Muito bem, obrigado! Receita volta a acelerar
O Itaú apresentou um lucro recorrente de R$ 6,8b, ligeiramente acima das nossas expectativas de R$ R$ 6,6b e 6,3% maior que o consenso de mercado com R$ 6,4b. O lucro teve um crescimento de 3,6% t/t e 34,8% a/a, levando a rentabilidade do banco de volta ao patamar de ROE na faixa dos 20%.
Receita finalmente acelera com provisões em queda
O avanço anual foi impulsionado principalmente pela combinação de uma aceleração no crescimento da receita de juros e queda no custo do crédito. As despesas com provisões de crédito caíram 17,2% a/a, mas consumiu um bom pedaço de seu elevado nível de cobertura para créditos duvidosos, constituído em 2020 como resposta a pandemia, mas pouco utilizado até então devido ao baixo nível de inadimplência. Mas o principal destaque do trimestre ficou com o crescimento de 3,8% t/t e 15,3% a/a da receita de juros (NII), mesmo mediante elevação do custo de funding com a alta da Selic, que foi compensado pela melhora de mix com a retomada de produtos rotativos. Em suma, o resultado do Itaú foi bom, apresentando crescimento de lucro e rentabilidade, com um índice de cobertura de 234%, continuidade no crescimento da carteira de 11,3% a/a e expectativa de melhora de spreads em 2022, que nos fazem reiterar a nossa recomendação de COMPRAR.
Outro destaque positivo foi a receita com tarifas. Mesmo com a saída da XP dos resultados, as receitas de tarifas cresceram 2,4% t/t e 4,9% a/a, puxadas principalmente por cartões, linha que avançou 14,9% a/a e 6,4% t/t, administração de recursos (+15,8% a/a) e tarifas com operações de crédito (+20,9% a/a). A carteira de crédito também teve um desempenho positivo, com um crescimento de 11,3% a/a e 6% t/t, com destaque para segmento de pessoa física crescendo 27,8% a/a e 8,6% t/t.
Do lado negativo, a inadimplência (atraso >90 dias) subiu 0.3 pp t/t para 2.6%, com piora substancial nos segmentos de grandes empresas e América Latina, mas se manteve abaixo de valores pré-pandêmicos. Com isso, o banco consumiu parte substancial de seu índice de cobertura de provisões no trimestre, caindo de 283% no 2T21 para 234% no 3T21. Outro destaque negativo foi a elevação das despesas administrativas em 2,3% t/t e 1,3% a/a, puxadas principalmente pelas despesas de pessoal, que sofreram o reajuste do dissídio de 11% em setembro. Além disso, com o crescimento do número de colaboradores em 1,9% a/a e 0,5% t/t esperamos um impacto superior no 4T21 tendo em vista que o reajuste será aplicado por todo o trimestre.
Pontos Positivos
- Receitas de juros. Crescimento de 3,8% t/t e 15,3% a/a em função da melhora de mix, mesmo com pressão da Selic no custo de funding. O crescimento vem principalmente da margem com clientes, core bussiness bancário, que avançou 4,7% t/t e 13,1% a/a. A margem com mercado (tesouraria) continua reportando bons resultados em torno de R$ 1,9b por tri, crescimento de 40% a/a.
- Receita de tarifas. Crescimento de 2,4% t/t e 4,9% a/a mesmo após saída da XP, ajudada principalmente pelo segmento de cartões.
- Seguros. Resultado de seguros volta a acelerar, crescendo 11,5% t/t.
- Provisões. Provisões caindo a/a com impacto positivo no lucro. Apesar de crescimento t/t, avaliamos que seja decorrente da retomada dos produtos rotativos, que inferem em maior risco.
- NPL. Continua sob controle a patamares abaixo dos pré-pandêmicos.
- Carteira de crédito. Crescendo 6,0% t/t e 11% a/a, com destaque para carteira PF que cresce 28% a/a, parcialmente ofuscado por uma contração de 2,1% na carteira América Latina.
- Iti. O banco digital do Itaú atingiu 10m de clientes, nível semelhante a outros bancos digitais, como o Inter que possui 14m.
- Depósitos à vista. Cresceram 15,3% a/a, acima do crescimento da carteira, diminuindo o custo de funding.
Pontos Negativos
- Inadimplência (90d) América Latina. Crescimento substancial, tendo saído de 1,4% para 2% do 2T para o 3T21, puxado por um cliente específico. Contudo, segundo o Itaú, montante já estava provisionado. O índice de cobertura dessa carteira caiu substancialmente de 430% no 2T21 para 235% nesse tri.
- Inadimplência (90d) Atacado. O índice de cobertura do segmento de atacado caiu de 922% para apenas 355% com inadimplência subindo de 0,3% no 2T21 para 1,1% no 3T21.
- Capital. O índice de capital nível I caiu 0,6 pp t/t para 12,9%, impactadas por câmbio, crescimento da carteira e ajustes patrimoniais, principalmente com a compra da folha de pagamento dos servidores de Minas Gerais.
- Dissídio. Reajuste de 11% para bancários trouxe elevação para despesa administrativa que pode se acentuar no 4T21, quando impactará o tri inteiro.
- Quadro de colaboradores. Diferentemente das concorrentes incumbentes, o número de colaboradores do Itaú vem crescendo (+1,9% a/a e +0,5% t/t), podendo ampliar impacto do dissídio. 1,9% a/a e 0,5% t/t.