JSL irá divulgar seus resultados relativos ao 3T23 no dia 08 de novembro, após o fechamento de mercado. Ao longo desse relatório, dissertaremos sobre nossas expectativas com relação aos resultados e perspectivas futuras da companhia.
De maneira geral, o trimestre deve ser positivo. Esperamos um crescimento modesto de receita, com ganhos de margem principalmente por conta da integralização das operações da IC Transportes, companhia adquirida durante o 2T23, e que por sua vez possui espaços consideráveis para otimizações e melhorias de margem.
Olhando para os custos, podemos ter algum efeito negativo pontual no que diz respeito ao combustível, visto que tivemos uma escalada de preços considerável durante o trimestre. No entanto, destacamos que caso ocorra, o efeito deve ser pontual e corrigido nos próximos resultados. Explicaremos com mais detalhes ao longo do relatório.
Olhando para os próximos resultados, esperamos que JSL continue apresentando ganhos de sinergia provenientes das aquisições de IC Transportes e FSJ Logística. Além disso, acreditamos que o processo de queda de juros pode reaquecer alguns setores como os de bens de consumo e automotivo. A IC Transportes contribui totalmente com os resultados do trimestre, já a aquisição da FSJ Logística, operação consideravelmente menor, contribui apenas com o mês de setembro.
Para o 3T23, estimamos uma receita líquida consolidada de R$ 1,9 bilhões (+19% a/a e +5,1% t/t), com um EBITDA de R$ 384 milhões (+28,6% a/a e +7,2% t/t) e um lucro líquido de R$ 36 milhões (-3,8% a/a e -13% t/t).
Reiteramos nossa recomendação de COMPRA para JSL (JSLG3) com preço alvo de R$ 12,00.
Contratos mais fortes e atividade puxam o faturamento
O 3T23 deve ser mais um trimestre positivo para o setor de transportes, com vários eventos contribuindo positivamente para o segmento. Entre eles, destacamos o volume excepcional de veículos transportados em julho, impulsionado por incentivos à indústria automobilística e pelo aumento dos volumes em empresas exportadoras, tanto no segmento florestal quanto em mineração. Com isso, antecipamos mais um trimestre de crescimento para o setor. Além disso, a elevada circulação de veículos comerciais em praças de pedágio, que atingiu níveis recordes de volume em julho, reforça nossa perspectiva otimista para o segmento.
Olhando especificamente para JSL, esperamos ganhos de receita no trimestre, tanto pela boa dinâmica no setor, quanto pela bom poder de precificação da companhia. Esperamos que a precificação assertiva dos novos contratos, mantenham os níveis de rentabilidade.
Custos com Diesel serão um problema?
Mesmo com a inflação do combustível chegando a se aproximar de 20% durante o terceiro trimestre do ano, acreditamos que ela não deverá ser um problema.
No segmento Asset-light, o impacto é indireto e atinge tanto a ponta do caminhoneiro, quanto a do próprio cliente. Isto é, com o aumento no preço do diesel, o agregado passa a exigir maior rentabilidade pelo serviço, custo esse repassado pela JSL para o seu cliente na ponta final, o que no final das contas não gera problemas de rentabilidade para a companhia.
No entanto, o problema pontual mencionado no início do relatório pode se dar devido a uma defasagem no repasse. Ou seja, a JSL aumenta seus gastos com terceiros enquanto seu contrato com seu cliente ainda não foi prontamente reprecificado. Com isso, visto que o efeito de aumento no preço dos combustível se deu de forma relativamente rápida, uma possível defasagem nos repasses pode prejudicar minimamente suas margens no segmento Asset-light. No entanto, ressaltamos que caso ocorra, o efeito deve ser pontual e corrigido já nos próximos resultados.
Já no segmento Asset-heavy, o impacto deve ser mínimo, dado que na maioria das operações, o cliente é o fornecedor do combustível.
O que esperar para 2024?
Conversando com diversas empresas do segmento logístico, obtivemos algumas informações sobre a atuação da JSL, que tem demonstrado grande diligência em relação aos seus contratos. A empresa está encerrando ou não renovando os contratos que não apresentavam a rentabilidade desejada, essa abordagem criteriosa ajuda na sustentação das margens no longo prazo.
Além disso, as recentes aquisições realizadas pela JSL são catalisadores importantes de crescimento. Elas não apenas proporcionam uma otimização de custos e diluição de despesas operacionais, mas também potencializam a competitividade das empresas adquiridas, especialmente em disputas por novos clientes ou novas operações. Atualmente, enxergamos a JSL posicionada de maneira estratégica em um setor ainda bastante fragmentado, permitindo que a empresa avance com seu processo de consolidação.
Para o próximo ano, estimamos que a JSL atingirá algo próximo a 1% de market-share, em um mercado total estimado de R$ 1 trilhão. Apesar de, inicialmente, essa participação de mercado parecer modesta, a JSL mantém sua posição como líder no setor de logística brasileiro. Em mercados mais maduros, observa-se que a participação do líder de mercado chega a aproximadamente 7%, um indicativo de que há um longo caminho a ser percorrido no cenário nacional.
A companhia ainda negocia a um múltiplo descontado. Segundo nossas estimativas, 4,9x EV/EBITDA para o ano de 2024, número que consideramos atrativo quando comparado a sua média histórica, que se aproxima de 10x. Seguimos com recomendação de COMPRA.