Esperamos que o Itaú siga apresentando um bom resultado no 2T, impulsionado pela boa dinâmica de receitas, um movimento que já estávamos esperando para o ano, revertendo alguns anos de receitas estagnadas. A melhora de mix e maior remuneração do capital de giro deve seguir favorecendo a margem com clientes. As receitas de seguros e serviços financeiros também devem ser beneficiadas, dado easy comps (comparativo fraco) de cartões do 1T, influenciado por sazonalidade, e boa dinâmica de seguros. Com uma boa combinação de crescimento de lucro e alta rentabilidade, estimamos que o Itaú reporte um lucro de R$ 7,44b, crescimento de 13,8% a/a e 1,1% t/t no 2T22, indicando um ROE de robustos 20,3%. Para o ano esperamos um lucro de R$ 30,7b (+14,3% a/a), patamar próximo ao meio do guidance (+14,7%).
Com a alta da inadimplência, principalmente em PF, o custo de crédito deve seguir em trajetória de alta, mas desacelerando o crescimento em relação ao 1T22. Mesmo com elevação do custo de crédito estamos otimistas para o Itaú. Na nossa avaliação a boa dinâmica de receitas deve compensar a elevação do custo de crédito, favorecendo o lucro no ano. Ao valuation de 7,53x P/E 22 e 1,49x P/BV 22 reiteramos nossa recomendação de Comprar.
O posicionamento do novo management, capitaneado pelo CEO Milton Maluhy, vem nos agradando. Depois da frustrada aquisição da XP, o Itaú conseguiu ganhar tração em alguns projetos que estavam derrapando, como o Iti e íon. Além disso, mais recentemente o banco anunciou um acordo para a compra de 35% do capital da Avenue, podendo se tornar majoritário nos próximos 2 anos. A Avenue pode auxiliar a agregar produtos internacionais ao portfólio do Itaú, principalmente aos clientes alta renda Personnalité. Com as iniciativas, que incluem também migração para a nuvem e aumento do time voltado a tecnologia, o Itaú vem acelerando a digitalização, time-to-market e mostrando afinco em enfrentar a competição, agora também composta por fintechs mais ágeis que as incumbentes.
Crédito e NII: melhora de mix e Selic impusionam margem
Esperamos que a carteira continue com um bom ritmo de crescimento no crédito, principalmente em PF. As linhas PF são beneficiadas pelo easy comps, advindo da redução da atividade e consumo com a covid em 2020 e 2021. Nesse tri, o consignado em todos os bancos devem ser beneficiados com a liberação de um novo segmento, o LOAS para deficientes físicos permanentes. No geral, o maior crescimento em PF vem beneficiando o mix da margem, apesar de enxergarmos uma compressão de spread por produtos individuais. Em SME, esperamos uma carteira flat t/t e PJ crescendo menos.
Custo de crédito: segue crescendo t/t
O custo de crédito do Itaú deve continuar crescendo t/t pelo aumento da carteira e pela piora da inadimplência. No entanto, esperamos que o avanço seja em um ritmo menor do que no 1T. Na margem, esperamos que a boa dinâmica de receitas compense a elevação do custo de crédito, assim como sinalizado no guidance.
Em meio ao ciclo de normalização da inadimplência, o Itaú pode se beneficiar de uma carteira menos concentrada em PF que Bradesco e Santander, que geralmente tem uma composição mais arriscada. O Itaú vem sinalizando que espera atingir uma inadimplência próxima a 2019. Apesar de acreditarmos que inadimplência por produto deve atingir patamares mais elevados que 2019, a melhora do mix em 2020 e 2021 deve mitigar elevação da inadimplência total.
Receita de serviços e tarifas: acelerando t/t
Beneficiada pelo easy comps do 1T22 e de 2021, impactados pela sazonalidade e pandemia, respectivamente, esperamos um crescimento de serviços e tarifas t/t e a/a. Os destaques devem ser cartões e seguros, que já vinham sendo beneficiados pela retomada econômica. As receitas de cartões também vem sendo impulsionados pela inflação, que gera incremento de volumes.
Despesas: desafio para o ano
As despesas administrativas não devem ter muitas novidades no 2T. Os bancos de forma geral, e o Itaú incluso, devem ter maior pressão de custos no 2S em função do dissídio de salário. O dissídio deverá repassar a inflação, como de custo, gerando uma maior pressão nas despesas de pessoal. No ano passado o reajuste beirou os 11% e em 2022 não deveria ser muito diferente.