desconto praticado em um eventual aumento de capital; e, (iv) perda de rentabilidade por venda de carteira e aumento de dívida para enquadramento de capital.
No dia 10/05, a administração aprovou um aumento de capital de R$ 1,2b. Ontem (15/08), o IRB divulgou um fato relevante que avalia, a princípio, uma oferta pública primária. Assim, como já havia sido antecipado por matéria no Brazil Journal, um eventual aumento de capital demandará um desconto relevante para preencher a oferta, podendo levar a uma reprecificação da ação e diluição dos acionistas. A matéria cita que o IRB deve fazer um aumento de capital de R$ 1 a R$ 1,5b com o preço fixado a R$ 1 por ação (deságio de ~50%). Com o cenário eminente de aumento de capital pesando no curto prazo e todas as incertezas acima mencionadas, reiteramos recomendação de VENDER.
Em meio a tantos ventos contrários, talvez a boa notícia venha de seu maior cliente no resseguro rural, a BB Seguridade, que reportou uma melhora na sinistralidade no 2T22 no seguro agrícola, que deve respingar positivamente ao IRB nos próximos trimestres.
Prêmios: Encolhendo
Os prêmios emitidos do IRB tiveram queda de -16% t/t e -22% a/a, puxados principalmente pela queda nos prêmios no exterior (-30,6,% t/t e -42,2% a/a). Os prêmios no Brasil também retraíram na ordem de -6,9% t/t e -7% a/a.
O IRB vem sinalizando há um tempo seu interesse em reduzir a exposição à operação exterior (mais focada em LatAm). No entanto, o baixo crescimento também no Brasil vem sendo insuficiente para sustentar o crescimento consolidado. Assim, esperamos que os prêmios fechem 2022 sem crescimento (flat).
Sinistralidade: Duas quebras de safra consecutivas foram demasiadas
A sinistralidade foi de 124,2% no trimestre (+43,1 pp t/t e 28,4 pp a/a). A sinistralidade foi reflexo do seguro rural, impactado pela quebra de safra. O índice combinado atingiu 160,6%, alta de 42 pp t/t e 32 pp a/a.
No 2T, o impacto negativo foi principalmente advindo do seguro rural. Já havíamos antecipado a alta da sinistralidade do seguro rural, dadas quebras de safra e impactos na sinistralidade da BB Seg no 1T. A boa notícia é que o 3T22 deve gradualmente melhorar, dado a melhora em seu principal cliente no rural, BB Seguridade.
Capital: Precisam de reforço
O IRB ficou desenquadrado dos mínimos de capital requeridos no 2T22. A resseguradora apresentou insuficiência de capital de R$ 613m, com seu patrimonio mínimo ajustado (índice de solvência) perfazendo apenas 64% do capital mínimo requerido ao final do 2T22.
Não obstante, o IRB apresentou também insuficiência na cobertura de provisões técnicas e liquidez de R$ 730m negativos. Portanto, o IRB passou a ficar desenquadrado em ambos os índices.
Com o desenquadramento dos índices, o IRB deverá apresentar um plano de regularização à SUSEP. A adequação ao índice de solvência pode ocorrer em até 18 meses. Já a adequação ao índice de cobertura deve ocorrer até 31/out (3 meses após a notificação do regulador).