No 2T24, o IRB registrou um resultado mais fraco, mas esperado, devido ao impacto negativo das enchentes no Rio Grande do Sul em junho, levando a um lucro de R$ 65,2 milhões no trimestre. Apesar da queda de -17,5% t/t, o lucro representa uma forte expansão de +224,4% a/a, demonstrando uma recuperação significativa em relação aos baixos níveis de lucro do ano anterior, principalmente nas linhas de sinistros e resultado financeiro. No entanto, em termos de rentabilidade, o ROE continuou fraco em apenas 6,1% (-1,3% t/t e +4,2% a/a).
O segundo semestre pode trazer resultados melhores do que o esperado, desde que não haja novos impactos significativos das enchentes no Rio Grande do Sul e o índice de comissionamento melhore de fato de 30% para 20% após o encerramento, em junho, do contrato que havia prejudicado a rentabilidade de curto prazo. Esses são pontos cruciais que discutiremos com a gestão.
Até junho de 2024, o IRB contabilizou aproximadamente R$ 257 milhões em sinistros relacionados às enchentes no RS, dos quais R$ 150 milhões são de Sinistros Avisados e R$ 107 milhões são de provisões para Sinistros Ocorridos, Mas Não Relatados (IBNR). Os segmentos mais impactados até o momento foram Patrimonial, Habitacional e Engenharia. A companhia destacou que para essas linhas, realizará retrocessão para transferir parte do risco relacionado à catástrofe. Os números de sinistro antes dos impostos estão dentro do guidance fornecido pela gestão no 1T24, que estimava um impacto líquido entre R$ 80 milhões e R$ 160 milhões. No conference call com a gestão, será crucial explorar a possibilidade de novos sinistros que possam impactar o 3T24, uma vez que os sinistros até junho já se aproximam da ponta alta do guidance.
Do lado mais positivo, os prêmios ganhos expandiram +14,8% t/t e 0,8% a/a, chegando a R$ 1,03 bilhões, e o resultado financeiro cresceu fortemente (+17,1% t/t e +73,2% a/a), alcançando R$ 166 milhões. Além disso, o contrato da vertical Vida que vinha causando a elevação das despesas com comissões foi encerrado em jun/24, o que deve ter um efeito positivo no resultado operacional nos próximos trimestres.
Embora haja sinais de melhora nos resultados, entendemos que o impacto das enchentes no Rio Grande do Sul deve consumir parte da recuperação operacional esperada para 2024. Por ora, reiteramos nossa recomendação de MANTER, com preço-alvo de R$ 34,30. Consideramos que a empresa está negociando a múltiplos justos para uma companhia de capital intensivo, com uma rentabilidade (ROE de 6,1%) ainda bem abaixo do seu custo de capital (Ke de 16,6%). A empresa está negociando a 9,5x P/L para 2024, 6,1x P/L para 2025 e 0,7x P/VP para 2024.
IRB Re (IRBR3) | Resultado 2T24: Lucro do trimestre impactado pelo RS
Shadow Guidance: Piora no lucro implícito
O shadow guidance obtido por meio do crédito tributário indica um lucro líquido de R$ 183m para o 2S24, totalizando R$ 327,5 milhões em 2024, acima das nossas projeções de R$ 247m. No entanto, os anos seguintes apontam para um cenário de recuperação, mas mais lento do que estimamos. De qualquer forma, os lucros implícitos pelo crédito tributário sinalizam um cenário de recuperação para o IRB nos próximos anos.
Estimativa do IRB para a Utilização dos Créditos Tributários: Recuperação mais lenta do que estimamos a partir de 2025
Rio Grande do Sul: Impacto até junho em linha com a ponta alta do guidance
Até jun/24, a empresa teve R$ 150m de sinistros avisados referente ao desastre do Rio Grande do Sul, somado a R$ 107m de provisões IBNR, totalizando R$ 257m na inha de sinistros retidos (PSL + IBNR). Os números antes dos impostos estão dentro do guidance fornecido pela gestão no 1T24, que estimava um impacto líquido entre R$ 80 milhões e R$ 160 milhões.
Os segmentos mais afetados foram: patrimonial, habitacional e engenharia. Para esses negócios, a empresa tem um programa de retrocessão que, após atingir um limite, permite repassar os riscos aos retrocessionários. Para os demais riscos, o IRB realizou uma provisão de IBNR
Prêmios: Prêmios emitidos quase não crescem
Os prêmios emitidos totais chegaram a R$ 1,43 bilhões, representando uma leve expansão de +3% a/a e estável t/t. O prêmio emitido no Brasil alcançou R$ 1,17 bilhões (+18,4% a/a e +11% t/t), alinhado à estratégia de foco no mercado local, com destaque positivo para os segmentos Patrimonial (+37% a/a) e Vida (+117% a/a). O prêmio emitido no exterior atingiu R$ 256,2m, contração relevante de -36% a/a e -33% t/t.
Retrocessão. A despesa total com retrocessão ficou em -R$ 444 milhões, apresentando fortes aumentos de +41% t/t e +23% a/a. O índice de retrocessão chegou a 31% (+9,1pp t/t e +9,9pp a/a).
Prêmios ganhos. Apresentaram crescimento de +14% t/t e +2% a/a devido ao carrego de prêmios emitidos (vendas) nos últimos trimestres, totalizando R$ 1,04 bilhões.
Sinistralidade: Impactado pelos efeitos climáticos
O índice de sinistralidade ficou em 65%, um aumento expressivo de +7pp t/t, impactado em parte pelos sinistros do desastre ocorrido no Rio Grande do Sul. Por outro lado, a sinistralidade teve uma forte melhora de -9pp a/a.
O impacto dos sinistros da tragédia no Rio Grande do Sul totalizou R$ 257 milhões, registrados na linha de sinistros retidos. Desse total, R$ 150 milhões referem-se a sinistros de PSL e R$ 107 milhões a provisões de IBNR.
- Brasil: a sinistralidade chegou a 62%, melhora de 9,6pp a/a
- Exterior: a sinistralidade ficou em 75%, queda de -2,1pp a/a
Comissionamento: Deve melhorar à partir do 3T23
O índice de comissionamento atingiu 31% no trimestre, registrando um aumento de 3pp t/t e 8pp a/a, permanecendo acima do nível usual de cerca de 20%. Esse aumento é novamente atribuído a um contrato de seguro de vida de longo prazo (long-tail) que exige a antecipação de comissões aos corretores. A companhia informou que esse contrato foi encerrado em jun/24, o que nos permite projetar uma melhora do índice nos próximos trimestres.
Sem considerar os efeitos desse contrato específico, o índice de comissionamento teria se mantido mais estável, em torno de 20%, com um leve aumento de +1pp a/a. Isso indica que, uma vez eliminados os impactos pontuais, a tendência é de estabilização do índice de comissionamento em níveis mais próximos de 20%.
Despesas: Estável com leve melhora
O índice de despesas administrativas ficou em 8,1% no 2T24, leve melhora de -0,1pp t/t e -0,4pp a/a. Em termos nominais, as despesas administrativas totalizaram R$ 84m no trimestre (+12% t/t e -3% a/a).
Resultado de underwriting (subscrição): Pior por conta das enchentes
O resultado de underwriting (resultado após sinistros e comissão) ficou em R$ 34m, queda de -72% t/t e -5% a/a, reflexo dos sinistros retidos referentes a catástrofe ocorrida no Rio Grande do Sul.
Combinado: Mudança na metodologia de cálculo
Neste trimestre, a Companhia atualizou a metodologia para calcular o índice combinado. Agora, o índice de despesas com tributospassará a focar exclusivamente nos impostos operacionais ligados às atividades de resseguro, excluindo os tributos sobre receitas financeiras (PIS e COFINS oriundos da receita financeira).
Na visão anterior, o índice chegou a 107,4% (+8,4pp t/t e -0,9pp a/a), enquanto na nova forma atingiu 106,0% (+8,2pp t/t e -1,5pp a/a)
A elevada expansão trimestral é explicada pela elevação do índice de sinistralidade (+6,8pp t/t) que ocorreu principalmente devido a catástrofe do RS, seguida pelo aumento do índice de comissionamento em +2,9pp t/t.
Resultado financeiro e patrimonial: Melhora vinda das posições em dólar
O resultado financeiro e patrimonial totalizou R$ 166m (+17% t/t e +73% a/a), beneficiado pelo impacto positivo de R$ 52m na posição líquida em dólares.
Imposto
A alíquota de imposto no trimestre foi de 21,3%, queda de 19 pp t/t. Acreditamos que a melhora foi beneficiada pelo impacto das participações societárias e outros ajustes.
Suficiência do patrimônio: Melhora
A suficiência de patrimônio líquido ajustado atingiu 182% no trimestre, apresentando um aumento de 13pp t/t e 67pp a/a, superando o capital mínimo requerido de 100%.