A JBS e a Marfrig ambas reportam seus resultados do 3T22 na quinta-feira da semana que vem (10/11). Os frigoríficos tem suas operações concentradas no mercado de carne bovina nos EUA, o que significa que seus resultados sofrerão em relação ao ano passado e até ao trimestre anterior, dado que estamos vivenciando uma virada do ciclo de gado nos EUA. No ano passado, vimos ótimos números para as empresas, que vinham se beneficiando de um cenário de alta disponibilidade de gado no mercado além de uma demanda muito forte, fazendo com que os seus custos estavam baixos (compra de gado) e tinha muita demanda para seu produto final (carne bovina). Com a virada do ciclo já se concretizando, esperamos ver o cenário oposto, o que deve impactar negativamente os números e margens dos frigoríficos. Suas operações no Brasil devem ter uma grande melhor de performance, porém a relevância disso no resultado consolidado será pequena, pois o principal foco de ambas é de fato no mercado americano.
JBS
Como sempre, a diversificação da JBS deve trazer uma menor volatilidade para os resultados da companhia. Mesmo que o maior driver de suas operações seja o mercado americano, sua presença no Brasil, Austrália, Europa e exposição a diversos outros países resultarão em números ainda decentes para o maior frigorífico do mundo. Por conta de volumes melhores principalmente em suas divisões de frangos e processados (Pilgrim´s Pride nos EUA e Seara no Brasil), esperamos um aumento de 5,9% a/a de receita líquida, totalizando R$ 98 bilhões, enquanto as demais divisões devem ter números ainda estáveis. Quanto ao EBITDA, estimamos um queda de -29,7% em relação ao 3T21, chegando a R$ 9,7 bilhões, principalmente por conta do cenário que descrevemos no primeiro parágrafo deste relatório – a JBS USA Beef deve sentir a maior queda de EBITDA. Apesar de ver algums surpresas positivas no Brasil e em carne de frango e processados, o consolidado sofrerá em termos de margens e rentabilidade em relação ao mesmo período no ano passado – esperamos um lucro de R$ 3,4 bilhões, o que representa uma redução de 54,7% a/a.
Marfrig
Assim como a JBS, a Marfrig ainda terá resultados decentes, principalmente por conta de um final de ciclo nos EUA que, embora já está bem mais fraco do que no início de ano e no ano passado como um todo, ainda trará bons frutos. Porém, destacamos que a tendência seja de uma piora no ciclo daqui em diante. Acreditamos que a receita líquida seja de R$ 24,2 bilhões, estável em relação ao mesmo trimestre no ano passado e 12,4% acima do que vimos no tri anterior. Já para o EBITDA, esperamos uma queda de -47,3% quando comparado ao 3T21, chegando a um total de R$ 2,5 bilhões. Esse impacto negativo também será refletido na margem EBITDA do frigorífico, onde esperamos ver uma queda de 9,7 p.p. a/a, chegando a 10,3% no trimestre. Apesar de isso ser uma redução de alta magnitude, ainda é um nível bom quando levamos em conta a média histórica do setor. Estamos em processo de REVISÃO do preço-alvo de Marfrig (MRFG3).