Realizamos na última quinta-feira (02/09) uma reunião com a Christiane Assis, Diretora de RI da JBS, e a Bianca Faim, Gerente da área. Elas ressaltaram alguns pontos em relação à empresa e o momento do setor:
- A JBS deve seguir usufruindo do bom momento dos mercados em que a empresa atua (principalmente os EUA);
- Melhoria do cenário na Austrália;
- A situação no Brasil está desafiadora;
- Projetos de expansão orgânica – inovações e lançamentos de novas marcas e produtos;
- Expansão inorgânica (aquisições) procurando ampliar atuação nos mercados existentes, buscando ainda maior exposição a produtos de maior valor-agregado e com marca;
- Foco e compromisso com a agenda ESG.
Cenário internacional:
- EUA: O momento continua bastante favorável no mercado americano, com alta disponibilidade de animais e forte demanda por todos os tipos de proteínas. Dado a natureza cíclica do negócio, esperamos ver uma normalização de preços e spreads (porém somente no final de 2022), pois estão muito favoráveis para a empresa desde o início de 2020. 2021 e 2022 ainda devem ser anos muito fortes.
- Algo que está limitando a aceleração do processamento de carne nos EUA é a escassez de mão-de-obra. O país está com alta demanda por trabalhadores para uma baixa oferta, fazendo com que a indústria não consiga operar em plena capacidade por falta de mão-de-obra. Isso dificulta a utilização da capacidade dos rebanhos, que ainda deve reportar níveis acima de 2020, porém ainda abaixo dos níveis de 2019, quando o mundo ainda estava em condições “normais”.
- A Austrália, que vinha gerando prejuízos devido a um cenário desafiador em frente à baixa disponibilidade de animais, já começou a apresentar uma inversão nos resultados da unidade desde o final de março deste ano, e esperamos uma normalização na disponibilidade de gado no país a partir do segundo semestre de 2022.
Cenário Brasil
- Os resultados das exportações continuam sendo o destaque do país, dado o aumento de volumes e melhora dos preços em dólar.
- No Brasil, o cenário é desafiador, com baixa disponibilidade de gado e demanda doméstica em níveis menores – o momento do ciclo é de retenção do animal. A empresa espera uma melhoria no ciclo doméstico a partir do segundo semestre de 2022.
- Casos da doença BSE (“vaca louca”) devem afetar apenas no curto prazo (em 2019 tivemos um cenário parecido e as exportações foram barradas por 2 semanas. Não acreditam que dessa vez seria mais que isso).
- Apagão de contêineres nos portos brasileiros foi uma disrupção logística que afetou a empresa, que é a maior usuária de contêineres do Brasil e teve grande parte de seus estoques presos nos portos. A situação está melhorando (vimos notícias positivas a respeito do assunto), mas espera-se um aumento no custo de frete em relação aos últimos meses. À medida que a situação melhora, os estoques vão sendo enviados e a empresa consegue exportar normalmente.
Proteína à base de plantas – a moda vai pegar?
- No Brasil, através da Seara, a JBS conquistou 60% de market share no mercado de plant-based. Na Europa, teve a aquisição da Vivera, terceira maior empresa do setor no continente. Nos EUA, a empresa segue investindo em expansão de sua marca OZO, presente no segmento de plant-based no mercado doméstico americano.
- Grande potencial. O mercado de proteínas vegetais ainda é pequeno quando comparado com o de proteína animal, porém, observamos um crescimento muito forte (CAGR de 20% desde 2010) e apresentando margens atrativas de dois dígitos. O potencial do mercado é enorme e a JBS já está bem posicionada e se preparando para crescer nesse segmento.
ESG
Retomado projetos ESG:
- Política desmatamento ilegal zero: Através da Plataforma Pecuária Transparente, a JBS irá estender aos demais elos da cadeia produtiva o monitoramento socioambiental que já é feito nos fornecedores da JBS na Amazônia e, assim, garantir que o gado obtido não veio de fornecedores envolvidos com desmatamento ilegal. Através da Tecnologia Blockchain, a nova plataforma permite que todos os fornecedores diretos de animais da companhia também avaliem seus próprios fornecedores, para garantir que todos estejam atendendo a Política de Compra Responsável da JBS. Todos os fornecedores da JBS deverão aderir à Plataforma Pecuária Transparente até o fim de 2025. A partir de 1º de janeiro de 2026, passa a ser condição obrigatória para negociar animais com a companhia a adesão à Plataforma. Assim, será possível garantir o cumprimento da política de tolerância zero para o desmatamento ilegal, além dos demais critérios socioambientais da JBS. Entenda o processo:
- Emissão de “Sustainbility-Linked bonds” (dívidas), isto é, bonds atrelados a critérios de sustentabilidade, em que estão atrelados ao compromisso de redução de suas emissões de gases efeito estufa. Foi a primeira empresa do setor a realizar tal operação.
Fusões e Aquisições
- Devem continuar procurando oportunidades que agregam ao portfólio no longo prazo, sempre procurando aumentar margens e tirar a volatilidade que as commodities trazem para empresas nesse setor. Já realizaram aquisições relevantes nesse ano que trouxeram maior diversificação para a JBS.
- Proposta para aquisição da totalidade das ações ordinárias em circulação de emissão da Pilgrim´s Pride Corporation (PPC) – a JBS detém atualmente 80,21% das ações de emissão da PPC. A operação proposta tem como objetivo, em especial, simplificar a estrutura societária das subsidiárias da JBS, maximizando sua eficiência administrativa, otimizando as receitas e aumentando ainda mais sua flexibilidade operacional e estratégica.
Listagem fora, BNDES, Grau de Investimento
- Listagem fora: Antes de pensar em listar a empresa na bolsa americana, a JBS está focada em ajustar a empresa para estar ainda mais sólida – com visibilidade mais estável, ser cada vez mais bem-vista no aspecto ESG e ter crescimento constante de resultados com menos volatilidade, através de mais aquisições de valor-agregado com marca e foco no consumidor.
- BNDES: A posição que o BNDES tem na empresa ainda trava o seu valor. Por enquanto, não há nenhuma sinalização do BNDES de venda de sua posição.
- Rating de crédito:
- Em junho, a Fitch elevou o rating da JBS para BBB-, já considerado “investment grade”, que reflete o forte perfil de negócios da companhia, baixa alavancagem, forte posição de liquidez e geração de caixa, perfil de amortização da dívida favorável, histórico de acesso ao mercado internacional e ao recente acordo do seu controlador com o departamento de justiça dos Estados Unidos.
- A S&P elevou o rating de crédito da JBS para BB+, em outubro de 2020, e, recentemente, revisou a perspectiva de estável para positiva, dada as melhorias de governança e indicadores financeiros. O próximo rating (BBB-) já seria considerado investment grade, o que seria muito positivo para a empresa e mais um passo para uma possível listagem fora.