O IRB reportou um prejuízo de R$48,5mi em abril após piora na sinistralidade, resultado ruim para ano em que esperávamos uma retomada da lucratividade com menos turbulências. O susto veio após 3 meses de “resultados no azul” e zerou o lucro no ano. Em 2020, o prejuízo totalizou cerca de R$1,5bi. Após descobertas de fraudes no balanço, o IRB aumentou o endividamento para repor o capital regulatório, o que deve desacelerar sua recuperação. Além disso, a rentabilidade de longo prazo da companhia permanece uma incógnita, principalmente agora que voltamos a estaca zero. A conjuntura justifica nossa recomendação de manter para a ação.
Os prêmios emitidos, que correspondem a venda de seguros, reduziram 0,9% a/a em abril, se mantendo praticamente estáveis. O desempenho foi resultante da estratégia de focar na operação nacional, que teve uma avanço de 8,6% no período. Em contrapartida, o exterior experimentou um recuo de 7,9%. No acumulado dos 4 primeiros meses de 2021, os prêmios nacionais emitidos cresceram 15,9% a/a e no exterior caíram 16,9%.
Como um seguro é contratado por um período específico, com pagamentos parcelados ao longo do contrato, os prêmios emitidos não correspondem às receitas. No universo das seguradoras, as receitas se chamam prêmios ganhos, que representam o que foi efetivamente pago. Além disso, a companhia pode repassar os seguros para outras empresas antes que sejam contabilizados na receita, processo chamado de retrocessão.
Os prêmios ganhos, ou seja, receitas, tiveram um aumento de 2% a/a. Nos 4 primeiros meses houve uma redução de 1,7%. Na nossa visão o desempenho da linha foi positivo pela diminuição da retrocessão. Em 2020, como resposta as fraudes contábeis, o IRB passou a revisar seus contratos e vários foram repassados a outras seguradoras, prejudicando as receitas. Mesmo que a política permaneça, esperamos que seja em menor grau.
O grande vilão do resultado de abril foi o índice de sinistralidade de 84,3%, que estava se mantendo entre 70-75% desde o início do ano. O índice de sinistralidade se refere as perdas da empresa com os seguros em relação as suas receitas. Apesar de continuarmos esperando uma recuperação para o ano, o prejuízo traz novas incertezas com relação à rentabilidade futura e velocidade da retomada.
