No dia 06 de novembro de 2024, quarta-feira, após o fechamento do mercado a JSL divulgará seus resultados referentes ao 3T24 e nossas expectativas são positivas. Esperamos uma aceleração do crescimento de receita, enquanto as margens operacionais e líquidas devem mostrar recuperação, contribuindo positivamente para a retomada da geração de caixa.
Embora o 2T24 tenha frustrado o mercado, na nossa visão, o trimestre foi marcado por ajustes importantes, com a companhia reduzindo o custo médio das dívidas após o pré-pagamento de R$ 1 bilhão após a emissão de R$ 1,75 bilhão de um CRA em fevereiro com custo médio de CDI + 0,97%. O efeito não recorrente relacionado ao CRA gerou uma certa ineficiência na estrutura de capital, ligada ao prazo para pré-pagamento. Esse processo foi concluído ao final do 2T24, e projetamos que ele traga um efeito positivo para as margens neste trimestre. Outro fator que pressionou as margens foi a concentração de grandes implantações em um único trimestre, que causou uma queima de caixa inesperada. Porém, esse alto volume de investimentos foi destinado a implementações, que já entram em operação no 3T24, especialmente os contratos do projeto Cerrado e contratos de armazenagem da TPC.
Esses dois fatores atípicos causaram impactos negativos nas margens, contudo, para o 3T24, acreditamos que a sazonalidade mais favorável contribua para um desempenho mais estável e dentro da expectativa para 2024. Esperamos que essas iniciativas aliviem a pressão dos custos fixos e comecem a impactar positivamente os resultados. Além disso, a estrutura de capital mais adequada e custo da dívida menor devem se refletir em uma redução do resultado financeiro e expansão da margem líquida no 3T24.
Nos últimos três meses, as ações de JSLG3 sofreram uma forte queda, influenciada pelo 2T24 apático, pela abertura da curva de juros no Brasil. Achamos a queda exagerada, agravada pela menor liquidez dos papéis. O 3T24 pode ser um ponto de inflexão, com a retomada de geração de caixa sem renunciar a crescimento. Mantemos a recomendação de COMPRA, revisando nosso preço-alvo de R$ 18,00 para R$ 14,00.
Margens voltam a subir após as implementações
Nossa expectativa geral para os resultados do 3T24 é positiva, com foco em uma recuperação de margens e crescimento de receita, impulsionados pela entrada em operação de novos contratos importantes, como o Projeto Cerrado. Também temos um tom de otimismo em relação à retomada geração de caixa rumo à desalavancagem.
Para o 3T24, estimamos uma receita líquida de R$ 2,369 bilhões (+17,9% a/a e +10,6% /t), impulsionada por serviços, que somam R$ 2,295 bilhões (+18,1% a/a e +10,7% t/t). A venda de ativos deve totalizar R$ 75 milhões (+11,2% a/a e +7,7% t/t). O crescimento acima de 15% é justificado, em parte, pelo efeito de consolidação da FSJ. Ainda que seja um faturamento modesto no em relação a figura consolidada, vem apresentando um ritmo de crescimento acelerado. Também esperamos que a IC mantenha a trajetória de ajuste observada no 2T24, dado que a empresa vem optando por reduzir as operações no setor agrícola, principalmente no transporte de grãos.
Em relação às margens operacionais, esperamos que a margem EBITDA consolidada se mantenha em linha com a apresentada no 3T23. No entanto, temos uma perspectiva mais positiva para a margem líquida, que deve se beneficiar da redução no custo da dívida. Na comparação anual, a margem líquida é beneficiada pela menor pressão financeira com o ajuste da Selic. O EBITDA ajustado é projetado em R$ 461 milhões (+17,3% a/a e +15,7% t/t), com uma margem EBITDA ajustada de 19,5%, praticamente estável (-0,1pp a/a e +0,9pp t/t). Esperamos um lucro líquido ajustado de R$ 66 milhões (+13,9% a/a e +100,1% t/t), com uma margem líquida ajustada de 2,8% (-0,1pp a/a e +1,2pp t/t).
Projeto Cerrado em ramp-up…
No segmento Asset-Light, esperamos uma receita líquida de R$ 1,307 bilhões (+24,0% a/a e +18,9% t/t), com EBITDA de R$ 236 milhões (+30,5% a/a e +29,4% t/t). A margem EBITDA de 18,8% (+1,7pp a/a e+2,2pp t/t) é beneficiada pela entrada de novos contratos em operação, em especial o Projeto Cerrado, da Suzano, que deve contribuir para o crescimento, especialmente no segmento de operações dedicadas. A leve recuperação nas margens do segmento é beneficiada pela estabilidade das operações e sazonalidade favorável. Além disso, a divisão deve ser impulsionada principalmente pelo aumento na movimentação de carga automotiva. O setor automotivo apresentou resultados forte volume de vendas no 3T24. Nos setores ligados a alimentos e bebidas, novos contratos devem ajudar no crescimento orgânico apesar de uma demanda um pouco mais fraca em no período.
Já no Asset-Heavy, a receita líquida do segmento deve atingir R$ 1,062 bilhões (+6,0% a/a e +5,1% t/t), enquanto o EBITDA esperado é de R$ 225 milhões, mostrando crescimento moderado (+6,0% a/a e +5,1% t/t). A margem EBITDA deve alcançar 20,2%, com leve retração em relação ao ano anterior (-2,0pp a/a e -0,4pp t/t), refletindo uma composição de contratos mais madura e menor representatividade de novas implantações. As margens devem ser ligeiramente menores relação ao trimestre anterior. A mineração segue com menor crescimento em novos contratos, possivelmente perdendo representatividade dentro do portfólio. No entanto, setores como bens de consumo e florestal têm mostrado resiliência. A falta de novas grandes implantações neste trimestre também contribui para um Capex menor, o que deve beneficiar a geração de caixa.
Revisando receita para baixo em 2024. Lucro segue o mesmo!
Estamos revisando nossas estimativas de receita líquida para o ano devido a dois fatores principais. Primeiro, a redução da receita líquida da IC após a aquisição, como parte da estratégia da companhia de diminuir sua exposição no setor agrícola. Em nossas projeções, embora a margem tenha melhorado, a IC agora opera com 20% menos receita em relação ao período da aquisição. Em segundo, uma receita líquida de venda de ativos inferior às expectativas, alcançando apenas metade do que havíamos projetado. Inicialmente, estimávamos R$ 600 milhões, mas a empresa deve atingir no máximo R$ 300 milhões. Em termos de alavancagem, projetamos um índice de Dívida Líquida/EBITDA entre 2,8x e 2,9x para o fechamento do ano.
Além disso, a revisão de nosso preço-alvo de R$ 18,00 para R$ 14,00 reflete o impacto das mudanças no cenário de juros futuros, que implicam em uma taxa de desconto maior para a companhia, reduzindo o valor presente dos fluxos de caixa projetados e, consequentemente, o preço-alvo. A combinação das revisões nas expectativas de crescimento de receita e ativos, somada ao impacto da taxa de desconto maior, foi determinante para a queda do nosso preço-alvo.
Dados setoriais indicam melhora no 3T24
No 3T24, o desempenho da JSL deve ser beneficiado principalmente pelos setores automotivo e florestal. O setor automotivo, atingiu volumes recordes e deve trazer impacto positivo para o resultado das operações de intralogística para montadoras, impulsionando o segmento Light. No 3T24, o total de unidades vendidas alcançou 521 mil, superando os trimestres anteriores e evidenciando uma retomada robusta na demanda do setor. Quando analisamos o acumulado de janeiro a setembro ao longo dos últimos três anos, fica evidente o crescimento constante: enquanto 2021 registrou 1,16 milhão de unidades e 2023 fechou com 1,21 milhão, 2024 já acumula 1,37 milhão de veículos vendidos.
O segmento de Alimentos e bebidas, apesar da baixa sazonalidade, parece apresentar bons níveis de volume. No 3T24, a Ambev registrou um aumento de 5% no volume de vendas, impulsionado pela alta demanda por cervejas premium e bebidas não alcoólicas. Paralelamente, o setor de supermercados no Brasil apresentou um crescimento de 3% nas vendas, refletindo o aumento do consumo de alimentos e bebidas. Nos segmentos ligados a commodities, o grande destaque deve ser setor florestal. No trimestre, a Suzano iniciou a operação do Projeto Cerrado, uma nova planta de celulose que irá aumentar seus volumes de produção. No período, a empresa registrou, um incremento de 1,5% no volume de celulose vendida, uma capacidade adicional trazida pelo justamente pelo Projeto Cerrado, que ainda em fase inicial de ramp-up. A JSL, responsável pela logística dedicada ao projeto, beneficia diretamente com o crescimento gradual dos volumes de celulose produzidos, impactando positivamente nos resultados da empresa em operações dedicadas.
Do lado dos custos relacionados ao setor de logística, observamos uma leve alta durante o trimestre. Nosso índice de custos aponta para uma alta de cerca de 0,6% nos custos. Nele, ponderamos os principais custos com Diesel, peças, pneus e lubrificantes atribuindo pesos similares à composição do COGS da JSL.