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    Publicado em 14 de Novembro às 07:55:15

    JBS (JBSS3) I Resultado 3T24: O churrasco está servido!

    A JBS divulgou seus resultados ontem, dia 13 de novembro, após fechamento do mercado. A companhia novamente surpreendeu positivamente, entregando resultados ligeiramente acima das previsões nas principais divisões de negócio, superando perspectivas que já eram otimistas.

    A Receita líquida alcançou R$110,5b (+0,5% vs. Genial Est.), acelerando +9,8%t/t e +20,9%a/a. O EBITDA foi de R$11,9b (+13,1% vs. Genial Est), subindo +20,8%t/t e +126,2%a/a, com a margem de 10,8%, expandindo +1p.p t/t e +5p.p a/a. Já no bottom line, a companhia atingiu um Lucro líquido de R$3,8b (-8,8% vs. Genial Est.), ligeiramente abaixo de nossas estimativas, impactado por um aumento nas despesas financeiras, mas indicando um avanço de +124%t/t e um nível +5x maior a/a. Os principais destaques positivos foram Seara, PPC e JBS Brasil, que mais do que compensaram o desempenho negativo da Beef North America e das operações na Austrália, conforme antecipado em nosso relatório de prévia.

    Valuation e recomendação. Diante da sólida execução operacional, e da diversificação geográfica e de proteínas, superando no consolidado os desafios específicos em algumas unidades, reiteramos nossa recomendação de COMPRA, e estamos aumentando nosso Target Price 12M para R$42,00 (vs. R$40,00 anteriormente), indicando um upside de +15,29%. Vamos acompanhar a velocidade da potencial compressão de margens nos próximos resultados para eventuais modificações.

    Principais Destaques

    (i) Beef North America: Resultados ainda pressionados, mas melhores na base sequencial, reflexo da melhor sazonalidade; (ii) USA Pork: Forte desempenho com EBITDA de R$1,3b, impulsionado por aumento de vendas e exportações; (iii) PPC: EBITDA de R$4,3b, com leve compressão de margem, beneficiado por demanda interna e trade down de proteínas; (iv) JBS Austrália: Desempenho fraco, ainda abaixo do esperado, com EBITDA de R$966m e aumento de custos impactando margens; (v) JBS Brasil: Resultados impressionantes, com receita de R$18b e EBITDA de R$2b, devido a repasse de preços e aumento de volume; (vi) Seara: Destaque com receita de R$12,2b e EBITDA de R$2,5b, favorecida por trade down de proteínas e portfólio de maior valor; (vii) Anuncio de distribuição de dividendos e guidance; (viii) Forte geração de FCF de R$5,5b e alavancagem em queda para 2,15x Dívida Líq./EBITDA, mostrando estabilidade financeira; (ix) Casamento do ciclo ruim do gado tanto no Brasil quanto nos EUA; (x) Diante da sólida execução operacional, diante da diversificação geográfica e de proteínas, superando no consolidado os desafios específicos em algumas unidades, reiteramos nossa recomendação de COMPRA, e estamos aumentando nosso Target Price 12M para R$42,00 (vs. R$40,00 anteriormente), indicando um upside de +15,29%.

    JBSS3 Resultado 3T24

    Beef North America: Desempenho ainda pressionado, mas melhor que o esperado.

    Os resultados da Beef North America seguiram pressionados, mas superaram ligeiramente nossas expectativas. A Receita líquida foi de R$35b (+12% t/t; +20,5% a/a), com os números também impulsionados pela depreciação do BRL e volumes mais robustos pela sazonalidade típica do período de verão (barbecue season). O EBITDA ajustado ficou em R$650m, com a margem  alcançando 1,9% (vs. 1,5% Genial Est.), expandindo +1,4p.p t/t e +0,2 p.p a/a.

    O desempenho foi impactado pela demanda mais aquecida no trimestre, que ajudou a mitigar os desafios decorrentes da dinâmica complicada de preços, com o ciclo do gado de baixa disponibilidade pressionando custos de aquisição para abate. Acreditamos ser importante destacar que o ciclo negativo do gado nos EUA parece que irá se movimentar em ritmo lento, mas pelo menos mais progressivo, em direção a menores custos do gado. Projetamos uma virada mais contundente ao final de 2026 e início de 2027. A margem basicamente zerada do trimestre passado começa a ser paulatinamente revertida. O que é um bom sinal.   

    USA Pork: Trade down e sazonalidade guiam aumento de volume.  

    A unidade e negócios focada em suínos nos EUA apresentou resultados sólidos, com EBITDA de R$1,3b (+9,1% t/t; +34% a/a), alinhado com nossas estimativas, com margem de 12,1% (+1p.p t/t; +1,8p.p a/a). O desempenho foi impulsionado por: (i) aumento nas vendas domésticas, beneficiadas pelo trade down de proteínas; (ii) crescimento nas exportações, especialmente para México, Coreia do Sul e Colômbia; (iii) redução nos custos dos grãos; e (iv) efeitos positivos da depreciação da taxa de câmbio BRL/USD para efeitos de conversão na consolidação de resultados.

    PPC: Forte momentum

    A unidade norte americana de aves, Pilgrim’s Pride (PPC), subsidiária da JBS que já havia divulgado seus resultados na temporada de balanços dos EUA, contribuiu com um EBITDA para o consolidado com R$4,3b, resultando em uma margem de 16,9% (-0,3p.p t/t; +6,6p.p a/a), com uma leve compressão . Esse desempenho robusto, principalmente na base anual, foi impulsionado por: (i) desvalorização da taxa de câmbio BRL/USD e (ii) forte demanda do mercado interno, motivado pelo cenário de trade down de proteínas, com os consumidores americanos migrando para proteínas mais baratas em meio ao cenário inflacionário da cesta de consumo de alimentos.

    Nos EUA, a lucratividade melhorou devido à alta demanda, à maior eficiência e à redução dos custos de produção. Destacamos que o portfólio de aves cresceu acima do mercado. No México, apesar dos desafios sazonais que acreditamos que foram os responsáveis pela desaceleração sequencial da margem, a PPC se concentrou em capturar oportunidades de mercado, reforçando parcerias e expandindo produtos de marca própria.

    JBS Austrália: A decepção do trimestre.

    A JBS Austrália registrou um EBITDA de R$966m (-13,7% vs. Genial Est.), com margem de 9,8% (-3,9p.p t/t; +1,2p.p a/a), com números ainda piores frente a desaceleração que já havíamos projetado. O principal fator negativo foi o aumento de +19,8% t/t no custo de aquisição do gado para abate, que levou a uma queda de EBITDA de -17,9% t/t e compressão de margem de -3,9 p.p t/t, que foi parcialmente atenuada pelo benefício da desvalorização da taxa de câmbio BRL/AUD. Julgamos que esse desempenho não só não poderia ser considerado como a decepção do trimestre, como também coloca um sinal de alerta sobre uma reversão mais rápida do ciclo de alta disponibilidade de gado que estávamos vendo até o trimestre passado.

    Como o ciclo do gado nos EUA está ainda muito negativo e estava pressionando o peço de cut out, importadores aumentaram o ímpeto de adquirir carne in natura de países como Brasil e Austrália. Assim como no Brasil, acreditamos que o aumento dos embarques na Austrália destinados à exportação podem estar aumentando de maneira mais intensa o ritmo de abate, reduzindo a oferta de gado que antes era propícia para custos mais baixos.

    JBS Brasil: Continua forte, com elevação de preços e volume.

    A JBS Brasil reportou um desempenho impressionante, superando as nossas expectativas, que já eram positivas. O segmento registrou Receita líquida de R$18b (+16,2% t/t e +25,0% a/a), compondo um EBITDA ajustado de R$2b (+77% t/t; 4x maior a/a). Essa performance robusta indica uma margem de 11,6% (vs. 8% Genial Est.), equivalente a uma expansão de +4p.p t/t e +8,2p.p a/a. Os resultados positivos foram impulsionados por: (i) aumento nos volumes vendidos, tanto no mercado doméstico quanto internacional; (ii) repasses de preços bem-sucedidos, com o varejo alimentar já identificando um aumento de +2,92% a/a em setembro e +8,33% a/a em outubro, no preço médio dos cortes de carne bovina, segundo dados do IBGE, além da (ii) captura de efeitos positivos da depreciação da taxa de câmbio BRL/USD, aumentando a competitividade das exportações e favorecendo os volumes.

    Além disso, embora o preço da arroba do boi tenha subido muito forte nas últimas semanas, identificamos que a alta afetou apenas o último mês do 3T24, colocando o preço médio em ~R$239 no trimestre, um patamar ainda muito decente de custo. Entretanto, temos preocupações enquanto o reflexo do aumento do custo do gado para os próximos trimestres, diante do preço da arroba ter chegado a uma elevação de +50% em 5 meses.

    Seara: Galinha dos ovos de ouro.

    Acreditamos que a Seara foi a galinha dos ovos de ouro, registrando uma Receita líquida de R$12,2b (+4,9%t/t e +19,2% a/a), com um EBITDA de R$2,5b (+26,7% t/t; 4,5x maior a/a), com margem marcando 21%, uma expansão agressiva de +3,6p.p t/t e 15,5p.p a/a, com um forte destaque para a categoria dos in natura. Os números surpreendentes foram motivados por (i) trade down dos consumidores em buscas de proteínas mais baratas, diante do aumento dos preços da carne bovina, conforme já comentamos, (ii) forte demanda global para exportação, e (iii) ampliação do portfólio de maior valor agregado da companhia, com a venda dos produtos preparados.

    Nossa visão e recomendação

    Distribuição de dividendos extraordinários e revisão para cima no guidance.

    A JBS divulgou duas atualizações importantes: (i) A distribuição de R$2,22b de pagamento de dividendos, correspondente a R$1,00/ação, e um yield de 2,7%. No último mês, em outubro, a companhia já havia distribuído R$4,4b em dividendos. (ii) Guidance para o 2024E de Receita líquida de R$411,8b e um EBITDA de R$37b – R$38b, números bem acima das nossas estimativas e do consenso do mercado, com base, segundo a companhia, da performance operacional atual.

    Geração de FCF continua forte!  

    O gasto com CAPEX foi de R$1,78b, uma leve retração t/t e a/a, suportando uma geração de fluxo de caixa (FCF) de R$5,5b (+12% vs. Genial Est.), encerrando o trimestre com R$46,9b em disponibilidades. Com a forte expansão  EBITDA a/a e uma retração da dívida líquida do período, a alavancagem da companhia caiu para 2,15x Dívida Líq./EBITDA em USD (vs. 2,77x no 2T24). Enfatizamos que o ritmo de desalavancagem da companhia tem sido mais rápido do que o antecipado por nós.  

    Ciclo negativo tanto no BR quanto USA é um ponto de alerta.

    ciclo negativo nos EUA levou a uma queda de margem de 9,4% em 2022 para 1,5% no 2T24, com as projeções de mercado indicando que esse ciclo adverso deve perdurar até ~2T27, uma vez que os rebanhos estão demorando mais que o esperado para serem repostos. No entanto, a tese de diversificação da JBS tem se mostrado eficaz ao mitigar esses resultados, refletindo nos números robustos apresentados no trimestre passado.

    Entretanto, a antecipação da reversão do ciclo no Brasil nos preocupa, com o preço do gado atingindo uma máxima histórica de R$334 a arroba nessa semana (vs. ~R$239 de média no 2T24). Essa mudança foi impulsionada por (i) um inverno excepcionalmente mais seco, o que fez com que os pecuaristas mantivessem mais os animais no pasto nesse 2S24, retirando-os do pipeline de abate e contribuindo para uma redução de oferta, e (ii) recordes de exportações, que contribuíram para uma alta de ~53% nos preços desde junho.

    O churrasco está servido, aproveite logo!

    Consolidando números em geral acima das expectativas, a JBS mais uma vez provou a capacidade de execução e a força da tese de diversificação, tanto de regiões geográficas como de diferentes proteínas no portifólio. Ainda assim, recomendamos “comer o churrasco” logo, enquanto a carne ainda está quente. Ou seja, sugerimos aos investidores que aproveitem a consolidação dos números acima das expectativas e surfem o momentum positivo de apreciação das ações o quanto antes, uma vez que levantamos dúvidas sobre a capacidade de sustentação de margens tão agressivas, principalmente para a Friboi na JBS Brasil, diante da reversão do ciclo do gado.  

    Considerando que a carne bovina historicamente apresenta baixa elasticidade de demanda, com aumentos de preços levando os consumidores a migrarem para proteínas mais acessíveis (trade down), não esperamos que esses repasses que vimos acontecer em setembro e outubro se sustentem de maneira tão enfática ano que vem, o que pode impactar negativamente as margens da companhia em 2025E. Por enquanto, nos alinhamos ao discurso que a diversificação irá promover uma neutralidade nas margens, mas teremos que acompanhar ao longo de 2025 potenciais sinais de contração mais agressivos que possam surgir do desempenho.

    Reiteramos nossa recomendação de COMPRA, e estamos aumentando nosso Target Price 12M para R$42,00 (vs. R$40,00 anteriormente), indicando um upside de +15,29%. Vamos acompanhar a velocidade da possível compressão de margens nos próximos resultados para eventuais modificações.

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