Esperamos que o Itaú entregue mais um trimestre de resultados consistentes com crescimento de lucro e rentabilidade bem acima de seus pares privados (Santander e Bradesco). Nossas projeções incorporam um lucro líquido de R$ 8,9b (+2,1% t/t e +10,5% a/a), com um ROE consistente de 20,7%. O Itaú reporta os resultados do 3T23 no dia 06/nov após o fechamento de mercado.
Esperamos que este trimestre traga uma retomada suave do crescimento da carteira de crédito, puxada por uma leve melhora do apetite em alguns linhas que haviam ficado para trás. Com isso, esperamos que a receita líquida de juros (NII) apresente uma expansão tanto pelo maior volume, quanto pela tesouraria que deve continuar apresentando um bom desempenho. Além disso, esperamos que as receitas com tarifas sejam beneficiadas por algumas operações específicas no trimestre. Um ponto a se destacar é custo de crédito, onde esperamos ver uma estabilidade na comparação trimestral (+1%) com indicadores de inadimplência mais estáveis e novas safras performando melhor, podendo representar um ponto de inflexão do ciclo de crédito.
Para 2024, esperamos que o banco apresente uma aceleração no crescimento da carteira de crédito (+9,9% a/a) com a retomada do apetite a risco em algumas linhas de negócio, além de um alívio na linha de tarifas, principalmente com um mercado de capitais um pouco mais ativo. Do lado dos custos, esperamos que o destaque positivo virá do custo de crédito com níveis de provisões (PDD) mais controladas. Assim, estimamos um lucro de R$ 39b (+9,8% a/a) e um ROE de 20,6%.
Dessa forma, reiteramos nossa recomendação de COMPRAR com preço-alvo de R$ 36,60. Vemos as ações (ITUB4) atrativas negociando a 7,62x P/L 23E, 6,94x P/L 24E e 1,5x P/VP 23E. Caso a liquidez não seja um problema, vemos as ações ordinárias (ITUB3) mais descontadas, negociando a 6,47x P/L 23E, 5,89x P/L 24E e 1,27x P/VP 23E.
Estimativas para 3T23 | ITUB4: Consistentemente rentável
Estimativas para 2024 | ITUB4: Esperamos mais um ano de 20% de ROE
Carteira: Retomada de algumas linhas
Estimamos que a carteira de crédito cresça 4,7% t/t e 6,7% a/a, impactada positivamente por uma leve retomada de apetite de risco em linhas de crédito que haviam sofrido mais nesse ciclo como cartões e Pequenas e Médias Empresas (PME), enquanto Grandes Empresas deve apresentar estabilidade. Apesar da retomada de algum apetite, vemos a companhia ainda com certo nível de seletividade evitando aumentar as provisões de devedores duvidosos (PDD).
Margem financeira (NII): A boa dinâmica continua
Para a margem financeira, esperamos um crescimento de 3,3% t/t e 12,4% a/a. Estimamos que a margem com clientes seja beneficiada por maiores volumes enquanto o spread se mantém estável, já a margem com mercado (tesouraria) deve continuar apresentando um bom desempenho, mas com uma leve pressão do internacional.
Serviços e seguros: Mercado de capitais deve ajudar o trimestre
Esperamos que a linha de serviços e seguros cresça 5,1% t/t e 6,8% a/a, impactada positivamente por operações em Investment Banking (IB) como a operação de Aegea que distribuiu um fee expressivo (total de R$ 1b de comissão, com uma estimativa de R$ 200m-250m somente para o Itaú). Além disso, seguros deve continuar em um bom ritmo, beneficiado também pelas operações da Porto.
Custo de crédito: Contração trimestral
Para o 3T23, esperamos que o custo de crédito fique relativamente estável na comparação trimestral (+1,0%), beneficiada pela PDD que deve começar a apresentar níveis mais normalizados com as novas safras performando melhor e os indicadores de inadimplência acima de 90 dias (NPL 90+) estarem praticamente estáveis (2,98% 3T23E vs 3,02% 2T23 e 2,82% 3T22). Porém, vemos ainda uma expansão do custo de crédito na comparação anual em 19,3%.
Despesas administrativas: Impactado pelo dissídio
Para as despesas administrativas, projetamos um aumento de 3,3% t/t e 5,8% a/a, impactado principalmente pelo acordo coletivo (dissídio) ocorrido em set/23, com aumento anual de 4,58%.
Imposto
Para o trimestre, estimamos uma alíquota de imposto de 30%, beneficiada em parte pelo pagamento de Juros sobre Capital Próprio (JCP).