Para o 2T24, projetamos um desempenho mais fraco do IRB, devido ao impacto negativo da catástrofe no Rio Grande do Sul em junho, que deve limitar o crescimento dos resultados no trimestre. Estimamos um lucro de R$ 61,1 milhões, representando uma queda de –22,7% t/t, mas ainda uma melhora de +204,1% a/a, em função de uma base comparativa muito baixa. Esse resultado deve se traduzir em um ROE modesto de 5,7% (-1,8pp t/t e +3,7pp a/a). Como os sinistros geralmente têm um efeito tardio no resseguro, acreditamos que o impacto completo das enchentes no Sul do país será mais evidente no 3T24, quando projetamos um lucro de apenas R$ 1,5 milhões. Esses eventos adiarão a recuperação gradual da rentabilidade do IRB, postergando essa retomada em pelo menos seis meses.
A companhia divulgará seus resultados no dia 14 de agosto, após o fechamento do mercado.
No 2T24, prevemos que os prêmios emitidos (vendas) apresentem uma expansão de +8,7% t/t e +12,3% a/a e que os prêmios ganhos (receita) cresçam +13,3% t/t e +0,9% a/a. Com a piora do desempenho operacional guiada pelo desastre no RS, esperamos que o índice combinado chegue a 104,7%, levando a retração do lucro t/t.
Para 2024, revisamos nossas expectativas para o IRB, adotando uma perspectiva mais cautelosa em comparação com as projeções iniciais do ano por conta dos sinistros que enchente no RS. Acreditamos que os sinistros fiquem na ponta superior do guidance entre R$ 80m e R$ 160m anunciado no 1T24, comprometendo boa parte da melhora operacional que prevíamos anteriormente. Dessa forma, ajustamos nossa projeção de lucro para R$ 247,3 milhões (+39,5% a/a), abaixo dos R$ 340 milhões anteriormente estimados, com um ROE de 5,7% para o ano (+1,5pp a/a).
Os sinistros no Sul do país devem atrasar a sequência de melhora de rentabilidade do IRB. Reiteramos nossa recomendação de MANTER com preço-alvo para R$ 34,30, considerando um ROE na perpetuidade de 13,5%, crescimento na perpetuidade de 7,5% e Ke de 16,85%. Entendemos que a resseguradora está sendo negociada a múltiplos adequados para a baixa rentabilidade (ROE de 5,7% para 2024) significativamente abaixo do seu custo de capital (Ke de 16,85%). O IRB negocia a 10x P/L para 2024, 5x P/L para 2025 e 0,6x P/VP para 2024.
IRB Re (IRBR3) 2T24e: Desempenho operacional ruim, mas melhora de lucro a/a
Dados SUSEP 2T24: Junho deve ter um desempenho ruim por conta do Rio Grande do Sul
Acreditamos que os dados de abril e maio divulgados pela Susep ainda não refletem impactos relevantes do desastre ocorrido no RS, pois as resseguradoras costumam contabilizar os sinistros com um certo atraso em relação ao evento. Isso se deve ao fato de que, tipicamente, após um sinistro, a seguradora é acionada primeiro, e apenas ao final desse processo a resseguradora é envolvida no pagamento. Dessa forma, esperamos que o mês de junho apresente parte desses efeitos, com impacto mais significativo no 3T24.
Esperamos que jun/24 apresente forte elevação na sinistralidade (+20,9pp a/a e +12,1pp m/m), alcançando 68,0%, o que deve levar o lucro do mês a ficar próximo de R$ 0.
Como os dados operacionais apontaram para um lucro de R$ 59,9 milhões nos dois primeiros meses do trimestre, estimamos um lucro de R$ 61,1 milhões para o trimestre.
Desempenho mensal do IRB em Abril e Maio 2024: Junho deve apresentar um desempenho fraco por conta das enchentes no Sul
Prêmios: Nesse 2T24, esperamos que os prêmios emitidos apresentem pouca evolução com crescimento de +8,7% t/t e +12,3% a/a, chegando a R$ 1,56b. Já os Prêmios ganhos devem apresentar um crescimento de +13,3% t/t e +0,9% a/a, ficando em R$ 1,03b.
Sinistralidade: No 2T24, esperamos um forte aumento no índice de sinistralidade de em +7,8pp t/t, porém com queda de -7,6pp a/a, chegando a 66%.
Despesas administrativas: Esperamos uma leve piora no índice de despesas administrativa (G&A) de 8,3% no 2T24, aumento de 0,1pp t/t, mas basicamente sem alteração em relação ao ano passado. Com isso, prevemos uma aceleração das despesas administrativas na comparação trimestral (+14,2% t/t), mas com leve retração a/a (-1,4% a/a), chegando a R$ 86m.
Comissão: No trimestre, projetamos um índice de comissionamento de 26%, indicando uma leve redução de 1,8pp t/t, mas um aumento de +3,2pp a/a. Esse índice deve permanecer elevado devido a um contrato de vida de longo prazo (long-tail) que prevê a antecipação de comissões ao corretor. Acreditamos que a resseguradora esteja em processo de renegociação das condições desse contrato, embora sem efeitos previstos para este trimestre.
Indice Combinado: Estimamos que o índice combinado atinja cerca de 104,7% no trimestre, permanecendo acima do breakeven operacional de 100%. Isso representa uma piora de +5,7pp t/t, embora mostre uma melhora de –3,6pp em relação ao ano anterior (devido à base de comparação frada de 2023). A deterioração trimestral pode ser atribuída principalmente ao aumento da sinistralidade devido à catástrofe no Rio Grande do Sul.
Resultado Financeiro e Patrimonial: Esperamos R$ 139m de resultado financeiro e patrimonial do IRB no 2T24, representado uma queda de 1,6% t/t, mas com um aumento de 45,5% a/a.
Imposto: Esperamos uma alíquota efetiva de 33% para o trimestre, considerando um resultado operacional fraco em junho.