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    Publicado em 07 de Maio às 01:15:04

    Itaú (ITUB4) | Resultado 1T24: The Celebration – Lucro em alta, ROE resiliente e dividend yield atrativo

    O Itaú apresentou mais um resultado robusto no 1T24, possivelmente sendo o maior lucro do setor financeiro. O lucro líquido recorrente de R$ 9,8 bilhões registrou sólidos crescimentos de +3,9% t/t e +15,8% a/a, em linha com nossas projeções (+0,7%) e as expectativas do mercado (+0,9%). A rentabilidade (ROE) permaneceu consistente em níveis elevados, atingindo 21,9%, com um aumento de +0,7pp t/t e +1,2pp a/a.

    O trimestre reforça a consistência dos resultados que o banco vem apresentando ao longo deste ciclo de crédito, resultado de melhorias nos processos, tecnologia, modelos de crédito e gestão de pessoas e cultura. As receitas totais continuaram em ascensão, enquanto as despesas administrativas foram mantidas sob controle e o custo de crédito diminuiu neste trimestre, resultando em uma expansão da rentabilidade. No entanto, a carteira de crédito, conforme a visão do BACEN, permaneceu mais contida. Por outro lado, na visão ampliada, que inclui títulos privados encarteirados (excluindo variações cambiais), o crescimento da carteira saltou para 5,6% a/a e 1,0% t/t, alcançando R$ 1,18 trilhões.

    Com mais um trimestre consistente, reiteramos nossa recomendação de COMPRAR para as ações do Itaú, com preço-alvo de R$ 40,60. O Itaú continua sendo nossa preferência no setor financeiro. Na nossa avaliação, as ações do Itaú ainda estão sendo negociadas com um valuation atrativo, apresentando um P/L de 7,8x para 2024 e um P/VP de 1,6x em 2024, além de um dividend yield interessante de 7,8% para 2024, dado que o banco deve aumentar o payout esse ano para distribuir o excesso de capital que vem acumulado. Somente neste trimestre, o Itaú adicionou 20 bps em capital principal organicamente.

    Itaú (ITUB4) | Resultado 1T24: Expansão sequencial de lucro e sólidos fundamentos

    Guidance:

    No 1T24, todas as linhas fecharam o trimestre dentro do guidance, com excessão da carteira de crédito, que teve seu crescimento limitado pela originação de crédito mais seletiva.

    Carteira de Crédito: Cresce na visão ampliada

    A carteira de crédito, de acordo com a visão do BACEN, registrou uma retração de -0,6% t/t e -1,2% a/a. Já na visão da carteira expandida, que inclui garantias e títulos privados, houve uma expansão de +0,7% t/t e +2,8% a/a. Excluindo as variações cambiais, a carteira expandida cresceu +1,0% t/t e +5,6% a/a, totalizando R$ 1,18 trilhões.

    O desempenho da carteira de pessoa física foi fraco, contraindo 0,6% t/t e registrando um crescimento modesto de 2,6% a/a. Os principais impulsionadores desse aumento anual foram o Crédito Pessoal, com uma alta expressiva de 11,1% a/a, e o crédito imobiliário, que avançou 3,1% a/a. Por outro lado, a linha de Cartão de Crédito apresentou uma redução de 3,4% t/t, um declínio esperado devido à sazonalidade.

    A empresa tem adotado uma abordagem mais seletiva na seleção de clientes, visando melhorar a qualidade da carteira. Como resultado, o crescimento da carteira de pessoa física (PF) tem sido afetado pela saída de clientes com perfil de risco elevado, que destruíam valor. Desde dezembro de 2022, a carteira de PF cresceu 4%, mas segundo o banco, se esses clientes de alto risco fossem excluídos, o crescimento seria de 7%.

    Por outro lado, à medida que os clientes inadimplentes são removidos do balanço, os índices de inadimplência apresentam melhorias significativas, resultando em uma redução na necessidade de provisão para devedores duvidosos (PDD). O banco estima que essa redução na exposição ao risco tenha levado a uma melhora de 103 bps na inadimplência (acima de 90 dias), resultando em uma economia de R$ 3 bilhões em PDD por ano e um impacto positivo de 300 bps na rentabilidade do negócio de PF.

    A carteira de pessoa jurídica apresentou expansão de +1,0% t/t e +2,7% a/a. Já na visão de carteira ampliada, Grandes Empresas cresceu 3,6% t/t e 9,3% a/a e Pequenas e Médias Empresas cresceu 1,9% t/t e 10,2% a/a – resultado bem superior a visão BACEN.

    A carteira de América Latina mostrou fortes retrações de -3,3% t/t e -14,0 % a/a devido a variação cambial.

    Margem financeira (NII): Rodando acima do crescimento do crédito

    A margem financeira (NII) alcançou R$ 26,9b no 1T24, queda de -0,9% t/t, mas com expansão de +8,9% a/a.

    A margem com clientes ficou em R$ 25,8b (-1,8% t/t e +7,4% a/a). A queda trimestral se deu pela menor quantidade de dias corridos e por menor resultado com operações estruturadas do atacado. Já a evolução anual está relacionada com o maior volume e melhores spreads. Excluindo o efeito da Argentina (operação vendia em agosto de 2023), a margem com clientes teria crescido +9,4% a/a.

    A margem com mercado ficou em R$ 1,06b, com robusta expansão de +26,1% t/t e +64,3% a/a. O desempenho está relacionado com os maiores ganhos na gestão de ativos e passivos (ALM) e do aumento da margem com mercado no Chile.

    Receitas de prestação de serviços e resultado de seguros: Crescendo acima da inflação

    A receita de prestação de serviços e seguros ficou em R$ 13,1b no 1T24 (-2,9% t/t e +5,8% a/a), excluindo o efeito da Argentina, a linha expandiu +6,7% a/a. A queda trimestral se deu por efeito sazonal em cartões (-9,1% t/t) e performance fee em administração de fundos (-3,8% t/t). Já o aumento anual ocorreu por (i) maiores ganhos com cartões (+4,6% a/a); (ii) maiores ganhos com administração de fundos (+4,7% a/a); (iii) crescimentos das receitas com assessoria financeira e corretagem (+70,6% a/a); e (iv) maior resultado de seguros (+10,3% a/a).

    • Adquirência

    O valor transacionado (TPV) atingiu R$ 216,4b, representando uma queda de 8,2% t/t, mas um aumento anual (a/a) de 10,7%. Essa dinâmica contrasta com o desempenho da Cielo, que viu uma contração de -9,8% t/t e -0,5% a/a.

    Cartão de crédito representou 67,7% das transações e o débito 32,3%.

    Custo de Crédito e Inadimplência: Melhora na qualidade de crédito da carteira

    O custo de crédito ficou em R$ 8,8b (-3,9% t/t e -3,2% a/a). A melhora trimestral ocorreu em especial por menores níveis de impairment (-64,7% t/t) e menores descontos concedidos (-14,4% t/t). Já na comparação anual, a melhora ocorreu por maiores níveis de recuperação de crédito (+33,6% a/a) e redução dos descontos concedidos nos negócios de varejo no Brasil.

    As despesas com PDD de R$ 9,1b no trimestre, caíram 1,8% t/t e aumentaram levemente em 1,4% a/a. O índice de cobertura (acima de 90 dias) melhorou em +6pp t/t e +9pp a/a, alcançando 221%. 

    A inadimplência acima de 90 dias (NPL 90+) melhorou -0,1pp t/t, ficando em 2,7%. A boa performance do indicador está relacionada a menor inadimplência do segmento de pessoas físicas no Brasil (-0,2pp t/t).

    O Itaú vendeu carteiras que estavam em prejuízo nesse trimestre no montante de R$ 644m, mas que não impactam nos indicadores de qualidade de crédito. A venda gerou um impacto positivo de R$ 28m na recuperação de crédito e R$ 15m no resultado recorrente gerencial.

    Além disso, o banco vendeu carteiras ativas, sem impacto material nos indicadores de qualidade de crédito:

    • R$ 122m que estavam com atraso superior a 90 dias;
    • R$ 125m em dia ou com atraso curto.

    Essas vendas geraram impactos negativos de R$ 11m no produto bancário, positivo de R$ 21m no custo de crédito e positivo de R$ 5m no resultado recorrente gerencial. O banco vem adotando uma abordagem de limpeza da carteira de pessoa física, retirando operações de clientes que apresentam riscos e geram perdas de valor. Isso é refletido no aumento significativo dos write-offs, que alcançaram R$ 10 bilhões nos últimos dois trimestres.

    Despesas Administrativas: Sob controle

    As despesas administrativas mantiveram-se sob controle, totalizando R$ 14,4 bilhões, com uma redução de 6,2% t/t e um aumento de 4,3% na comparação anual. A queda trimestral é explicada pelo efeito sazonal de despesas menores no primeiro trimestre. Por outro lado, o aumento na comparação anual deve-se principalmente aos custos com salários (aumento de 4,4% em relação ao ano anterior) e participação nos resultados (aumento de 28,8%).

    O banco continua reduzindo o número de agências e pontos de atendimento bancário (PAB), com uma queda de -3,1% t/t e de -10,7% a/a, totalizando 3.401.

    Capital: Capital principal cresce organicamente

    No trimestre, o índice de Basiléia ficou em 16,4%, com piora de -0,6pp t/t, impactado pelo pagamento de dividendos adicionais no período.  No entanto, na visão anual, o índice de Basiléia apresentou melhora de +1,4pp a/a.

    O índice de Capital Nível 1 atingiu 14,5%, queda de -0,7pp t/t e expansão de +1,1pp a/a, composto por 13,0% de capital principal e 1,5% de capital complementar nível 1. Se ajustarmos o capital pelos dividendos adicionais (-0,91% de impacto), o capital principal teria crescido 21 bps t/t organicamente.

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