A JBS irá divulgar seus resultados do 3T24 no dia 13 de novembro após o fechamento de mercado. Esperamos mais um trimestre forte, com continuidade das tendências positivas já observadas no 2T24 sendo levemente reforçadas por (i) Desempenho ainda mais forte de JBS Brasil e Seara, e (ii) Depreciação da taxa de câmbio BRL/USD (-6,3%t/t). Com isso, esperamos um aumento de receita tanto a/a quanto t/t, com leve contração na margem EBITDA de -0.2p.p t/t.
No 3T24, estimamos uma receita líquida total de R$109b Genial Est (+9,2% t/t; +20,2% a/a). Projetamos um EBITDA de R$10,5b Genial Est., com avanço de +6,9% t/t e +100,1% a/a, representando uma expansão de +3,7p.p. a/a na margem EBITDA, que deve atingir, assim, 9,6%. Já no botton line, projetamos um lucro líquido, R$4,2b Genial Est, refletindo uma expansão de +2.1p.p t/t e +3.2p.p a/a na margem líquida
Valuation e rating. Apesar da combinação de ciclos negativos nos EUA e agora no Brasil, diferente da Minerva, que tem exposição de quase 70% ao ciclo brasileiro- motivando nosso downgrade– vemos que a JBS, neste momento, se beneficia de sua estratégia bem sucedida de diversificação geográfica e de portfólio. Assim, mesmo com ciclos negativos em ambos os locais, acreditamos que, por ora, a JBS deve se manter resiliente. Ficaremos atentos a possíveis impactos de compressão nas margens consolidadas, caso a PPC e a Seara não compensem futuramente a retração nos resultados da Friboi e da JBS Beef North America.
Com o valuation mais atrativo do segmento de frigoríficos, reiteramos nossa recomendação de COMPRA, diante do nosso Target Price 12M de R$40,00,indicando um upside de +12,04%.Vamos acompanhar a velocidade da descompressão de margens nos próximos resultados para eventuais modificações.
JBSS3 Prévia 3T24
Beef North America segue com margens pressionadas.
A sazonalidade favorável do início do verão (barbecue season) deve contribuir para uma leve alta nos volumes. No entanto, o ciclo do gado nos EUA, com baixa disponibilidade e altos custos, continua a comprimir as margens dos frigoríficos. Projetamos um EBITDA ajustado de R$126m Genial Est. para o segmento, com margem de 1,5% (vs. 9,4% em 2022, durante o alto ciclo), refletindo uma retração de -1,5 p.p. t/t.
JBS USA Pork deve apresentar trimestre sólido.
Esperamos que a JBS USA Pork continue apresentando resultados sólidos no 3T24, com EBITDA de R$1,4b Genial Est., (+13% t/t) impulsionado por (i) demanda favorável por carne suína devido ao trade down de proteínas e (ii) redução nos custos de grãos. Com ligeira queda na margem em USD sendo compensada pela desvalorização do BRL.
PPC com desempenho sólido já divulgado.
Os resultados da americana Pulgrim’s Pride Corporation (PPC) foram divulgados dia 28 de outubro. O desempenho foi sólido, embora ligeiramente abaixo das expectativas, motivado pela forte demanda com o trade down de proteínas e pelos preços favoráveis de grãos, compensando o impacto negativo das operações no México. A receita líquida foi marcada em US$4,6b e o EBITDA ajustado em US$660m, representando uma margem de 14,4%, flat t/t, o que deve se traduzir em uma contribuição de EBITDA de ~R$1,4b para a JBS.
JBS Austrália com leve desaceleração.
Projetamos uma leve desaceleração nas operações da Austrália. Se por um lado, vemos as operações sendo afetadas pelos preços mais altos do cordeiro e do gado, aumentando o custo de aquisição para o abate. Ainda não consideramos um aumento significativo para julgarmos que há uma reversão de ciclo. Do lado positivo, a tendência é observarmos uma recuperação nos preços de exportação. Estimamos um EBITDA de R$1,1b, flat t/t, com leve expansão de margem em BRL para o segmento.
JBS Brasil: Hoje está performando, amanhã deve piorar…
Esperamos resultados fortes para a JBS Brasil no 3T24, com nossas projeções indicando para uma receita líquida de R$16,7b Genial Est. (+7,4% t/t) e EBITDA de R$1,3b Genial Est., refletindo uma margem de 8% (+0,4p.p. t/t; +4,6p.p. a/a). Isso deve ser impulsionado por (i) demanda sólida no mercado doméstico, favorecida pela sazonalidade favorável típica do 3T; (ii) Forte demanda de exportações, impulsionada principalmente pela China com antecipação do ano novo chinês para janeiro/25, com depreciação do BRL impulsionando e (iii) Baixos preços do gado no consolidado do 3T24 (~R$239 na média trimestral).
No entanto, os ventos favoráveis de hoje, não devem soprar amanhã. Já no 4T24, os resultados de JBS Brasil serão impactados pelo aumento nos preços do gado, que já alcançaram a máxima dos últimos 10 anos em R$335 a arroba nesta última semana (vs. ~R$215 no low da curva deste ciclo em junho), com nossas estimativas indicando uma média de ~R$330Genial Est. para25E, trazendo perspectivas desafiadoras para o próximo ano.
Forte momentum para Seara.
Esperamos uma forte performance da unidade impulsionada pelo momentum positivo de aves com (i) forte demanda no mercado doméstico, favorável ao aumento de preços e (ii) baixos preços dos grãos. Isso deverá resultar em um EBITDA para o segmento de R$2,1b, com uma expansão de margem de +13,68p.p t/t.
Nossa visão e recomendação
Execução na dupla listagem está lenta.
O processo de listagem primária das ações da JBS na Bolsa de Nova York (NYSE) está muito mais lento do que o prometido pela companhia, devido a (i) burocracia adicional de documentações e (ii) verificações para garantias de liquidez (já que a ADR possui um ADTV baixo). Além disso, vemos alguns contratempos para (iii) autorização pela Securuties Exchange Commission (SEC), que está sendo pressionada pela forte oposição de grupos ambientais e legisladores, que exigem uma maior transparência da companhia em relação aos seus impactos ambientais.
Acreditamos que a listagem na NYSE é um passo importante para atrair uma base mais ampla de investidores e reduzir o custo de capital para futuras aquisições nos EUA. Isso também reduziria a distância ente as métricas de valuation com uma dinâmica mais equivalente com seus peers internacionais, entre eles a Tyson Foods. Esperávamos que a conclusão saísse até o final desse ano, o que provavelmente não irá ocorrer.
Riscos potencial: Participação do BNDES.
Vemos entre os riscos para uma desvalorização das ações à possível venda de participação detida pelo BNDES. Hoje a fatia representa 21% das ações da JBS. Essa venda potencial, já muito mencionada em rumores de mercado, poderia aumentar a volatilidade devido ao excesso de oferta de ações a serem despejados no mercado secundário. Esse cenário reforça nossa preocupação com o pequeno free float da JBS de ~30% do capital, fator que pode ser entendido pelos acionistas minoritários como um risco potencial.
Ciclo negativo tanto no BR quanto USA é um ponto de alerta.
O ciclo negativo nos EUA levou a uma queda de margem de 9,4% em 2022 para 1,5% no 2T24, com as projeções de mercado indicando que esse ciclo adverso deve perdurar até ~2T27, uma vez que os rebanhos estão demorando mais que o esperado para serem repostos. No entanto, a tese de diversificação da JBS tem se mostrado eficaz ao mitigar esses resultados, refletindo nos números robustos apresentados no trimestre passado.
Entretanto, a antecipação da reversão do ciclo no Brasil nos preocupa, com o preço do gado atingindo uma máxima histórica de R$334 a arroba nessa semana (vs. ~R$239 de média no 2T24). Essa mudança foi impulsionada por (i) um inverno excepcionalmente mais seco, o que fez com que os pecuaristas mantivessem mais os animais no pasto nesse 2S24, retirando-os do pipelinede abate e contribuindo para uma redução de oferta, e (ii) recordes de exportações, que contribuíram para uma alta de ~53% nos preços desde junho.
Carne está quente hoje, mas pode esfriar amanhã.
Os dados de inflação medidos pelo IBGE indicam avanço expresivo nos preços dos cortes de carne vermelha em +5,81% m/m em outubro, o que sugere alguma capacidade de repasse do custo do gado mais caro pelos frigoríficos no 4T24, proporcionando algum alívio para as margens no trimestre mesmo com o custo de aquisição do gado para abate subindo +50% em 5M.
No entanto, considerando que a carne historicamente apresenta baixa elasticidade de demanda, com aumentos de preços levando os consumidores a migrarem para proteínas mais acessíveis (trade down), não esperamos que esses repasses se sustentem, o que pode impactar negativamente as margens da companhia em 2025E. Por enquanto, nos alinhamos ao discurso que a diversificação irá promover uma neutralidade nas margens, mas teremos que acompanhar ao longo de 2025 potenciais sinais de contração mais agressivos que possam surgir do desempenho.
Com o valuation mais atrativo do segmento de frigoríficos, reiteramos nossa recomendação de COMPRA, diante do nosso Target Price 12M de R$40,00,indicando um upside de +12,04%.Vamos acompanhar a velocidade da descompressão de margens nos próximos resultados para eventuais modificações.