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    Publicado em 28 de Agosto às 20:00:42

    Relatório de Crédito | Jul/23: Crédito desacelera mais um mês e inadimplência mostra estabilidade

    Em resumo, o mês de julho apresentou novamente um movimento de desaceleração do crédito na comparação anual, reflexo de uma inadimplência elevada, mas com sinais de estabilidade no mês, além de um cenário macroeconômico ainda conturbado. A inadimplência da carteira de crédito do SFN ficou em 3,6%, apresentando uma estabilidade na comparação mensal, mas com aumento de 0,8pp a/a. A inadimplência no cartão de crédito rotativo, mostrou aumento de 0,5pp m/m, chegando a 49,5% (ainda em patamares elevados). O spread bancário segue alto com expansão na comparação anual, mas com um leve arrefecimento na visão mensal. O comprometimento de renda continua elevado, próximo de 30%, apresentando certa estabilidade no mês (+0,2pp m/m). Por fim, as instituições financeiras privadas seguiram perdendo market share.

    Crédito

    O saldo total de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) atingiu o montante de R$ 5,4 tri em jul/23, apresentando uma contração de 0,3% m/m e mais um movimento de desaceleração na comparação anual (+8,1% a/a).

    O mês foi marcado pela redução de -1,5% m/m no saldo das operações de crédito destinado a empresas (pessoas jurídicas) que atingiu R$ 2,1 tri. Por outro lado, o crédito destinado as pessoas físicas (famílias) apresentou um crescimento mensal de 0,4% ficando em R$ 3,3 tri. Na visão anual, tanto o crédito para empresas, quanto para as famílias apresentaram desaceleração com alta de 2,3% a/a (ante 3,5% a/a) e 12,1% a/a (ante 13,2% a/a), respectivamente.

    • Crédito livre ficou em R$ 3,2 tri em jun/23, apresentando uma redução 0,8% m/m e crescimento de 5,5% a/a. O crédito destinado para as empresas atingiu o total de R$ 1,3 tri (-2,3% m/m e -0,6% a/a), impactado pela diminuição das carteiras de desconto de duplicatas, antecipação de faturas de cartão de crédito, capital de giro total, cartão de crédito rotativo e adiantamento de contas de câmbio (ACC). Já o crédito destinado às pessoas físicas ficou em R$ 1,8 tri, com aumento de 0,3% m/m e 10,4% a/a. O movimento foi concentrado principalmente nas carteiras de cartão de crédito à vista, financiamento para a aquisição de veículos e crédito pessoal consignado para trabalhadores do setor público.
    • Crédito direcionado atingiu o montante de R$ 2,2 tri (+0,7% m/m e +12,5% a/a), reflexo da expansão ocorrida no segmento de pessoas jurídicas (+0,1% m/m e +9,0% a/a) e no segmento de pessoas físicas (+0,6% m/m e +14,3% a/a).

    Inadimplência

    A inadimplência do SFN manteve-se estável no mês, ficando em 3,6% (+0,8pp a/a). Por segmento, a inadimplência das empresas chegou a 2,4% (+0,1pp m/m e +1,0pp a/a), enquanto o segmento de pessoas físicas ficou em 3,9% (estável m/m e +0,6pp a/a).

    No crédito livre, a inadimplência atingiu 5,0% (+0,1pp m/m e +1,2pp a/a). No segmento de empresas, o indicador chegou a 3,3% (+0,2pp m/m e +1,5pp a/a), enquanto o segmento de pessoas físicas apresentou um indicador de 6,2% (-0,1pp m/m e +0,7pp a/a).

    • Cartão de crédito: A inadimplência para pessoa física no cartão de crédito com recursos livres ficou em 8,6% (-0,1pp m/m e +1,6pp a/a). A inadimplência no cartão de crédito rotativo, mostrou expansão de 0,5pp m/m e 6,7pp a/a, chegando a 49,5%. A inadimplência no cartão de crédito parcelado segue mais controlada com crescimento de apenas 0,4pp m/m e 3,3pp a/a, ficando em 10,3%.
    • Aquisição de automóveis: O crédito destinado para aquisição de veículos para pessoa física apresentou taxa de inadimplência de 5,4% (-0,1pp m/m e +0,5pp a/a).
    • Crédito pessoal não consignado: O crédito pessoal não consignado apresentou retração de 0,2pp m/m na inadimplência e leve aumento de 0,5pp a/a, com um total de 7,4%.
    • Cheque especial: A inadimplência do segmento pessoa física ficou em 13,3% (+0,3pp m/m e +1,7pp a/a).

    Cobertura: No mês de julho, os bancos perderam cobertura em -1,8pp m/m e -31,4pp a/a, chegando a 180,8%.

    Comprometimento/Endividamento de renda

    O endividamento das famílias continuou em patamares altos, apresentando um total de 48,3% em jun/23 (-0,5pp m/m e -1,6pp a/a). Já o comprometimento de renda também continua em patamares elevados em 28,3% (+0,2pp m/m e +1,5pp a/a).

    *Os dados de comprometimento de renda e endividamento das famílias são defasados em um mês em relação aos dados de crédito

    Recuperação judicial

    As dívidas negativadas em jun/23 continuam altas em R$ 118b, crescimento de +1,5% m/m vs retração mensal de 1,1% em mai/23. Na comparação anual, segue expandindo em 15,8%. 

    Para os números de recuperações judiciais, continuamos com os dados do mês passado, devido ao Serasa não ter reportado os dados de jul/23.

    O número de empresas requerendo recuperação judicial (RJ) arrefeceu expressivamente no mês de junho na comparação mensal, apesar do forte crescimento anual (-22,7% m/m e +61,4% a/a). Os destaques foram:

    • MPE (Micro e Pequena Empresa): O número de MPEs que entraram com requerimento de recuperação judicial caiu para 63 empresas (-7,4% m/m e +65,8% a/a);
    • Médias empresas: 26 empresas solicitaram recuperação judicial (-31,6% m/m e +85,7% a/a);
    • Grandes empresas: 3 empresas entraram com requerimento de RJ (-76,9% m/m e -40% a/a).

    Spread

    A taxa média de juros das novas concessões em jul/23 atingiu 31,4% aa, redução de 0,4pp m/m, mas com avanço de 1,7pp a/a. Já o spread bancário chegou a 21,9% aa (-0,2pp m/m e +3,1pp a/a). O segmento de pessoas físicas apresentou uma redução de 0,4pp m/m no spread, enquanto o segmento de empresas apresentou aumento de 0,3pp m/m. Já na variação anual, os segmentos apresentaram expansão de 4,1pp e contração de 0,1pp, respectivamente.

    Market share de Crédito

    Em jul/23 as instituições financeiras privadas apresentaram mais um movimento de retração no market share (-0,1pp m/m e -0,6pp a/a), enquanto as instituições financeiras públicas (ex-BNDES) aumentaram novamente as suas participações de mercado (+0,2pp m/m e +0,9pp a/a).

    Concessões de crédito atingiram o total de R$ 534,6b, retração de 5,9% m/m e estável a/a (+0,6%). O destaque negativo no mês veio das concessões livres que retraíram 9,4% m/m e leve crescimento de 0,7% a/a. O segmento de pessoas físicas dentro desta categoria retraiu -1,1% m/m, mas expandiu +7,8% a/a, enquanto o segmento de empresas contraiu -20,1% m/m e -8,9% a/a. O crédito direcionado foi destaque positivo com boa evolução mensal tanto em pessoas físicas quanto em empresas. No total, as concessões direcionadas expandiram em 30,4% m/m e 0,3% a/a.

    • Cartão de crédito: As concessões totais de cartão de crédito para pessoa física atingiram o montante de R$ 201,6b (-1,2% m/m e +9,9% a/a), puxado pelo cartão de crédito rotativo. Já para as empresas, o cartão de crédito total ficou em R$ 14,7b (-17,9% m/m e +24,8% a/a), impulsionado pelo rotativo e financiado.

    Duration: o prazo médio de duração de crédito apresentou crescimento no m/m para o crédito livre voltado para pessoa física (+0,5%), mas com redução para empresas (-5,7%). Na comparação anual, houve uma redução de 4,2% para pessoa física, mas com expansão de 8,9% para empresas. Por fim, o crédito direcionado apresentou queda de 0,1% m/m e 1,2% a/a para pessoas físicas e também para empresas em 28,1% m/m e 43,6% a/a para empresas.

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