Neste relatório comentaremos nossas expectativas para os resultados da JSL referentes ao 1T24, que serão divulgados no dia 07 de maio de 2024, após o fechamento do mercado. Mesmo sendo um trimestre sazonalmente mais fraco que o 4T23, esperamos números mistos para JSL no 1T24. Nossas expectativas apontam para uma leve redução de receita e queda de margem EBITDA em relação ao trimestre anterior. Na base anual, a consolidação dos números de IC e FSJ, que não contribuíram no 1T23, impulsionam o crescimento de receita frente e lucro líquido.
Do lado positivo, o trimestre deve marcar a retomada do crescimento orgânico mais acentuado, devido à consolidação de novos contratos. Durante a divulgação de resultados do 4T23, a empresa chegou a mencionar que a FSJ, já estava se beneficiando, apresentando um crescimento de 50% após ser incorporada ao grupo. Esse movimento é similar ao experimentado por Fadel, TPC e Marvel. Além disso, esperamos uma importante melhora no lucro líquido frente ao mesmo período do ano passado, impulsionado pela redução do custo médio da dívida e queda da Selic.
Do lado negativo, acreditamos que a incorporação da IC Transportes nos resultados pode trazer surpresas negativas além do esperado. Assim como mencionamos em nossa última atualização para 2024 a empresa opera com margens substancialmente menores que as da JSL, especialmente no Asset-light dado seu modelo de operação. Portanto, a contribuição da adquirida já impactaria as margens consolidadas. Adicionalmente, temos visto o setor agrícola enfrentando um ano difícil. Dada a exposição da IC ao segmento, podemos observar uma queda na demanda por transporte rodoviário de grãos. Dada a natureza dos contratos, o segmento rodoviário geralmente é o primeiro a sentir os efeitos de uma desaceleração.
No segundo semestre, além da sazonalidade favorável termos a consolidação de contratos importantes. Um exemplo é o projeto Cerrado da Suzano, que aumentará substancialmente os volumes. Seguimos com nossa recomendação de COMPRA e preço-alvo de R$ 20,00.
Sazonalidade impacta negativamente os volumes
Esperamos que a empresa apresente uma desaceleração frente aos bons números do 4T23. O primeiro trimestre é tipicamente mais fraco em comparação com o quarto trimestre. Os dados de tráfego de veículos comerciais em rodovias, fornecidos pela ANTT, refletem bem essa sazonalidade negativa do primeiro trimestre. Importante ressaltar que ainda não foram disponibilizados os dados do 1T24, mas esperamos que a regra se mantenha.
A sazonalidade, embora mitigada pela diversificação de setores entre a base de clientes da JSL, deve influenciar nos números em 2024. Setores como químico e florestal demonstram maior estabilidade e ajudam a equilibrar as flutuações sazonais, proporcionando uma base mais estável de receita durante períodos tradicionalmente mais lentos. No entanto, a maior parte dos clientes da JSL experimenta uma aceleração significativa na segunda metade do ano. No setor automotivo, por exemplo, apesar de um crescimento nas vendas em comparação com o primeiro trimestre de 2023, observou-se uma redução significativa em relação ao quarto trimestre de 2023, com uma queda de 26,4% no volume de vendas. Este padrão destaca a intensidade da sazonalidade nesse segmento, que aumenta sua produção notavelmente no final do ano. Outros setores como, alimentos e bebidas ou cosméticos, também se preparam para aumentar significativamente suas atividades em resposta às demandas das festas de fim de ano.
Margens mais fracas.
Mais uma vez observamos durante o trimestre os principais custos relacionados ao setor de logística estáveis. Nosso índice de custos aponta para uma queda de cerca de 1% nos custos. Nele, ponderamos os principais custos com Diesel, peças, pneus e lubrificantes atribuindo pesos similares à composição do COGS da JSL. Se os insumos indicam um cenário favorável, na outra mão, a consolidação dos números da IC contribui de maneira negativa para as margens consolidadas no 1T24.
Dinâmicas distintas na consolidação das adquiridas
Observando o que tem acontecidos nos setores aos quais a JSL está exporta, acreditamos que FSJ e IC vivem momentos completamente distintos. Do lado positivo está FSJ, que foi mencionada durante a divulgação de resultados do 4T23. Na ocasião, a empresa comentou que a adquirida já apresentava cerca de 50% de crescimento na receita anualizada após ser incorporada ao grupo. Isso nos dá a entender que a FSJ deve seguir o mesmo caminho traçado por Fadel, TPC e Marvel, se beneficiando do ecossistema da controladora para o ganho de escala e de poder de negociação.
Do lado negativo, muito provavelmente estará a IC Transportes. Dado sua alta exposição ao agronegócio. Acreditamos que a empresa poderá ser fortemente impactada ao longo de 2024. A empresa opera com margens substancialmente menores que as da JSL, no Asset-light, dado seu modelo de negócio. Nesse segmento as empresas geralmente autam por meio de subcontratação de autônomos e terceiros sem fornecer o implemento, o que tipicamente resulta em margens mais baixas em comparação com as operações mais integradas da JSL.
Esse segmento representa 70% das receitas da companhia. Com os desafios persistentes no setor agrícola, temos visto a demanda por transporte rodoviário sendo impactada negativamente. O rodoviário, é geralmente o primeiro a sentir os efeitos de uma desaceleração em regiões atendidas pela ferrovias, justamente pelo modelo de contratação. Esse efeito pode impactar as margens e a expansão da receita líquida em 2024.
Consolidado
Por fim, relembramos que no começo do ano, a empresa concluiu a emissão de um CRA a uma taxa de CDI + 0,97% no valor de R$ 1,7 bilhão. Esse recurso, deve ser destinado para pré-pagar as dívidas mais caras da empresa. Portanto, existe uma melhora contratada no resultado financeiro da Companhia independentemente da queda da Selic.
Dessa forma, somando efeitos sazonais, diversificação da base de clientes e crescimento orgânico, projetamos uma leve queda da receita líquida no 1T24. Estimamos uma receita líquida consolidada de R$ 2,1 bilhões (+34,4% a/a e -2,8% t/t) e um EBITDA de R$ 392 milhões (+28,2% a/a e -5,6% t/t), uma margem EBITDA de 18,7% (-0,9pp a/a e -0,6pp t/t) com um lucro líquido de R$ 31 milhões (+14,8% a/a e -57,8% t/t). Lembramos que, conforme anunciado no 4T23, não teremos mais créditos de subvenção de ICMS em 2024. Em 2023, esse efeito benefício gerou impacto positivo em R$72 milhões no lucro líquido.